08| O oposto de comportado

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Apesar das dores musculares, nenhuma palavra ofensiva ou depreciativa contra os alongamentos e todos os exercícios existentes saíram de minha boca — ainda que estivessem na ponta da língua, loucas para se soltarem

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Apesar das dores musculares, nenhuma palavra ofensiva ou depreciativa contra os alongamentos e todos os exercícios existentes saíram de minha boca — ainda que estivessem na ponta da língua, loucas para se soltarem. Também disse a mim mesma que nada estragaria o meu dia, ainda mais depois de uma noite de sono bem aproveitada. Se não fosse o despertador, sequer levantaria da cama, nem mesmo me recordo de ter apagado na noite anterior, descansando em lençóis de seda e travesseiros de pena de ganso imaginários. Me senti dormindo nas nuvens enquanto recebia um cafuné e massagens nos pés. Nenhum sonho, ou pesadelo, muito menos espasmos que me acordavam de madrugada, se fizeram presentes.

Arrisco a dizer, com tranquilidade, que foi a melhor noite dormida em meus vinte e dois anos.

Para finalizar a última aula, com uma hora ouvindo a respeito da parasitologia, nem mesmo Cate se atreveu a abrir a boca para tagarelar sobre como seria hoje o jantar com meus pais e o quão adequadamente deveria se vestir. Meus pais nem se importavam com isso, mas Cate gosta de causar uma boa impressão. Apreciamos e concordamos que foi uma das melhores aulas da semana, fechando-a com chave de ouro. Sr. Jonson nos manteve atentas, focadas e nenhum aluno se atreveu a cochichar assuntos irrelevantes durante suas explicações, participando até mesmo de algumas perguntas avulsas.

— Formem uma dupla ou trio, escolham um representante e desçam até mim. — mandou Jonson, nosso professor.

Assim fizemos. Faria dupla com Caterine, aproveitando que minha amiga compartilhava a aula comigo. Quando todos se organizaram, cada representante caminhou até Jonson, retirando um papel de uma pequena urna acrílica transparente, sendo orientados a dizer em voz alta o nome sorteado. Por se tratar de um trabalho importante, meu senso de competitividade acaba falando mais alto e não me importo em estar diante de mais de 30 alunos.

— Amebíase. — O responsável pelo primeiro grupo falou, parecendo saber sobre o que se tratava, não gostando muito.

Também ficaria chateada se tivesse que fazer um trabalho sobre um parasita que é identificado através de um exame parasitológico das fezes humanas. Ninguém quer lidar com merda, literalmente dizendo.

— Ascaridíase... — uma das meninas mais reclusas da turma, — até mais que a mim — diz, com uma voz baixa e arrastada, também não satisfeita.

Ao chegar minha vez, torço para pegar algo com bastante histórico, pois sou fissurada em fazer pesquisas. Adoro aprender coisas novas e ter o que conversar, ainda que seja apenas comigo mesma.

— Malária. — digo animada ao desdobrar o pequeno papel branco, até um pouco ansiosa para iniciar o trabalho.

Quando todos sortearam, faltando até mesmo alguns papéis, obrigando a dois trios fazerem parte das duplas sorteadas, Cate e eu recebemos mais um membro.

— Jefferson. — se apresenta, e seu rosto é conhecido, mesmo que não trocássemos nenhuma palavra.

— Olivia e Caterine. — me apresento, apontando para minha amiga ao dizer o seu nome também.

A GAROTA QUE PREVÊ O FUTUROOnde histórias criam vida. Descubra agora