Capítulo 17

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POV'Emma

Não preciso detalhar o quanto isso me perturbou. Como ele quer que entre tantos traficantes mais experientes do que eu, seja justamente a mim quem execute um trabalho que sabemos o quão importante é para nós dois.

E se eu falhar? Colocarei a segurança de Alyssa ainda mais em risco.

- Não posso fazer isso.

- É uma ordem. - ele exclama. - Escute. Quero que todos me escutem. - ele chama a atenção dos outros. - Eu estou ficando velho, e sei que nesse tipo de trabalho como o nosso, a qualquer momento algo pode me acontecer.

O que ele quer dizer com isso?

- Contra minha vontade ou não, uma hora minha liderança chegará ao fim, e alguém precisará ocupar o meu lugar. - ele continua. - Esse alguém será minha filha Emma. Eu a treino desde os seus quatro anos de idade e sei que não existe ninguém melhor do que ela para assumir o meu cargo.

Balanço minha cabeça em negação. Ser chamada de filha por Travis é algo que me causa sentimento conflitantes, mas a maior parte de mim se emociona com essa declaração. Me sinto assim porque sei o quanto ele tenta ser um cara frio e insensível, desde pequena me tratou bem ao mesmo tempo que me mostrava o meu lugar. No fundo, eu sempre soube que ele me considerava mais do que apenas alguém quem ele contratou. Ouvir ele se referir a mim assim é um privilégio que só Alyssa tem e, mesmo ele sendo um traficante, ele foi muito melhor pra mim do que várias pessoas que tem um trabalho digno seriam. Ele nunca me deixou usar nenhum tipo de drogas, sempre tentou me mostrar o caminho certo mesmo que já estivéssemos no caminho errado. Ele sempre me ensinou a ser uma pessoa boa mesmo sabendo que no fundo nem ele mesmo é. E apesar de ser quem é, nunca tratou mal ou com desrespeito a sua família. Ao contrário, sempre fez de tudo para amá-los e os proteger. Saber que ele me considera alguém que se encaixe nisso me deixa feliz.

Eu nunca quis continuar no tráfico depois que Daniel fosse morto. Minha intenção sempre foi seguir outro caminho que não precisasse caminhar no meio das drogas todos os dias. Mas como recusar um cargo que qualquer um aqui mataria pra ter se o próprio dono do cargo está dando ele em minhas mãos na frente de todos?

- Você será a pessoa quem vai matar Daniel, e assim ficará marcado a sua entrada na história. Futuramente, você vai comandar todas essas pessoas e precisará mostrar do que é capaz para que eles te respeitem. É por isso que precisa ser você, Emma.

Concordo, mesmo temendo o que está por vir. Todos esses anos eu nunca feri alguém de verdade, o máximo que já causei foi uma perna ou braço quebrado. Matar alguém...por mais que eu tenha treinado e me preparado pra isso todos os dias, atirado em imagens de alvos, não é o mesmo que finalmente executar.

Não sei se estou pronta pra isso. Mas esse mundo onde estou, ou você faz sem estar pronto, ou você será o alvo na próxima vez. Mesmo eu sabendo que isso vai me arruinar pelo resto da minha vida, precisarei fazer isso.

Olho para Travis com um olhar determinado, e ele entendeu minha promessa de cumprir essa missão.

Não acompanhei Alyssa na faculdade hoje. Travis enviou alguns homens para vigiá-la de longe. Precisei ficar em treinamento o dia inteiro, sem cessar.

Travis me contou o plano. Daniel saíra essa madrugada, ás 03:00. Ele acha que ninguém sabe sobre sua saída por isso escolheu esse horário para sair furtivamente. Por isso vamos armar uma emboscada para ele na curva da pista direta que segue a prisão. O carro vai passar e vamos bloquear sua passagem, provavelmente haverá uma troca de tiros para matar os comparsas dele que também estará dentro do carro, mas a ordem é manter Daniel vivo. No final, serei eu quem vai enfiar uma bala em sua cabeça.

Já está tudo esquematizado. Agora é apenas esperar que tudo dê certo, e se der...nesta madrugada terei matado minha primeira vítima.

Estou tentando não deixar isso me atormentar. Mas sei que meus pensamentos estão longe quando Andrea me acerta um soco no rosto.

Merda.

O que Alyssa vai pensar de mim se um dia ela souber o que faço?

Outro soco.

Arg!

Provavelmente ela vai sentir nojo de mim e nunca mais iria querer se aproximar.

Dessa vez, quando iria receber novamente outro soco, tento me esquivar mas não adianta muito. Seu golpe acerta meu pescoço.

- Merda, Andrea. - grito com falta de ar.

- Se não estivesse pensando tanto e se concentrasse no treino provavelmente não estaria apanhando. - ela zomba.

Sinto meu pescoço latejar.

- Já passa das nove. Melhor você ir pra casa descansar.

Assinto. viro-me para sair, mas paro com seu chamado.

- Emma? - encaro-a. - Matar alguém pela primeira vez não é fácil, principalmente quando você não deseja isso. Por mais que você queira orgulhar Travis, se não se sentir pronta, é só não fazer. Porque despois que você fizer, não terá mais volta.

Refletindo suas palavras, volto pra casa completamente aérea. Por esse motivo, me assusto com a figura sentada em frente a minha casa.

- Por que esta aqui fora a essa hora? - chamo sua atenção em tom de repreensão.

- Até onde eu sei, sou uma adulta de vinte anos e estou autorizada a ficar até a hora que eu bem desejar na rua.

Sua resposta ácida me faz perceber que ela está brava com alguma coisa. Mas o fato de Daniel sair da cadeia em poucas horas e ela está aqui fora sem proteção me deixou bastante irada.

- Eu não te autorizo a ficar fora de casa nesse horário.

- E quem você pensa que é para não me autorizar de algo.

Sem saber como responder, digo a única coisa que me veio a mente.

- Sua irmã mais velha. - isso a faz me olhar de um jeito estranho e logo em seguida revirar seus olhos.

- Eu não posso ficar fora até essa hora, mas você pode?

Seu contra-ataque me desarma e encolho os ombros sem resposta.

- Eu estava resolvendo umas coisas.

- Você sempre está. - ela diz com raiva. - Seu problema deve gostar muito de ser resolvido, tenho certeza de que você deve está o resolvendo muito bem.

A encaro confusa. Do que ela está falando?

- Você está com a mesma roupa que saiu pela manhã, suponho que seu problema goste muito de ser resolvido por você.

- Do que diabos você está falando? - pergunto, ainda sem entender do que ela fala.

- Você disse que saiu o dia inteiro para resolver algo e, levando em consideração a marca em seu pescoço, imagino que esse algo estava muito bom de se resolver.

Oh! é disso que ela está falando. Ela está achando que eu estava com alguém. Provavelmente a marca a qual ela se refere deve ter sido causada pelo soco de Andrea em meu pescoço.

Seu rosto está quase vermelho tamanha a raiva que ela aparenta estar. Mas por qual motivo exatamente ela está irritada? A não ser que...

- Você está com ciúmes?

Te Sigo, BabyOnde histórias criam vida. Descubra agora