A GAROTA QUE PREVÊ O FUTURO

24| Um pouco de vinho e humilhação

Damon Hill.

Não sei o que Olivia descobriu ou viu sobre Stella para a garota ter ficado tão apavorada como nunca a vi antes. Ela não costuma ser o tipo de pessoa intimidada; ao contrário, é quem intimida e humilha os outros para seu próprio prazer. Reconheci que tolerei muitas de suas atrocidades e agradeci a Deus e ao universo por esse livramento. Observei Olivia mandá-la embora sem esforço, e senti um imenso orgulho da minha garota. A forma como ela reagiu ao meu toque quando reafirmei que queria Stella longe encheu meus pulmões de satisfação. Nunca nutri sentimentos tão fortes por alguém em tão pouco tempo de convivência. Olivia tem sido a melhor coisa que me aconteceu em anos. Não me sinto inseguro de ser quem sou quando estou ao seu lado, exceto pela parte obscura que escondo sobre minha atração carnal por ela.

Paciência é uma virtude e isso me faz um grande homem.

— Como alguém como você teve relações amorosas com alguém como ela? — Sua pergunta era séria, e os braços cruzados sobre o busto demonstravam indignação.

Ela está com ciúmes?

— Às vezes não enxergamos o que está bem à nossa frente. — Tentei segurar o riso ao vê-la tão irritada. — Não sei o que fizeram com a Olivia que conheço, mas essa nova versão me deixa alucinado. — Joguei a cabeça para trás, rindo.

Ela gargalhou, soltando os braços e dando um tapa no meu ombro quando me aproximei.

— Não sou o tipo de garota que entra em uma briga por homem, Damon. — Ela se recompôs. — Espero que isso não se repita ou me retirarei dessa situação. Tenho problemas suficientes e a Stella não será mais um.

Um arrepio na espinha me deixou desconfortável. Não quero mais a Stella, e tudo terminou há meses. Não tolerarei que ela invada minha privacidade, tampouco que me envolva em intrigas das quais não quero fazer parte. Sou contra jogos de sedução e poder, e muito menos magoarei Olivia, a quem desejo pertencer e proteger. Espero que, depois do que aconteceu, Stella tenha colocado juízo naquela cabeça perversa. Ofender alguém com palavras nunca foi de minha índole, ainda que eu tenha sofrido por causa da ruiva de uma forma que não desejo para ninguém, no sentido de ser humilhado. Muitas pessoas me viram ser agredido por ela e não movi um dedo para devolver. Jamais agrediria uma mulher. Ter presenciado Stella ter ficado assustada por pouco e por uma garota menor que ela me deixou até enérgico.

— Ela ainda o quer, e isso me incomoda profundamente.

Ela está com ciúmes.

E é bom saber que não se importa em expor seus sentimentos, mesmo que seu rosto revele claramente sua inquietação e vergonha por eles. E seu ciúme não me deixa enojado, e sim com o ego inflado. Ela é fofa e também não gosta do sentimento que nos faz perder a cabeça ao imaginar quem queremos com outros.

Suspirei também com seu desabafo. Ela afastou Stella para não ficar por baixo. E isso me excitou de uma forma descomunal. Olivia costuma ser determinada; ao mesmo tempo que é frágil, é forte. Entretanto, seus problemas pessoais influenciam muito sua personalidade, deixando-a insegura. Se ela conseguisse enxergar o efeito que tem sobre mim, talvez isso mudasse e a tornasse um pouco mais confiante em relação a si mesma.

Tenho medo de que essa insegurança a faça cometer erros que não magoarão só a si mesma, mas quem está envolvido...e pode até mesmo ser eu.

— Eu não a quero, e digo isso com convicção. — Seguro seu rosto com ambas as mãos, apertando suas bochechas, querendo lamber seus lábios que formam um bico emburrado em formato de coração. — Eu sou seu, e de mais ninguém.