Capítulo 15

181 24 0
                                    

POV'Emma

As vezes eu paro para refletir sobre o tempo. É algo que está a nossa volta mas não sentimos, não vemos, ele apenas passa por nós e quando nos damos contas já estamos mais velhos e com novos pensamentos, novas perspectivas e novos desejos. As pessoas que conhecemos também estão mais velhas e o bebê que um dia seguramos nos braços, de repente se torna uma mulher tomando sol a beira da piscina com um biquíni tamanho P.

Eu não gosto do tempo e do que ele faz com a gente. Não gosto no que o tempo nos transforma. Um dia eu estou amando inocentemente um bebê e vinte anos depois estou completamente apaixonada pelo mesmo, tendo sonhos e pensamentos que me fazem duvidar da minha índole.

Mais quatro anos se passaram. Tão rápido que me assusto. Estou com vinte e quatro anos, e Alyssa...ela já não é mais um bebê e nem tão pouco uma menina de dezesseis anos. Agora é uma mulher por quem eu relutantemente tive que aceitar meus sentimentos.

Depois do dia em que sonhei com Alyssa em um momento intimo, eu percebi que algo em mim estava errado. Mas eu não quis aceitar, tentei por dias me esconder dela até que eu descobrisse o que estava acontecendo, entretanto, mais um episódio como aquele me ocorreu, mesmo que houvesse dias sem que fizéssemos nenhum tipo de contato.

Mesmo assim, ainda precisei de bastante tempo para finalmente aceitar o que eu estava sentido. Não deixei de achar que é errado, Alyssa pode ser adulta agora mas ela ainda é quatro ano mais nova que eu, minha melhor amiga e filha do meu "chefe" cujo me contratou para protegê-la.

Apesar de tudo isso, confesso que ficar observando ela se bronzear não me ajuda nem um pouco a continuar lembrando disso.

- Pode passar protetor em mim?

Principalmente quando ela me pede coisas desse tipo.

- Claro.

Pego o protetor e despejo em minha mão para em seguida espalhar em suas costas.

- Não entendo porque você tem que usar biquínis tão pequenos.

Reclamo. Vejo ao longe o jardineiro olhando em nossa direção, provavelmente para bunda dela. Lanço-lhe um olhar mortal e ele logo volta ao trabalho. Mais tarde terei uma bela conversa com ele.

- Uso porque sei que você vai está olhando. - ela se vira um pouco de lado apenas para me olhar. Em seus lábios um sorriso travesso, o mesmo sorriso que sempre assombrou meus sonhos.

Já faz uns dois anos que minha relação com Alyssa melhorou. Não sei se "melhor" é a palavra certa, mas com certeza é melhor do que antes já que ela não me ignora mais. Tia clara tinha razão, toda aquela birra de Alyssa era apenas pela sua idade, quando ela estava com dezoito anos tivemos outra briga pela forma como ela me tratava, e eu pela raiva, não fui para o galpão como sempre.

Eu fugi.

Deixei Alyssa para trás e decidi que ia seguir minha vida sem me importar mais com ela. Fiquei dias fora, me escondi em uma pequena pousada e cada dia lá foi mais difícil do que ter que suportar o desprezo de dela. Eu senti muita falta dela, tanto ao ponto de chegar a emagrecer por não me alimentar bem.

Então eu decidi voltar.

Entretanto minha volta não foi bem como eu imaginei. Eu não avisei a ninguém que estava indo embora, apenas peguei algumas peças de roupas, um pouco dinheiro e saí. Não esperava voltar quinze dias depois com um Travis preocupado, Clara angustiada e uma Alyssa triste. Mais triste do que eu se encontrava.

Achava que quando voltasse ninguém teria percebido meu pequeno sumiço.

Quando cheguei fui abraçada por todos. Sim, Clara, Travis, James o qual nunca estava em casa mas nesse dia estava...e especialmente Alyssa. Eu vi quando seus olhos marejaram ao me ver. Ela me abraçou apertado e fungou no meu ouvido. A melhor parte foi fazer ela sorrir quando sussurrei só para ela ouvir "se eu soubesse que precisava desaparecer pra ganhar um abraço seu já teria feito a muito tempo". Ela riu, me bateu e me chamou de idiota.

Nem a surra que Travis me deu no outro dia me tirou o sorriso do rosto. Ainda mais depois que uma certa pessoa foi quem cuidou de mim. Levei muita bronca dela, já que quando apareço machucada assim, minto dizendo que me envolvi em uma briga, mas cada repreensão valeu a pena.

Depois desse dia nossa relação melhorou, Alyssa cada dia virava uma bela mulher e sua nova forma de provocação passou a ser nesse duplo sentido. Ela ainda se lembra da noite em que me pegou dormindo e chamando seu nome. Nunca se aprofundou me perguntando exatamente o que eu tinha sonhado, mas vez ou outra quando ela traz esse assunto a tona em uma tentativa de provocação, seu sorriso malicioso denuncia que ela deve imaginar o que foi.

Eu também nunca neguei. Nem o fato de ter dito seu nome, e a nenhum de seus atrevimentos como esse de agora. No fundo ela sabe que eu realmente a olho, mas se faz isso em uma verdadeira tentativa de sedução, eu nunca vou saber. Apenas o que eu sei...verdadeiro ou não, eu gosto de suas provocações.

- O problema só está quando eu não sou a única quem vai está olhando.

- Não seja ciumenta, baby. É só o seu olhar o qual eu me importo.

Puxo o ar com toda força por minhas narinas. Eu tento não me iludir com suas palavras, Alyssa sempre teve a necessidade de ter uma provocação entre nós duas para termos uma boa convivência. Seja ela brigas, sarcasmo ou me provocar fazendo coisas que a deixem infinitamente sexy.

Se ela soubesse que não precisa se esforçar para isso...

Termino de passar o protetor por suas costas e, como alguém que não aceita afrontes sem retaliação. Jogo mais protetor em minhas mãos e passo a espalhar em sua bunda.

- Você não precisa passar ai. - ela novamente se vira para me olhar com uma sobrancelha arqueada.

- Eu sei. Mas se é para eu olhar, não quero que você tenha uma insolação nessa parte também.

Ela semicerra os olhos e é a minha vez de dar um sorriso sínico.

Volto para o meu lugar e abro o livro que estava tentando ler. Mas como eu ia dizendo no começo, odeio o que o tempo fez comigo e com os meus sentimentos. É impossível me concentrar com Alyssa ao meu lado. Seja ela vestida ou, principalmente sem roupas.

Hoje com certeza vai ser um dos dias em que meus sonhos me atormentam.

Te Sigo, BabyOnde histórias criam vida. Descubra agora