|Presente|
Eloise AlencastroTem alguma coisa estranha.
Foi isso que concluí quando por volta das 22h passei meu olhar no ponteiro analógico da parede de destaque do quarto, enquanto caminhava de um lado e outro, tropeçando nas correntes e as arrastando, causando um barulho ensurdecedor, pesado e oco sobre o piso de madeira.
Tem três dias que estou aqui dentro e sei exatamente o por que deles terem me amarrado nas correntes e no pé da cama, eu usei meu sangue menstrual para escrever na parede, demonstrando toda a minha insatisfação e ódio por está presa, e não permitindo de forma alguma que suspeitem que não sou cega. Uma pena que minha menstruação já tenha se despedido, mas o importante é que deu certo, não fui estuprada. Aquele babaca só ficou me devorando com os olhos naquele dia. Quando tomei outro banho naquela noite e revirei o banheiro atrás de absorvente, e encontrando eu sai, ele já não estava no quarto, me deu privacidade para vestir a calcinha e me cuidar.
Filho da puta.
Durante esses três dias não vi o Hendrick, e apesar dos seus comparsas entrarem aqui três vezes ao dia com minha refeição e também para me deixar usar o banheiro e tomar banho, continuo mantendo a farsa da cegueira a cada passo que dou, eu sei que nessa porra tem câmeras, e que tem por toda parte e ele está me observando. É o Hendrick, ele não ia dar qualquer ponto sem nó. Eu o conheço há 6 anos, desde a minha adolescência. Ele é meticuloso, silencioso e observador. Ele sente poder em está em toda parte. Lembro-me quando ele começou a aparecer do "nada" em muitas situações. Hoje noto que ele sempre esteve por perto.
Mas hoje em especial, tem algo errado, eu sinto. Veio uma senhora cuidar de mim na parte da tarde e tem uma hora que ela saiu, ela me depilou inteira, me deu banho na banheira, me lavou com muita gentileza, fez massagem em mim, me hidratou, conversou comigo, me tratou muito bem, penteou e secou meus cabelos cheirosos, me vestiu uma camisola bonita, me perfumou e se foi.
Sentando-me na cama, fico cabisbaixa para as câmeras não pegar minha expressão e aperto os olhos, suspirando e soprando o ar que voa meus cabelos soltos em minha face. Segurando na lateral da cama, começo a dar carinho a sola dos meus pés ao desliza-los devagarinho pelo tapete felpudo.
Algo vai acontecer hoje. Eu sei que vai.
Estremeço, olhando minhas unhas dos pés com francesinhas que acabará de serem feitas pela senhora. Ela não cuidaria tanto de mim atoa.
Eu não sei de quem é esse quarto que me trouxeram, mas devo salientar que é muito bonito. A estética do ambiente é acolhedora e aconchegante, o aroma que vinha do difusor era quase sedativo e dava um delicioso cheirinho de loja. As paredes em volta seguia na mesma paleta de cores escuras, porém em tons diferentes. A madeira marmorizara atrás da cabeceira modular da cama usada para decorar o quarto é muito mais sombria e escura que as outras. Era um quarto dos sonhos, grandioso, espaçoso e luxuoso, mantinha o mesmo tom sem perder a identidade ostensiva, havia quadros surpreendentes, lustre de cristal brilhoso, móveis impecáveis e uma cama alaskan king size que media 2,74 metros de comprimento por 2,74 metros de largura. Lençóis marfins enfeitando a cama, muitos travesseiros e as cortinas beges e finas não paravam de voar por está com a vidraça aberta trazendo o ar para dentro do ambiente.
Espero ficar alojada aqui. É o mínimo que a sequestrada merece.
Ouvindo o ranger da porta, ergo o rosto e fico de pé acima do tapete, tateando o ar e firmando os olhos na parede. De canto de olho eu vejo, os dois homens entram. Os dois comparsas. Estão sem camisa, usam apenas uma calça moletom preta, ambos.
— Estou ouvindo as pisadas de vocês. _Comento, apavorada real. — O que vocês querem?
Os dois se entreolharam e persistiram seguindo até mim em passos firmes.
YOU ARE READING
O Maculado
RomanceDARK ROMANCE Hendrick Alencastro vai até as últimas consequências para matar o que sente por aquela que não poderia amar. Por sua aversão asquerosa, isso incluí arrasta-la para o seu jugo, onde irá corrompe-la, desgraça-la e até mesmo, se nada surt...