Capítulo 2 - Acampamento

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Percy caminhava ao lado de Quíron, enquanto eles passavam por uma quadra de vôlei, onde os campistas apontavam para o garoto e diziam — é ele.

O garoto não era tímido, e os olharem que caiam sob ele, o deixou pouco a vontade, como se os campistas esperassem que ele desse um salto mortal ou coisa assim.

Eles caminharam perto de um campo de morangos, onde os campistas colhiam morangos para exportar, para New York, e para o monte Olimpo.

— Essa campina é escondida, humanos não conseguem ver, monstros não conseguem entrar, o mundo não consegue tocar — Quíron explicou enquanto caminhavam — foi necessário muito cuidado para trazer você, e um grande sacrifício — ele concluiu.

Eles passaram pela linha de tiro ao alvo com arco e flecha, o lago de canoagem, os estábulos, a linha de lançamento de dardo, o anfiteatro para cantoria e a arena onde eles realizavam lutas de espadas e lanças. O refeitório era um pavilhão ao ar livre emoldurado por colunas gregas brancas sobre uma colina para o mar, havia uma duzia de mesas de piquenique de pedras, sem telhado e nem paredes.

— Então tem uma coisa que eu queria te falar, eu perdi a sua caneta-espada mágica, tomara que não seja única — Percy comentou.

— Olhe seu bolso — Quíron pediu.

— Não, eu perdi na noite passada, na colina — Percy continuou.

— Olhe o seu bolso — o centauro pediu novamente e o garoto assim o fez — a menos que abra mão dela, ela sempre vai voltar pra você — ele concluiu assim que o garoto pegou a caneta de seu bolso — objetos mágicos, não obedecem às leis da física do mundo comum, a sua caneta, a minha cadeira de rodas, elas fazem parte do mundo do seu pai, assim como você agora — Quíron explicou enquanto Percy o olhava atento, prestando atenção em cada palavra, ou pelo menos tentando.

— Quero mostrar uma coisa — disse o centauro enquanto Percy parecia pensativo, eles andaram mais alguns segundos e Quíron parou — Doze chalés, para doze deuses do Olimpo.

Os chalés, aninhados no bosque junto ao lago. Estavam dispostos em U dois na frente e cinco enfileirados de cada lado. Cada um deles tinha um grande número de latão acima da porta (ímpares do lado esquerdo, pares do direito), eram totalmente diferentes um do outro.

O par de chalés à cabeceira do campo, números 1 e 2, pareciam mausoléus casadinhos, grandes caixas de mármore branco com colunas pesadas na frente. O chalé 1 era o maior e mais magnífico dos doze. As portas de bronze polido cintilavam como um holograma, de tal modo que, vistas de ângulos diferentes, raios pareciam atravessar. O chalé 2 era de certo modo mais gracioso, com colunas mais finas encimadas com romãs e flores. As paredes eram entalhadas com imagens de pavões.

— Zeus e Hera? — Percy adivinhou.

— Correto — disse Quíron.

— Os chalés parecem vazios.

— Diversos chalés estão vazios. É verdade. Ninguém jamais fica no 1 ou no 2.

Percy parou na frente do chalé de número 3, não era alto e imponente como o chalé 1, mas comprido, baixo e sólido. As paredes externas eram de pedras cinzentas rústicas salpicadas de pedaços de conchas e coral, como se as pedras tivessem sido cortadas diretamente do fundo do oceano. As paredes internas brilhavam como madrepérola. Havia seis beliches, cinco delas estavam vazias com lençóis de seda virados para baixo. Apenas uma estava um pouco desorganizada, com sinais de que alguém dormia naquele lugar frio e solitário.

O número 4 tinha tomateiros nas paredes e uma cobertura feita de grama de verdade. O número 5 era vermelho vivo — uma pintura muito malfeita, como se a cor tivesse sido jogada a esmo com baldes e mãos. O telhado era forrado de arame farpado. Uma cabeça de javali empalhada estava pendurada acima da porta e seus olhos pareciam me seguir. Dentro pude ver um bando de meninos e meninas mal-encarados, disputando queda de braço e discutindo enquanto o rock tocava às alturas.

