Capítulo 4 - Olho

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Quando os quatro chegaram ao topo, Tyson parou e lamentou-se:

— Não... posso... atravessar.

— Eu, Annabeth Chase, lhe dou permissão para entrar no acampamento — Annabeth disse e uma trovoada sacudiu a encosta. Percy olhou para Tyson.

— Mas... — Jackson disse pensativo.

— Percy — Meddy disse — você já olhou para Tyson com atenção? Quer dizer... pro rosto. Ignorar a Névoa e realmente olhar para ele — ela pediu.

A Névoa faz os seres humanos verem apenas o que seu cérebro pode processar... E ela podia enganar semideuses também

Percy olhou para o rosto de Tyson. Não foi fácil, seu nariz depois, seus olhos. Não, não olhos. Um olho. Um grande olho, castanho-bezerro, bem no meio da testa, com cílios grossos e grandes lágrimas escorrendo pelas bochechas dos dois lados.

— Tyson — gaguejou — Você é um...

— Ciclope — Meddy concluiu.

— Um bebê, a julgar pela aparência. Tyson é um dos órfãos sem-teto — Annabeth disse.

— Um dos quê?

— Eles estão em quase todas as grandes cidades — disse Annabeth, de um jeito desagradável. — São... erros, Percy. Filhos de espíritos da natureza e deuses... Bem, normalmente, um deus em particular... e nem sempre são perfeitos. Ninguém os quer. Eles são jogados de lado. Crescem nas ruas, sozinhos. Não sei como esse o encontrou, mas ele obviamente gosta de vocês. Devemos levá-lo a Quíron e deixar que ele decida o que fazer — Annabeth informou.

— Mas o fogo. Como...

— Ele é um ciclope. — Annabeth fez uma pausa, como se estivesse se lembrando de algo desagradável. — Eles operam as forjas dos deuses. Precisam ser imunes ao fogo. É o que eu vinha tentando lhe dizer — ela concluiu.

— Meddy — uma voz feminina chamou perto da colina.

— Clarisse? — Meddy disse — Clarisse!

As duas se aproximaram e Meddy a abraçou com força.

— Senti sua falta esquentadinha — Meddy disse em tom brincalhão.

— Eu também senti nervosinha — Clarisse disse no mesmo tom, até que ela pôs os olhos em Tyson — nossa, que negocio esquisito!

— Clarisse — Meddy repreendeu vendo o pobre ciclope com os olhos cheios de lágrimas por conta do comentário.

— Sempre a mesma — disse revirando os olhos — vocês tem que informar a Tântalo sobre ele — ela disse deixando os três confusos.

— Tântalo? — Meddy perguntou.

— O diretor de atividades — disse Clarisse, impaciente.

— O diretor de atividades é Quíron. E onde está Argos? Ele é o encarregado da segurança. Devia estar aqui. — Annabeth disse e Clarisse fez uma cara amarga.

— Argos foi despedido. Vocês estiveram afastados por muito tempo. As coisas estão mudando.

— Mas, Quíron... Ele treina garotos para combater monstros há mais de três
mil anos. Não pode ter simplesmente ido embora. O que aconteceu? — Annabeth perguntou curiosa e preocupada.

— Aquilo aconteceu — disparou Clarisse. Ela apontou para a árvore de Thalia.

O pinheiro deveria estar saudável, com as folhas verdes mas agora suas folhas estavam amarelas. Uma enorme pilha de folhas mortas se acumulava na base da árvore. No centro do tronco, a um metro do chão, havia uma perfuração do tamanho de um buraco de bala, gotejando seiva verde.
Agora Meddy e Percy entenderam por que o acampamento estava em perigo. As fronteiras mágicas estavam falhando porque a árvore de Thalia estava morrendo.

(1) Daughter of the Sea Onde histórias criam vida. Descubra agora