Capítulo 20

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POV'Emma

- Eu falei que isso é errado. - digo ofegante ao interromper o beijo pela falta de ar.

- É só um beijo de amizade. - ela pisca os olhos de forma inocente.

A muito tempo que a inocência não faz mais parte de Alyssa, e o dia em que eu tive que aceitar isso, foi um dia difícil.

- Beijo de amizade, hum? Isso não existe.

- A gente acabou de criar. - ela deixa um selinho em meus lábios. - Afinal de contas, eu preciso treinar para quando for beijar alguém de verdade.

"De verdade", o que ela quis dizer com isso?

- Não seria melhor você procurar alguém da sua idade pra te ensinar?

- Prefiro que seja alguém mais velho por tanto mais experiente. - senti uma pitada de desgosto no fundo dos seus olhos na sua última palavra.

- Somos amigas, Alyssa. Crescemos quase como irmãs, não é certo que façamos esse tipo de coisa.

Tento me levantar mas ela enrosca as penas em minha cintura, me mantendo em cima dela.

- Você não é minha irmã! - ela afirma com afinco. - E amigas fazem isso as vezes.

- Como sabe? Já fez isso com outra amiga antes?

- Não. Mas não tem problema se a gente souber que não é nada demais.

O problema é esse. Tem tudo demais!

- Não! Isso não é certo.

Tiro suas pernas de minha cintura e saio de perto dela. Seu cheiro até parece uma droga, me impedindo de pensar com clareza.

Onde estou com a cabeça. Beijar Alyssa?! Céus! Por que deixei que isso acontecesse?

- Então vou para meu quarto. - ela tenta me ameaçar se levantando.

- Eu acho que é melhor. - respondo sem olhá-la, tentando ignorar suas vestes.

Ela fica alguns minutos parada, consigo sentir seu olhar pesando em mim mas ela não diz nada. Apenas sai batendo o pé, até que ouço a porta debaixo batendo também.

Respiro fundo e me jogo na cama.

O que merda eu deixei que acontecesse aqui?

Isso não pode acontecer outra vez.

Fecho meus olhos mas não adormeço. Fico nessa mesma posição até ter que levantar outra vez para me vestir e sair.

Tenho uma pessoa pra matar. Alyssa conseguiu por algum tempo me fazer esquecer isso.

Pego minha moto na garagem e vou de encontro ao grupo no local combinado. Chego e encontro com todos no lugar, incluindo Travis e Andrea. Escondo minha moto junto aos outros carros e vou repassar o plano com o grupo. Travis faz questão de dizer a todos o quanto não podemos falhar em nada.

Guardo uma pistola na cintura e outra seguro em minha mão que treme sem parar. Tento fazer meu coração parar de acelerar. A adrenalina corre por todo meu corpo.

As 03:00 em ponto todos nos posicionamos. Apenas esperando que o carro certo passe por nós. Olho para Travis do outro lado da pista e ele balança a cabeça tentando me passar confiança.

Eu não quero fazer isso. Não quero ter que viver com a morte de alguém na minha consciência por mais cruel que essa pessoa seja. No fundo eu sou uma medrosa, treino todos os dias por vinte anos para isso e na verdade não consigo fazer algo como matar um assassino.

O silêncio entre nós faz com que consiguemos ouvir o barulho do carro se aproximando. Um dos capangas faz sinal mostrando que é o carro certo.

Em pouco minutos, tudo foi tão rápido que eu achei que tinha me perdido no tempo. O carro se aproximou e foi direcionado tiros no pneu para o parar. Depois atiraram em direção ao motorista e o banco do carona. Sabiam que Daniel estaria na parte de traz. Entretanto, os capangas de Daniel não morreram tão facilmente então me encontrei no meio de um tiroteio, paralisada, a adrenalina abafando meus ouvidos.

Um disparo ao meu lado foi o que me acordou. O barulho foi tão alto que criou um zumbido em meu ouvido. Porém foi o que me fez reagir. Apontei minha arma para um dos capangas inimigos e passei a disparar balas em sua direção junto a mais outros quatro do meu lado que também faziam o mesmo.

Não demorou muito para os dois estarem estirados no chão. Foi verificado se realmente estavam mortos e depois tirada suas armas. Logo Daniel foi arrancado da parte de trás do carro.

Levaram ele até Travis para que fosse dita suas últimas palavras.

- Outra vez nos encontramos. - Travis disse.

- Isso não é o fim. - sua expressão é serena, quase como se ele já estivesse aceitado sua morte.

- Pra você é.

Travis se afasta, os dois caras que o seguram faz ele se ajoelhar e em seguida meu nome é soado.

- Emma. - Travis vem até mim. - Agora é sua vez. - ele anuncia.

Os dois homens que seguravam Daniel ajoelhado, o soltam, saindo de perto enquanto eu me aproximo.

- Emma o seu nome? - ele fala comigo.

Aponto a pistola para sua cabeça. Sua altura muito mais baixa que a minha pela sua posição. Olho em seus olhos. Os olhos de um assassino. Mas ainda assim, os olhos de uma pessoa.

Minha mão treme ainda mais que antes. Trinco o maxilar tentando forçar meu cérebro a reagir. Mas não consigo apertar o gatilho. Sou fraca.

Não consigo.

- Diga a Alyssa que mandei um oi. Logo vamos nos encontrar no inferno quando eu a matar.

Suas palavras são o incentivo que eu precisava. Tão fácil quanto respirar, planto uma bala em sua testa. O barulho é tão alto, ou só pareceu por ter sido eu a apertar o gatilho.

Daniel cai de lado. Morto. Ainda de olhos abertos. Fito seus olhos com ódio como se ele ainda pudesse me encarar de volta. Suas palavras ecoando dentro de mim.

Ninguém vai machucar a minha baby. Eu não vou permitir.

- Muito bem, filha. - Travis toca meu ombro. Ele abaixa meu braço que ainda estava duro, apontando a arma para o homem caído no chão. - Está acabado.

Ele sorri e se afasta.

Todos se movimentam saindo de suas posições tensas. E assim como todos, me movo também. Mas sem que ninguém estivesse esperando, um disparo é soado, assustando a todos.

Um dos capangas de Daniel não estava completamente morto e conseguiu pegar uma arma escondida em sua perna, a disparando sem pensar duas vezes.

Olho rapidamente para Travis, verificando se ele está bem. Mas foi quando minhas pernas ficaram dormentes e eu caí no chão, que percebi que o tiro tinha sido mirado em mim.

Sem conseguir ouvir mais nenhum ruído a minha volta, vejo o rosto de Travis e Andrea antes de os fechar. Mas foi o rosto de Alyssa que apareceu no breu quando eu finalmente me entreguei a escuridão.

Te Sigo BabyOnde histórias criam vida. Descubra agora