Damon Hill
Como de costume, acordo antes do sol raiar. Após os desabafos de Olivia, fomos para a cama e conversamos sobre trivialidades até que ela adormecesse profundamente. A loira estava com o semblante triste e visivelmente exausta. Era evidente o quanto estava sem forças, mas mesmo assim, fez questão de conversar, garantindo que eu não era responsável pela sua vida tumultuada. Foi reconfortante vê-la se aninhando em meu peito, pousando sua delicada mão sobre mim, enquanto sua voz baixa e doce, com um toque de riso, escapava ao me contar sobre seu sonho de ir a um show com todas as suas bandas favoritas reunidas.
Agora, estou deitado ao seu lado, observando-a dormir como um anjo. Seus cabelos claros e finos estão espalhados pelo travesseiro, alguns fios cobrindo seu rosto, principalmente os olhos e a boca. Olivia se mexe, provavelmente sentindo meu olhar atento sobre ela. Leslie está dormindo aos seus pés, mantendo a mesma posição durante toda a noite, sem incomodar ninguém. Olivia não se mexe muito durante o sono, e eu não dormia assim, junto a uma mulher, desde meu último relacionamento. A grande cama comporta nós três, facilitando um sono profundo para todos. Retiro seu braço de minha cintura e me levanto, mas isso é suficiente para acordá-la. Seus olhos se abrem, revelando suas íris bicolores mais brilhantes do que o habitual.
— Durma mais um pouco — digo suavemente, recebendo um bocejo honesto em resposta.
— Vai correr? — sua voz sonolenta me faz sorrir por achá-la ainda mais fofa. — Pode levar o Leslie com você?
— Sim. — beijo sua testa. — Te acordarei com um café quando voltar. Descanse mais um pouco.
Olivia nem responde, voltando a fechar os olhos e respirar profundamente, adormecendo novamente. Leslie também acorda, pulando da cama silenciosamente e indo até a porta, onde se senta, me esperando. Troco de roupa rapidamente, sabendo exatamente o que usar, e saio do quarto com o enorme cachorro de pelos dourados. Ele desce as escadas primeiro, e a casa está em completo silêncio. No primeiro andar, procuro a chave e a encontro no lugar habitual, pendurada na fechadura da porta. Destranco-a, mas antes de abrir, coloco a coleira em Leslie, que não demonstra nenhuma resistência.
Saímos e a primeira coisa que faço é soltá-lo para que corra e assim possa farejar a rua como todo cachorro curioso e fazer suas necessidades. Ele me acompanha na corrida assim que termina, e acho isso bastante interessante. Nunca tive animais de estimação, então é a primeira vez que convivo com um tão obediente. Tudo bem que ele rosnou algumas vezes para mim, mas são águas passadas. Corro ida e volta pelo menos quatro vezes, o suficiente para me cansar e suar. A ausência da academia e da minha rotina me deixa um pouco inquieto. Precisarei de uma desintoxicação ao retornar para Westwood.
Poderia muito bem ficar de conchinha com Olivia e acordar um pouco mais tarde, mas enlouqueceria se deixasse de fazer a única coisa que posso no momento: correr. A rua onde os Bennet moram parece um condomínio chique, e todos estão em suas casas. Exceto por um carro que vejo no início do asfalto, se aproximando lentamente. Retorno para a casa com Leslie ao meu lado. Solto a corrente de sua coleira e o deixo livre, e ele vai direto beber água e se alimentar. Nicole e Caterine ainda dormem no quarto de hóspedes, então faço o menor barulho possível enquanto preparo uma vitamina e pães para Olivia. Tenho certeza de que um bom café da manhã a fará despertar melhor para enfrentar o domingo e nossa volta para casa. E, bom, sei que seus pais podem chegar a qualquer momento, o que me deixa um pouco apreensivo.
Nunca conheci os pais de Stella, então não sei como lidar com pais além dos meus, e por ter duas mães, sei o quanto podem ser persuasivas e ameaçadoras.
Preparo a bandeja e ouço choramingos de Leslie, chamando minha atenção. Quando olho para a sala, vejo duas silhuetas na entrada da casa, a porta aberta e o som de um alarme ressoa, aparentemente sendo do carro ao lado do meu. Carrego a bandeja comigo e me deparo com dois pares de olhos surpresos ao me verem em sua casa.
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A GAROTA QUE PREVÊ O FUTURO
RomanceOlivia Bennet possuía algo incomum, totalmente diferente de todas as pessoas que conhecia à sua volta. Não havia médico, padre, pastor ou curandeiro que conseguisse explicar sua condição. Fora tratada por medicamentos e diversos exames neurais para...