Saindo daquela rua escura, ele decidiu ir andando até sua casa. Afinal, são apenas quatro quarteirões e seria bom esse tempo pra pensar.
Um quarteirão depois e Travis começou a ouvir um choro infantil. Ele fraziu a testa e parou por um instante querendo descobrir de onde vinha o som. Olhou ao seu redor e não viu nada. Aguçou um pouco mais a audição e percebeu que vinha de uma lata de lixo a sua direita. Ele deu alguns passos até a lata e pode ver a silhueta de um corpo pequeno, encolhido atrás da mesma. Se aproximou um pouco mais e viu uma cabeleira loira, identificou ser uma garotinha.
Mas o que ela estaria fazendo ali?
- Oi. - ele tentou soar manço para não assustar a garota, mas foi em vão quando a mesma o olhou com os olhos esbugalhados e se encolheu ainda mais. - Eu não vou te machucar, você está bem? - ele se abaixou em frente a garotinha e estendeu o braço para tocar na mesma quando foi surpreendido por um chute em seu rosto.
O homem caiu pra trás desnorteado e conseguiu ver a garotinha que antes parecia tão frágil, correr para um lado qualquer.
Ainda incrédulo e perplexo com a brutalidade e força da garota, passou a correr atrás da mesma. Não para descontar a agressão, mas porque achava que ela poderia precisar de ajuda.
Pelo fato da garotinha ter pernas curtas, Travis consegiu a alcançar facilmente e a segurou pela barriga suspendendo ela para que parasse de correr. Ela se debateu em seus braços e gritou tentando de tudo para se livrar do aperto.
- Ei, ei! Calma, eu não vou te machucar.
Ele tentava acalmar a menina que aos poucos foi se dando por vencida e parou de tentar escapar.
Travis a colocou de volta no chão e a virou de frente pra ele, se deparando com dois grandes olhos azuis enraivados, ainda a segurando pelos braços para que não fugisse.
- Me solta! - ela gritou com a respiração acelerada e tão fraca, já sem froças para lutar contra.
- O que você faz aqui sozinha? - a menina nada o respondeu. Só não cruzou os braços porque os tinha preso pelo homem. - Você tem um chute bem forte e certeiro para uma garotinha de cinco anos.
- Eu tenho quatro! - a menina rebateu, rude, deixando Travis surpreso pelo atrevimento com tanta pouca idade.
- Onde estão seus pais? - e novamente ela não o respondeu.
Olhando suas roupas, que consistia em uma blusa velha dois números maiores que seu tamanho, uma calça surrada que tinha mais buracos que o asfalto das ruas e, seus pés pequeninos e descalços que estavam sujos e feridos como de quem havia andado por muito tempo.
Então ele concluiu. Era uma garotinha de rua. Mas como podia uma criança tão pequena está sozinha nesse mundo perigoso? Nesse mundo cheio de maldade?
"Ela não sobreviveria tanto tempo". - pensou.
- Você está com fome? - os olhos da garotinha brilharam e, como se seu estômago também tivesse ouvido, um ronco se fez no silêncio daquele beco.
Travis sorriu tendo sua resposta.
- Gostaria de comer alguma coisa? - ele perguntou e a menina imediatamente assentiu com a cabeça freneticamente.
Tão ingenua, qualquer pessoa em seu lugar poderia se aproveitar de sua ingenuidade. E como em muita das vezes naquela noite, seu pensamento voou até Alyssa, pensando em como seria horrivel se sua filha estivesse no lugar daquela garota. Ele não podia deixa-la sozinha naquela rua. Talvez leva-la em um orfanato seria uma boa ação. Mas primeiro precisava alimenta-la, não sabia o que era passar fome, mas com certeza era uma coisa que nunca iria querer descobrir.
- Vem, vamos comprar alguma coisa pra você comer. - ele sorriu e estendeu a mão para a garotinha que prontamente pegou.
Quem diria, um mafioso ajudando uma garotinha. Olhando pros dois, um ao lado do outro, quem poderia imaginar?
Riu com os próprios pensamento e andou com a menina até a lanchonete mais próxima. No caminho até lá ele ligou para sua amiga, seu ombro direito que sempre esteve ao seu lado no crime e quando ele decidiu acabar com tudo. Iria encontrar com ela na lanchonete e quem sabe poderia desabafar sobre seus novos temores.
Ele entrou no lugar, procurando por uma figura conhecida e a encontrou acenando na ultima mesa, no fundo do local. Andou até lá e se sentou com a garotinha, a pondo no banco ao lado.
- Olá, Andrea.
- Sem essa de cumprimentos. Vai me explicar logo o que significa essa menina ou não? - a amiga perguntou curiosa, fitando a garotinha com grandes olhos azuis que observa cada canto da lanchonete.
- É uma longa história. Vamos pedir primeiro e eu te conto tudo.
Eles fizeram os pedidos e, enquanto a garotinha se deliciava com a maior refeição que já fizera em sua vida. Travis contou tudo para sua amiga sobre o ocorrido do seu dia.
- Nossa, não sabia que você era esse mafioso todo molenga. - ela diz encarando a garota que bebia seu suco despreocupadamente, claramente se referindo ao fato dele ter a ajudado.
- Eu acho melhor você me respeitar, afinal, agora eu sou seu único chefe. - Travis disse sério e Andrea engoliu em seco vendo ali não mais seu amigo, mas o boss mafioso que sempre temera.
- De qualquer forma eu não minto. Agora você vai ser o poderoso chefão, não pode demonstra fraqueza, ou vão fazer com você o que você fez com o Daniel.
- Isso não é fraqueza, eu vou apenas ajuda-la, a levando em um orfanato. Eu tenho uma filha Andrea. Não me peça para ser insensível. Sou um traficante, não um monstro.
- Não importa, você precisa ser impiedoso, frio, calculista. Não um salvador de crianças de rua. Não é assim que um mafioso deve agir. - ela lança um olhar de nojo para a menina. Dessa vez a pequena loirinha percebe e faz uma nota mental de que não gostou dessa mulher.
- Eu sei disso. - ele revira os olhos com o apontamento desnecessário da amiga. - Mas tudo o que importa pra mim agora é cuidar da Aly e do James, proteger ela é meu único objetivo daqui pra frente. - ele diz mais para ele mesmo. Dois segundos depois um sorriso zombeteiro cresce em seus lábios com um possível pensamento.
- Que sorriso é esse? Sei que quando você sorri assim é porque está pensando em algum plano.

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Te Sigo Baby
Romance+18 As vezes eu paro para refletir sobre o tempo. É algo que está a nossa volta mas não sentimos, não vemos, ele apenas passa por nós e quando nos damos contas já estamos mais velhos e com novos pensamentos, novas perspectivas e novos desejos. As pe...