Capítulo 6 - Banheiro

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Ao anoitecer, Percy saiu do chalé e foi até o meio da floresta, levava consigo uma lata de entalados vazia e suas jujubas azuis. Ele sentou sobre uma rocha e fez uma pequena fogueira na lata, e começou a jogar as jujubas no fogo, as queimando em sinal de oferenda.

— Oi, mãe, olha, eu não sei se to fazendo isso certo, tomara que consiga me ouvir — o garoto disse olhando para o fogo — eu acho que você odiava isso, quando o telefone tocava a noite, depois de ter me deixado em uma escola nova, eu dizia que, as pessoas eram más, que eu queria ir pra casa — ele contou enquanto pensava — bom mãe, a boa notícia é, isso não é uma ligação, tomara que esteja sentada porque... Eu acho, que eu fiz amigos aqui, tipo, amigos de verdade — Percy contou — eu acho que eles gostam de mim, dá pra acreditar? — ele disse sorrindo — ele não tá aqui, o meu pai, ele.. ele não apareceu — contou um pouco inconformado — assim, me ignorar? Tudo bem, mas ele não pode ignorar você, eu vou fazer ele descer até aqui... eu vou fazer ele me ver — o loiro disse com o maxilar tenso — ele vai enxergar a gente.

Após dizer aquilo, Percy assoprou e apagou o fogo da lata, se levantou e foi em direção ao chalé de Hermes. Enquanto se aproximava do chalé, ele foi surpreendido por Clarisse e duas filhas de Ares, ela o olhava com raiva, assim como as outras duas.

— E aí gente, tão com insônia?

Logo em seguida, Clarisse o segurou pelo pescoço, e o arrastou na direção do banheiro. O garoto chutava e dava murros no ar desesperado, mas um pouco curioso. Ela o arrastou para o banheiro das meninas, havia uma fileira de vasos sanitários de um lado e uma fileira de chuveiros do outro. Ela o jogou no chão, ele parecia assustado com ela.

— Toda criança nova que chega aqui, acha que é especial — ela disse entre suas amigas — você se acha especial? — Clarisse perguntou.

Percy pensou um pouco, mas logo respondeu —não.

Após ele dizer isso, ela olhou para suas amigas e elas foram até o garoto, o levantaram e o seguraram enquanto ela se aproximava.

— Fala que você inventou a história do Minotauro, e eu deixo você em paz — ela propôs.

— Eu não inventei nada — Percy rebateu.

Clarisse novamente olhou para suas amigas e balançou a cabeça em direção à fileira de vasos. Logo Jackson foi puxado em direção aos vasos sanitários.

— Tem gente que gosta de aprender pela dor — Clarisse disse enquanto as garotas forçavam sobre os joelhos de Percy para que ele ficasse de joelhos, com o rosto no vaso.

Enquanto as garotas riam e seguravam as roupas do garoto, ele mantinha os olhos fechados, tentando ao máximo manter sua cabeça erguida, e então algo aconteceu, a água desapareceu, como se tivesse sido sugada, isso fez com que as garotas se afastassem, e Percy olhasse curioso para o vaso.

Os encanamentos roncaram, os canos estremeceram, e a água pulou para fora do vaso, formando um arco por cima do garoto, acertando Clarisse e suas amigas, as atingindo com tanta força que as fizeram cair de traseiro no chão. Logo o banheiro todo pareceu se voltar contra as três, a água das pias, dos outros vasos, e dos chuveiros, todos indo em direção a Clarisse e suas companheiras.

O garoto se virou e viu as amigas de Clarisse correrem em direção a porta do banheiro, Clarisse o olhou enquanto ele se levantava e mesmo irritada, saiu correndo e Percy ficou ali, tentando saber o que aconteceu e observando o banheiro totalmente inundado, mas o garoto parecia totalmente seco.

Quando ele olhou novamente para à porta do banheiro, viu uma garota morena de cabelos castanhos com dreads. Ela estava encostada na porta com os braços cruzados, com um olhar confiante e de julgamento.

— Eu posso explicar — o garoto disse com receio, e a garota balançou a cabeça em negação.

— Não pode, não — ela disse.

— Tá bom — ele disse olhando para ela e para o banheiro — pera, eu te conheço.

— Não conhece, não — ela rebateu.

— É, mas, você tava lá, aquela noite na enfermaria — ele comentou e ela continuou o olhando com desdém.

— Sim, eu sou Annabeth.

— Você ta me perseguindo Annabeth? — o loiro perguntou.

— To — ela informou.

— Tá bom, mas por quê? — ele perguntou curioso.

— Eu tava esperando pra ver, se alguma coisa assim — disse gesticulando em direção ao banheiro — ia acontecer, pra você me ajudar — ela contou voltando a cruzar os braços.

— Te ajudar com o quê? — ele perguntou curioso.

— A capturar a bandeira — ela concluiu, deixando ele ainda mais curioso.

No dia seguinte, a notícia do incidente no banheiro, já tinha se espalhado. Aonde quer que Percy fosse, os campistas murmuravam sobre o ocorrido, todos pareciam fazer suas perguntas sobre o garoto, até mesmo o próprio garoto estava curioso sobre aquilo.

— Eu já vi isso antes — Clarisse disse na roda.

— Já?

— Sim, com a Meddy — informou — né, Meddy? — Clarisse disse olhando para a garota, e Andrômeda parecia bem avoada, olhando para o lago perto delas — Meddy.

— Oi — a garota respondeu olhando para a morena.

— Ta mais avoada que o normal, o que foi? — Clarisse disse — Luke?

— O quê? Não!

— Então o que foi? — ela perguntou.

— Nada Cla, só preciso resolver uma coisa — ela disse saindo e deixando Clarisse e as amigas confusas, mas elas não a seguiram.

Andrômeda começou a andar cautelosamente em direção ao lago, tentando não chamar a atenção de nenhum campista, até mesmo de Quíron, Dionisio, Luke e Annabeth, tentava passar despercebida por todos. Ela chegou perto do lago e começou a ver uma movimentação estranha na água, logo olhou e começou a seguir pequenas conchas que saiam da água em direção a uma parte mais afastada, entre a floresta que cercava o acampamento.

Andava cautelosamente em direção ao local, passos controlados, como se estivesse preparada para ser atacada, quando chegou ao fim da trilha de conchas, ela olhou para a última concha e viu uma pérola nela, ela pegou a pérola e assim que levantou sentiu alguém a suas costas, uma figura masculina.

— Andy — disse o homem.

— Oi, pai.

(1) Daughter of the Sea Onde histórias criam vida. Descubra agora