Capítulo 35

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POV'Emma

Com minha respiração acelerada, tento localizar qualquer rosto entranho. Mas tudo o que encontro é uma Alyssa caída no chão, me olhando com uma expressão muito assustada. Me aproximo dela com preocupação.

- O que aconteceu? - pergunto tentando achar qualquer ferimento ou marca em seu corpo.

- Eu quem pergunto. O que diabos foi isso? - sua voz está meio lenta, o cheiro do álcool invade minhas narinas. 

- Por que você está aqui sozinha nesse beco e caída no chão, Alyssa?! - minha voz sai grave e com raiva.

Sim, estou com raiva. Ela pede para que eu confie nela e então ela se embriaga e vem para um beco sozinha? Que merda essa garota tem na cabeça?

- Eu só vim fazer xixi. - ela me empurra quando tento tocá-la. - Os banheiros estão ocupados a muito tempo e eu já não estava conseguindo segurar, daí vim aqui para fazer. E estava fazendo até que alguém entrou aqui com o carro parecendo uma louca e me apontando uma arma, me fazendo cair sentada na minha própria urina! - ao modo em que ela ia falando, seu tom foi aumentando gradualmente até que terminasse em um grito.

Coço minha nuca envergonhada. O farol do carro me permite ver agora o chão molhado embaixo dela. Ok. Entendo sua irritação, mas poxa...eu fiquei tão assustada, por um segundo pensei que alguém a estava trazendo aqui a força para a fazer alguma maldade.

- Isso não muda o fato de que você se expôs ao perigo vindo até aqui bêbada. Alguém poderia ter a seguido e...céus você não para pra pensar por um segundo?! Você pediu que eu confiasse em você e no momento em que faço isso você se desprotege desse jeito. Que droga, Alyssa!

- Pelo visto você não confiou muito já que precisou me seguir até aqui!

Levo minha mão até minha testa e espero que minha pressão se normalize. Minha mente ainda criando vários cenários do que poderia ter acontecido com ela nesse lugar.

Seguro ela pelos braços e a levanto, mas no momento em que a solto, ela mal consegue se sustentar em pé.

Respiro fundo e, com o pensamento de que eu estaria gritando com uma pessoa bêbada decido guardar meu sermão para o outro dia.

- Se apoia em meu ombro.

Levo suas mãos em meus ombros e a solto devagar até ter a certeza de que ela não vai cair. Olho ao redor para ver se alguém nos observa, mas não há ninguém, a casa onde está ocorrendo a festa está a umas duas casas depois do beco onde estamos, mas consigo escutar daqui o som alto.

Ainda com movimentos lentos, abaixo sua saia molhada e termino de tirar sua calcinha que já estava em seus joelhos. Termino de usar a saia para a limpar onde sujou em seu corpo, e depois ajudo ela a se encostar no carro enquanto pego um casaco meu que sempre deixo no banco de trás.

O tempo inteiro ela me observa calada e curiosa. Parece está mais sóbria do que quando a encontrei. Amarro o casaco em sua cintura, e jogo suas roupas fora em um lixo um pouco mais no fundo do beco. Volto até ela e em um único movimento a pego no colo, vou até o banco do carona e a acomodo em seu costumeiro lugar, passo o cinto por ela e verifico se está tudo bem mais uma vez antes de fechar a porta e ir para meu lugar.

- Como você consegue ser tão forte? - sua voz baixa e rouca, junto com seus olhos pequenos demonstra sua sonolência, provavelmente por causa da bebida.

- É que eu preciso treinar muito para cuidar de você. - faço um carinho em sua bochecha, ela fecha os olhos e se inclina mais em direção a minha mão. Mais parece um gatinho fofo e peludo quando faz isso. - Não faça mais isso, não me afaste e se coloque em perigo assim outra vez. Eu prometo que sempre vou confiar em você, mas não me faça ter que provar de novo, baby. Se acontecesse algo com você hoje, não sei o que seria de mim.

Não sei se ela ouviu minha suplica, seus olhos ainda estão fechados e sua cabeça pesada pendendo pro lado. Acho que ela dormiu. Conserto sua cabeça para que amanhã ela não tenha uma dor no pescoço, e dou a ré no carro.

Dirijo de volta para casa, mas não a levo para a casa dela, Travis se irritaria muito se a visse desse jeito. Levo-a para minha casa, subo com ela ainda adormecida em meus braços e lembro-me que ela precisa de um banho antes de ir para cama.

Sento ela no vaso do banheiro e tento acordá-la. Ela abre os olhos lentamente mas ainda parece está dormindo. Ou só bêbada também.

- Eu preciso te dar um banho, consegue ficar em pé um pouco?

Ela acena, então tento a levantar. Com um pouco de dificuldade, consigo com que ela permaneça em pé até que eu retire o casaco de sua cintura e sua roupa de cima.

Não é a primeira vez que estou vendo Alyssa nua, mas me sinto como se fosse. Controlo meus pensamentos e tento enviar sinal para minhas mãos saberem que não é o momento para se excitar em tocá-la.

Levo ela até o boxe e ligo chuveiro, dou um banho rápido nela e tento não molhar seu cabelo, mas foi quase uma missão impossível. Levo ela até a cama e a sento para enxugá-la. Ela me olha de um jeito engraçado, tão concentrada que parece assistir uma peça de teatro. Acho que o banho a alertou.

- Por que me olha assim?

- Está cuidando de mim igual como fazia quando eu era uma criança.

- Sim. Eu trocava as suas fraldas também. - ela parece pensar por alguns segundos até franzir a testa.

- Por que você cuida tanto de mim, Emma?

Paro de enxugar suas pernas e a encaro. Seus olhos mostram o quanto isso a intrigou nesse momento, como se fosse a primeira vez que parou para pensar sobre isso.

- Porque eu te amo. Eu cuidava de você como meu bebê e agora cuido de você como minha namorada, apesar de você não ter deixado de ser minha baby. - sorrio.

- Não conheço ninguém que cuide de outra pessoa da forma que você cuida de mim, por mais que a ame muito. As vezes eu me sinto culpada, você parece se abdicar da sua própria vida para estar comigo.

- Você é minha vida. Eu não terei uma vida para cuidar se eu não tiver você. Se algo acontece a você, é como se atingisse diretamente a mim.

- Mas isso não é normal. Não gosto de imaginar o quão mal você ficaria se eu morresse amanhã.

- Não repete mais isso, por favor. - meu rosto se contorce em desgosto a essa insinuação.

- Eu gosto que você me ame, mas não gosto que tenha dependência emocional em mim, quero saber que você ficaria bem se algo me acontecesse.

- Para! Por que você está falando essa coisas?

- Eu digo isso para o seu bem. Um dia eu vou morrer, Emma, e infelizmente você não vai conseguir evitar, eu só preciso garantir que você aceite isso e não cometa suicídio logo em seguida! - calo sua boca com um beijo. Lagrimas escorrem em meu rosto por todos os pensamentos sombrios.

Eu não suporto nem a ideia de perdê-la, como posso suportar se realmente acontecesse? Não importa para onde ela fosse, eu iria atrás. Não faz sentido continuar em um mundo onde ela não esteja.

- Eu nunca vou te deixar. E nunca vou permitir que nada te aconteça, e se acontencer...eu não me importo em morrer também...não importa para onde você vá, eu sempre vou te seguir, baby.

Te Sigo, BabyOnde histórias criam vida. Descubra agora