Capítulo 8 - A Corrida

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A manhã da corrida estava quente e úmida. A névoa estava baixa sobre a terra, como vapor de sauna. Milhões de pássaros se empoleiravam nas árvores.

A pista da corrida fora construída em um campo gramado entre a linha de arco e flecha e os bosques.
Havia fileiras de degraus de pedra para os espectadores — Tântalo, os sátiros, algumas dríades e todos os campistas que não estavam participando. O sr. D não apareceu. Ele nunca acordava antes das dez horas.

— Certo! — anunciou Tântalo quando as equipes começaram a se reunir. Uma náiade levara para ele um grande prato de doces, e enquanto Tântalo falava, sua mão direita perseguia uma bomba de chocolate pela mesa do juiz. — Vocês todos conhecem as regras. Uma pista de quatrocentos metros. Duas voltas para vencer. Dois cavalos por biga. Cada equipe será composta de um auriga e um lutador. São permitidas armas. Esperem por truques sujos. Mas tentem não matar ninguém! — Tântalo sorriu como todos fossem crianças travessas. — Qualquer morte resultará em punição severa. Sem guloseimas junto à fogueira por uma semana! Agora, preparem suas carruagens!

Beckendorf liderou a equipe de Hefesto até a pista. Eles tinham uma biga toda de bronze e ferro — inclusive os cavalos, que eram autômatos mágicos, como os touros da Cólquida da história dos argonautas. Não tinha dúvidas de que a carruagem deles tinha todos os tipos de armadilhas mecânicas, e itens mais sofisticados que os de uma super Maserati.

A biga de Ares era vermelho-sangue, puxada por dois medonhos esqueletos de cavalo. Clarisse embarcou com um feixe de lanças, clavas, bolas de pregos e outros brinquedos.

A de Apolo era elegante e graciosa, inteiramente dourada, puxada por dois belos cavalos baios. Seu lutador estava armado com um arco, embora tivesse prometido não disparar flechas comuns, com ponta, contra os aurigas oponentes.

A de Hermes era verde e tinha aparência de um pouco velha, como se não saísse da garagem havia anos. Não parecia nada especial, mas era conduzida pelos irmãos Stoll.

Restavam duas carruagens: uma, conduzida por Annabeth, e outra, por Jackson.

Antes do começo da corrida, Percy contou a Annabeth sobre seu sonho. Ela se animou quando ele mencionou Grover, mas quando mencionou o que Grover o disse, ela ficou distante outra vez, desconfiada.

— Você está tentando me distrair — concluiu.

— O quê? Não, não estou!

— Ora! Como se Grover, por mero acaso, tivesse tropeçado na única coisa que poderia salvar o acampamento.

— O que você quer dizer?

Ela revirou os olhos.

— Volte para sua biga, Percy.

— Eu não estou inventando isso. Ele está em perigo, Annabeth.

Ela hesitou. Percy pode perceber que tentava decidir se devia ou não confiar. A despeito das brigas ocasionais, eles passaram por muita coisa juntos, e ele sabia que ela jamais desejaria que algo de ruim acontecesse a Grover.

— Percy, uma conexão empática é muito difícil de ser feita. Quer dizer, é mais provável que você estivesse mesmo sonhando.

— O Oráculo — disse Percy — Podíamos consultar o Oráculo.

Annabeth franziu a testa.

A experiência tinha aterrorizado Percy por meses. Annabeth sabia que ele nunca sugeriria voltar lá se não estivesse falando realmente a sério.

Antes que ela pudesse responder, a trombeta de concha soou.

— Aurigas! — bradou Tântalo. — Aos seus lugares!

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