Capítulo 21

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POV'Emma

Abro meus olhos me acostumando com a claridade. Sinto meu ombro latejar.

Merda. Isso dói.

Olho pro meu ombro e há um curativo nele. Tento me mexer mas a dor me faz grunhir. Com um pouco de dificuldade me levanto. Em meu antebraço tem uma agulha levando soro, retiro a agulha e presto atenção onde estou.

Na enfermaria do galpão.

Sim, também temos isso aqui. Como são todos bandidos, não podem ir para o hospital. Não que eu não possa também, mas acredito que Travis evitou isso para não ter que explicar o motivo de eu ter levado um tiro em meu braço e acabar sendo suspeito. Por este motivo, tem essa sala aqui e um médico de confiança que vem quando é solicitado. Claro que ele ganha muito bem pra manter todo o sigilo.

Me levanto. Minha blusa antes branca, agora completamente vermelha pelo sangue.

Se Alyssa visse isso teria gargalhado pela sujeira. Ela sempre diz que blusas brancas são descartáveis.

Alyssa.

Ontem eu matei o cara que queria a ferir. Diferente de como achei, não estou me sentindo arrependida. Ele a ameaçou, ousou dizer palavras que a atacavam. Ousou dizer que ela iria para o inferno junto com ele.

Tolo. Como pode um anjo ir para o inferno.

Sua palavras agora são apenas sentenças ao vento. Ele está morto, não pode fazer mais nada.

Entretanto...Por que sinto que tudo acabou fácil de mais?

Depois de receber uma bronca de Travis por ter me levantado sem permissão. Assegurei-o que estava tudo bem, e pedi que ele me levasse para casa. Aparentemente fiquei um dia inteiro no galpão, Alyssa deve está preocupada por ter sumido.

A essa hora ela deve estar na faculdade, estudando como colocar bandidos na cadeia. Sim, Alyssa desejou fazer o curso de direito, contrariando a carreira do seu pai. Irônico não?

Eu decidi fazer administração. Mais fácil e não tinha a intenção de fazer nada de verdade mesmo. Travis se encarregará de me aprovar no final de tudo.

Chego em casa, cansada e dolorida. Não passei na casa de Travis para que Clara não me visse nesse estado. Eu só não esperava encontrar uma cabeleira castanha espalhada em minha cama.

Alyssa inspira profundamente, adormecida em meio aos meus lençóis.

O que ela faz aqui?

Antes de acorda-la. Tomo um banho e jogo fora a blusa que vestia. Vai ser impossível esconder a ferida dela, mas ao menos ela não precisa ver o tanto de sangue que me foi tirado.

Sento-me na cama, ao lado dela, com cuidado para não a acordar. Fico a observando por alguns minutos, notando todos os pequenos detalhes que mudaram com o tempo em sua delicada face.

Alyssa a cada dia se torna ainda mais bonita. Fico tão encantada que me pergunto se um dia eu não fui apaixonada por ela. A essa altura duvido muito.

Em sua boca, como sempre, tem um pequeno bico como se estivesse ido dormir chateada. O vinco em sua testa também me faz acreditar nisso.

Toco delicadamente sua mão. Pequena e macia. Tão diferente da minha que tenho os dedos longos e calos de tanto socar o saco de pancadas. Suas unhas estão pintadas de vermelho, enquanto as minhas nunca viram a cor de nenhum esmalte.

Volto a encarar sua boca. Desejando com toda força poder morder seu beiço saliente.

Indo contra toda repreensão interna, me aproximo com dificuldade pela dor em meu ombro e bem suavemente, cedo meu desejo mordendo seu lábio inferior.

Te Sigo, BabyOnde histórias criam vida. Descubra agora