Perdida. Essa é a palavra para me definir neste exato instante. Deixei o consultório do Dr. Franklin, depois de usar meu plano de saúde para cobrir os custos. Meus pais podem entrar em contato comigo a qualquer momento, pois eles acompanham tudo relacionado à minha saúde. A única coisa que teria que correr seria dos milhões de questionamentos que farão se eu der uma brecha. Os exames são um acordo para que eu pudesse estudar longe de casa, longe da supervisão e cuidado excessivo deles e sempre seria supervisionada quanto a isso.
Pelo menos tenho uma desculpa e não preciso dizer a ninguém sobre a verdade. Dessa vez, meus exames não deram normais. Posso pedir que meu médico mude a data do exame anterior e os envie por e-mail caso solicitem. Ou simplesmente alegar que não deu em nada, assim como nos outros, e devido à sua correria no hospital, ele se esqueceu de me enviar.
Passo em uma farmácia na mesma rua e entrego para a farmacêutica a receita que consegui. Tento ao máximo me concentrar em não ter visões. Elas não são bem-vindas. Não mais. Não as quero. Estou mais cheia que a taça de Harry Potter e o Cálice de Fogo no torneio tribruxo. Qualquer um que vier, qualquer coisa que me atormente, transbordarei.
Pago pelo vidro do ansiolítico, que deu 20 dólares da minha carteira. Coloco o vidro no bolso da bermuda e retiro o celular do outro, desligando a décima chamada que recebo de Damon e Violet. Eles estão realmente preocupados, e é bem provável que se comunicaram para saber onde estou em razão do meu sumiço repentino. Desliguei o celular e o guardei novamente no bolso, caminhando pela calçada e me perguntando o que fazer.
O que fazer agora que descobri ter um aneurisma de 6 milímetros em meu cérebro?
Me sinto tão cansada para lutar. Agora que tudo estava entrando nos eixos, por qual motivo isso veio à tona? Começo a questionar e pensar que Violet tem razão; minha família foi amaldiçoada por cometer algum crime no passado. A lenda que mamãe citou nunca me foi contada. Sequer a procurei para saber a fundo sobre o que a vovó contava para ela que a assustou tanto. Fui totalmente negligente quanto à minha saúde.
Pensei mesmo que poderia viver uma vida normal se aceitasse quem sou. Passei até mesmo a ingerir bebidas alcoólicas desenfreadamente, vivendo intensamente tudo aquilo que evitava. Me enganei estupidamente.
Troquei o vício do ansiolítico por outro... Pensei em controlar as visões e acabei sendo controlada por elas. Afinal, o que querem comigo?
Eu vou morrer como minha tia Lilian, mesmo que não seja um suicídio?
Eu não mereço isso.
Não mereço ter a vida escorregando na ponta dos dedos. Não mereço ter que escolher o melhor para mim e para quem eu amo. Não mereço perder Damon logo agora que nos declaramos um para o outro. Meu peito dói. Está dilacerado e sinto que qualquer coisa que eu faça terá consequências. Mas não posso deixar que ele seja arrastado para o meu caos, para o medo constante de um futuro incerto.
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A GAROTA QUE PREVÊ O FUTURO
RomanceOlivia Bennet possuía algo incomum, totalmente diferente de todas as pessoas que conhecia à sua volta. Não havia médico, padre, pastor ou curandeiro que conseguisse explicar sua condição. Fora tratada por medicamentos e diversos exames neurais para...