Capítulo 18

52 4 0
                                    

Diego

Estávamos todos reunidos no meu apartamento, minha assessora, alguns colegas do time e alguns amigos. Todos atentos na televisão onde iriam anunciar em alguns minutos os jogadores convocados para jogar pela seleção brasileira na próxima copa do mundo. Eu me sentia nervoso como há tempos não sentia, mas meu coração ainda doía por saber que Lucas não estava ali, independente de qual seria o resultado eu queria que ele estivesse ao meu lado naquele momento tão importante em minha vida.

Desde o dia que sai da casa dele e tivemos aquela discussão, não nos falamos mais, e a cada minuto que passava eu sentia meu peito doer e a saudade apertar ainda mais meu coração. Eu ainda ficava surpreso por saber o poder que ele tinha em mim, era como se tudo que acontecia em minha vida fosse por ele. Fui cutucado pela minha assessora ao lado e olhei para televisão, o técnico da seleção ia começar a anunciar os nomes.

A cada nome anunciado meu coração acelerava, eu pensava que ia enfartar, mas 15 nomes depois o meu não foi anunciado, e quando percebi todos na sala olhavam para mim com pena. Sem graça eu dei um sorriso falso, então fui para o meu quarto.

Sentei-me na cama e senti quando uma lagrima caiu, meu mundo estava arruinado, e eu sabia que era por causa do meu relacionamento com Lucas, o Brasil ainda era um pais homofobico, e nada, além disso, poderia justificar a minha não convocação. Afinal eu era considerado desde o inicio o preferido, e meu empenho em campo comprovava isso. Mas não havia nada que eu pudesse fazer, meu sonho tinha terminado ali.

Ouvi batidas na porta, então Diana entrou.

- Como você está?

- Não sei dizer, decepcionado talvez. Mesmo depois de tudo, eu esperava ser convocado.

- Depois da foto você quer dizer?

- Sim. O pior de tudo e que nem estamos juntos.

- Porque não?

- Eu falei besteira na ultima vez que nos vimos, ele também, então terminamos.

- E você está bem com isso?

- Claro que não, sair da casa dele sabendo que posso nunca mais vê-lo, doeu mais do que não ser convocado para copa.

Diana se aproximou e se sentou ao meu lado.

- Você ama demais ele.

- Está tão obvio assim?

- Uma vez eu disse que você precisava arrumar alguém, para aquietar e construir uma família. Lembra do que me respondeu?

- Não.

- Que nenhuma mulher no mundo era mais importante do que o futebol, e que você focaria só nisso.

- E o que tem isso?

- Agora você acabou de me dizer que perder o Lucas doeu mais do que não ser convocado para a copa do mundo, um sonho que estávamos correndo atrás há anos, desde que você começou a jogar como profissional.

Eu sorri meio sem jeito. Ela tinha razão.

- Eu nunca me senti assim por nenhuma mulher. Ele me derruba de maneiras que nunca imaginei ser possível.

- Então vai atrás dele. Diga que o ama de novo, lute por esse amor.

- Ele não me quer mais, não vou insistir.

- Então vamos dar um tempo, para ele e para você. Mesmo não tendo sido convocado para a copa, você ainda e jogador do palmeiras e estamos no meio de um campeonato nacional.

Diana me abraçou e eu devolvi o abraço com força.

- Obrigado, por me entender, por me aceitar, por não ter me abandonado.

- Você e como um irmão para mim. Estamos juntos nessa, independente do que você decidir. O mais importante aqui e sua felicidade. Seja nos campos ou fora dela.

Sorrindo ela saiu e me deixou ali deitado, com mil pensamentos, até que meu celular tocou, o coração acelerou quando li o nome na tela.

- Oi, acabei de ver o jornal, como você está?

- Bem, na medida do possível.

- Sinto muito por não ter sido convocado, me sinto culpado por isso.

- Não, por favor, não faz isso, você sabe que não tem culpa de nada.

Ficamos em silêncio, dava para ouvir a respiração do outro lado da tela.

- Estou com saudades, posso ir ai?

- Acho melhor não, principalmente depois de hoje.

- Como está o Téo?

- Olhando para mim com carinha de pidão, acho que ele sabe com quem estou falando.

- Tenho certeza que sim.

- O que vai fazer agora?

- Continuar jogando no meu time, ainda tenho contrato e alguns campeonatos pela frente. E torcer para conseguir ir para a próxima copa.

- Estarei torcendo por você, mesmo que de longe. Sempre.

- Não precisa ser de longe.

- Precisa, não vou mais estragar sua vida.

- Para de dizer isso, por favor.

- Não tem como não me sentir culpado. Eu deixei as coisas chegarem onde estão. Eu devia saber que isso poderia acabar com sua carreira.

- Você não acabou com minha carreira, não ouviu o que acabei de dizer?

- Sim, mas e se o time decidir não renovar com você depois de tudo? Eu tenho certeza que você não foi para copa por causa de mim. Não quero que isso aconteça de novo.

- A culpa não e sua por vivermos em uma sociedade homofóbica e machista.

- Não, mas eu sabia disso, e deixei acontecer.

- Você sabe que eu desistiria de tudo por você.

- Sei. Por isso eu que desisti. Não queria carregar esse fardo.

- Essa decisão não e sua.

- Mas foi.

Doía demais o ouvir falar daquela maneira, eu já estava chorando, e me segurando ao máximo para não gritar. O tom de despedida naquela conversa me fazia mal demais.

- Diego, posso te pedir uma coisa?

- O que você quiser.

- Não desista da sua vida por mim. Você e um jogador incrível.

Desabei, e percebi que ele desabou do outro lado. Dois idiotas.

- Vou tentar.

- E o suficiente.

Sem dizer mais nada ele desligou, eu peguei o celular e joguei contra a parede. Então cai de joelhos ao lado da minha cama. Sentindo a dor de ter perdido a única pessoa que eu amava.  

O Jogo Das Nossas Vidas!Onde histórias criam vida. Descubra agora