Por que estou sentindo dor na coluna?
É a primeira coisa que me pergunto ao sentir a pontada na lombar, abrindo os olhos em seguida e notando o breu à minha volta. Esfrego o rosto e puxo na memória os últimos acontecimentos.
Estou em um sofá razoavelmente macio, coberto por um lençol com cheiro de amaciante floral e almofadas que fiz de travesseiro. A última lembrança que tenho é do rosto de Conrad Carter sentado à minha frente, em posição de buda no tapete, depois de me fazer diversos questionamentos.
Não acredito que estou mesmo na casa de Carter e desabafei com ele, acreditando que manterá aquela boca inconveniente fechada... Você é uma tola, Olivia!
— Droga! — reclamo em um murmúrio.
Preciso voltar para casa urgentemente. Violet provavelmente deve estar enlouquecida, quase colocando a polícia atrás de mim. Não posso me esquecer de Damon... O que ele deve estar pensando de mim?
Me levanto, ignorando tudo o que falei para o loiro e por ter simplesmente fugido do meu namorado, da minha irmã e até do meu médico, na tentativa de não me martirizar por mais uma situação além de estar com um aneurisma e precisar operar. Tateio o sofá à procura do meu celular, por não sentir nada em meu bolso, e entro em desespero por não encontrar o vidro do remédio.
— Custou 20 dólares da minha carteira... Carter! — lembro que ele pegou o potinho laranja da minha mão.
Religo o telefone, recebendo uma enxurrada de notificações, e ligo a lanterna. Dei uma olhada na hora e me assustei ainda mais com o horário. Exatamente quatro da manhã. Respiro fundo e me controlo, indo dobrar o lençol. Arrumo o sofá com as almofadas devidamente no lugar e me alongo rapidamente, precisando destravar a coluna e sentindo todos os meus ossos estalarem. Começo a passar meus olhos pela sala e não encontro o que desejo. Me amaldiçoo no instante em que decido subir as escadas, procurando com cautela e em passos silenciosos o quarto do loiro, e deduzo ter encontrado quando vejo uma porta entreaberta. Empurro a porta de madeira com cuidado, tentando ser o mais silenciosa possível, agradecendo por ela não ranger. A lanterna ilumina suas pernas, mostrando uma calça de moletom na cor vinho, assim como sua bunda coberta e as costas completamente nuas. Tem um ventilador de teto funcionando a todo vapor e um ar condicionado ligado na parede lateral à sua esquerda, porém não gelando muito.
Me aproximo vagarosamente, iluminando cada canto do quarto, tomando certo cuidado para não colocar a lanterna em seu rosto sem querer e acabar acordando-o. Encontro o vidro laranja em uma mesa de estudos, junto a um notebook com a tampa levantada. Seu celular também está ao lado, assim como a carteira e a chave de seu Jeep. O quarto está organizado e travo no exato momento em que ouço um ruído, olhando para o lado e vendo Conrad se remexendo, trocando de posição no colchão. É inevitável não apontar a lanterna para ele quando viro o corpo por ter me assustado. Faço uma careta por vê-lo tão relaxado, agora com a barriga para cima, o peitoral totalmente despido e com alguns fios de cabelo loiros caídos na lateral de seu rosto. Ele não tem um tanquinho, mas é definido e tão bonito quanto.
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A GAROTA QUE PREVÊ O FUTURO
RomanceOlivia Bennet possuía algo incomum, totalmente diferente de todas as pessoas que conhecia à sua volta. Não havia médico, padre, pastor ou curandeiro que conseguisse explicar sua condição. Fora tratada por medicamentos e diversos exames neurais para...