O 7 parecia feito de um ouro sólido que reluzia tanto à luz do sol que era quase impossível de se olhar. Todos davam para uma área comum mais ou menos do tamanho de um campo de futebol, pontilhada de estátuas gregas, fontes, canteiros de flores e um par de cestos de basquete. O número 9 tinha chaminés, como uma fábrica minúscula.

No centro do campo havia uma enorme área de pedras com uma fogueira. Muito embora fosse uma tarde quente, o fogo ardia lentamente. Uma menina com cerca de nove anos estava cuidando das chamas, cutucando os carvões com uma vara.

— Cada chalé é o lar de crianças que foram determinadas pelos deuses — Quíron explicou.

— Ótimo, e qual é o meu? — Percy perguntou.

— Você não foi determinado Percy — o centauro rebateu.

— Ta, e quando eu vou ser determinado?

— Os deuses revelam seus planos no tempo certo, não antes, os deuses podem determinar você amanhã, na semana que vem, ou talvez...

— Nunca — Percy concluiu um tanto cabisbaixo — nem agora depois de tudo, ele quer saber de mim — o garoto disse um pouco zangado — o que eu to fazendo aqui, não tem lugar pra mim.

— Tem um lugar pra você — Quíron informou deixando o garoto curioso — aqui! — ele disse apontando para o chalé 11.

Entre todos os chalés, o número 11 era o que mais parecia um velho chalé comum de acampamento de verão, parecia bem velho, na verdade. A soleira estava desgastada, a pintura marrom descascando. Acima do vão da porta, havia um símbolo médico, um brasão alado com duas serpentes enroscadas nele, um caduceu.

— Hermes, deus dos viajantes, esse chalé é o lar dos filhos de Hermes e dos indeterminados — Quíron explicou enquanto se aproximava do chalé — pessoal.

— Pera, pera, pera um pouquinho...

— Pessoal — chamou novamente ignorando o pedido de Percy — pessoal, atenção, por favor — disse batendo palmas e chamando a atenção dos campistas, fazendo todos se calarem e prestarem atenção — esse é o Percy Jackson — Percy levantou a mão rapidamente parecendo estar sem jeito — eu confio que vão ajudá-lo com o que for necessário — informou e todos voltaram a seus afazeres — eu sei que se sente incapaz, mas você não é, tudo ira se revelar logo.

Após dizer isso, ele deu três passos à frente e saiu do chalé, deixando Percy sozinho. O garoto olhou em volta, desconfortável e sem saber aonde ir, mas logo percebeu sua mochila e um saco de dormir perto da mochila, ele foi cautelosamente em direção a mochila, enquanto os campistas olhavam para ele curiosos, já que todos sabiam que ele havia matado o Minotauro.

Perto da mochila, ele abaixou e pegou um saco de jujubas que tinha na mochila, jujubas que sua mãe havia colocado lá, enquanto ele olhava para as jujubas, alguns campistas se aproximaram dele.

— Acho que foi ele que matou o Minotauro — disse um campista moreno.

Percy viu um garoto se aproximar dele, tinha aparência de 17 anos, parecia legal, era musculoso e bonito, cabelos castanhos e um pouco cacheado. Usava a camisa laranja, calça bege e um colar de couro com cinco contas de argila, em cores diferentes, a única coisa distinta era sua cicatriz em seu rosto.

— Olha, se for pra pegar pesado comigo, só deixe pra amanhã, eu não aguento mais nada hoje — Percy informou olhando para o garoto.

— Soube o que aconteceu na colina, eu só queria te falar que eu sinto muito — o garoto disse fazendo Percy abaixar a guarda — eu sei pelo o que tá passando, sério, eu sou o Luke — o garoto disse estendendo a mão para Percy e o garoto a pegou o cumprimentando.

— Percy.

(1) Daughter of the Sea Onde histórias criam vida. Descubra agora