Ao chegar no térreo, caminho até o estacionamento do hospital para encontrar o carro de Violet. Encontro minha irmã ouvindo uma música estranha e posso jurar que é ópera, enquanto aproveitava a solidão para desenhar algum trabalho da faculdade. A estrela da turma realmente estava empenhada, já eu certamente aproveitaria o tempo livre para tirar um cochilo, que, aliás, estava precisando urgentemente. Não sentia tanto o efeito dos remédios como mais cedo. Toda a leveza e cansaço estavam diminuindo, e nenhuma dor de cabeça me incomodou até então.
Apoio-me na janela, observando-a divertidamente. Violet deu um pequeno salto devido ao susto da minha presença. Abaixou o volume da música e me analisou com calma, provavelmente para saber se meu rosto escondia algum resultado grave de meus exames. Abro a porta em frustração, jogando-me no banco do carona ao seu lado.
— O que está desenhando? — Apenas pergunto, tentando não entrar no assunto dos exames e visões.
— Larry pediu para todos fazerem um desenho arquitetônico, onde criássemos um lugar e projetássemos a nossa maneira para uma apresentação. — responde eufórica, realmente apreciando aquele trabalho.
— E o que está criando? — Pergunto, não muito interessada, mas vê-la feliz sem a carranca natural em seu rosto era para poucos dias e teria que aproveitar.
— Nada que você irá gostar e entender. — Riu, dizendo apenas a verdade.
— Arquitetura parece ser entediante mesmo. — murmuro sem olhá-la.
— Pegou o resultado dos exames? — me questiona, partilhando da personalidade protetora de nossa mãe, me encarando enquanto esperava uma resposta.
— Como todos os anteriores feitos: normais. E, se pudermos falar de outra coisa, serei eternamente grata. — Peço, colocando o cinto de segurança, para retornarmos até o campus.
Ela não iria levantar nenhum assunto referente às minhas visões, por apenas aceitá-las, por eu ser sua irmã e me amar. Violet odeia minhas paralisias e condenava o universo por eu ter nascido assim, sem fazer um esforço para esconder isso, se encarregando de tudo para que eu me sentisse "normal". Violet fez o mesmo que eu, e quando girou a chave na ignição para ligar o motor do carro, seu celular e o estrondoso toque começaram a soar por todo o veículo. Pude ouvir o suspiro pesado de minha irmã, como se soubesse exatamente quem era e o assunto.
— Não atende. — mando, em um tom sério e grave, consciente de que não deveria, ainda que soubesse que Violet jamais me escutaria.
Pensei muito antes de pegar o seu celular e jogar pela janela. Faltou pouco para agir impulsivamente.
Violet atende à ligação, e foi perceptível a sua mudança de feição e humor. Eu sabia que Sebastian tagarelava no outro lado da linha, tirando toda a sanidade mental e personalidade da minha irmã caçula. Ainda que ela fosse mal-humorada, sua insatisfação e impaciência com as pessoas aumentara após começar a se relacionar com ele. O que tem de bonito, tem de tóxico e insuportável. Para o meu azar, as visões que tive com ele não eram nada de mais, pelo menos não relacionadas ao fato de traições. Aparentemente, ele gostava verdadeiramente de minha irmã.
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A GAROTA QUE PREVÊ O FUTURO
Roman d'amourOlivia Bennet possuía algo incomum, totalmente diferente de todas as pessoas que conhecia à sua volta. Não havia médico, padre, pastor ou curandeiro que conseguisse explicar sua condição. Fora tratada por medicamentos e diversos exames neurais para...