24° CAPÍTULO

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Eloise Alencastro



Sua reação negativa perante a descoberta era de se esperar, eu só não imaginei que o Hendrick iria ficar tão possesso ao ponto de virar as costas e sair pisando duro, deixando-me para trás com seus amigos. Desentendida da sua reação, porque ele sempre foi de conversar, não hesitei em segui-lo batendo o coturno no chão, o Alexander tentou me impedir, entrando no meu caminho, me encarando como se eu houvesse cometido um crime, e realmente cometi, eu tenho consciência disso, eu só não esperava que o Hendrick, o homem que amo e a pessoa que mais sabe de tudo que sofri, que ele ficasse tão nervoso e me julgasse.

Irritada, reuni forças e empurrei o babaca do Alexander, ignorando sua reclamação idiota, porque passou do tempo em que ele ou Damon poderiam me barrar, não pensei e sai correndo atrás do meu marido, me apressando até o elevador, onde ele segurava no corrimão com tanta força e parecia tentar buscar algum apoio.

Estranhando seus ombros rígidos e a camiseta branca social esticando como se fosse romper cada fio do tecido, eu engoli em seco e dei um passo, o elevador se fechou abruptamente, indicando que ele já havia acionado o botão, estando nós dois acomodados no cubículo de aço e com espelhos para todos os lados, tomo coragem e chego em passos lentos e assustados perto dele, logo as pontas dos meus dedos formigando imploram por algum alívio da sua pele e acontece o toque entre suas costas cobertas. No mesmo instante, o Hendrick me olhou sobre os ombros e com brusquidão se esquivou, minha mão ficou parada no ar e eu o vi jogando o corpo contra o espelho à direita, afastando-se de mim e me quebrando internamente pela distância, o muro que ele estabelecia ao me olhar com desprezo me matava.

Inibida, retrocedi os passos e me encostei na parede à esquerda, meu coração estava com medo e minha respiração para ser profunda era necessário puxar o ar com sofrimento. As lágrimas involuntárias trilharam e o Hendrick massageava sem parar as têmporas com as pontas dos dedos, como alguém que sentia muita dor.

— Minha cabeça vai explodir. _Revelou em tom desesperador e suspirava alto, fitando a luz led do teto e com o peito subindo e descendo, mantendo um ritmo cardíaco que pudesse levar algum ar aos pulmões.

Chorando, eu fiquei preocupada, o corpo dele vacilava e sua expressão era sôfrega, seus ombros suavam debaixo da camisa, a tatuagem em seu pescoço era iluminada pelo suor, ele transpirava excessivamente. Eu nunca havia visto ele tão mal.

— Amor.... _Eu ameacei movimentar os pés, mas de repente, ele me encarou de forma intimidante, o que me fez se sentir pequena, retraída e eu me vi cabisbaixa, com uma vergonha que eu não deveria sentir. — Não chegue perto. _Trovejou e eu estremeci com o tom de voz incisivo me dando ordens.

— Você precisa ir ao hospital. _Alerto e devagar, eu o olho. Ele balançava a cabeça com desgosto. Ali toda a visão fantasiosa que ele tinha sobre mim definitivamente deu lugar a algo perverso e imutável e só confirmou quando sua voz grave e carregada de aspereza fez a acusação:

— Você não é a Eloise por quem eu me apaixonei há seis anos. _Negou, menosprezando-me. — Não tem nem sinal dela.

Ouço e suas palavras ditas com tamanho desamor é como facas afiadas na boca do meu estômago. Tremo, e não estou com frio, tremo porque dói, perfura e corta.

— Eu entendo que esteja chateado comigo. Que a impureza me dominou e não veja mais em mim nada puro. Mas... _Soluço, lutando para conseguir manter a voz. Eu o encaro com firmeza. — Eu não matei ninguém, eles estão vivos ainda...

Ele me interrompeu, analisando-me por alguns segundos antes de continuar me golpeando com sua voz severa.

— Você sujou suas mãos com o sangue desses porcos, Eloise. Não foi preciso matar para ser manchada. Eu sempre te protegi e alertei o quanto você não iria se igualar à eles. _Esbravejou, socando o espelho que trincou e eu me encolhia pelo barulho. Tornando a me olhar, ele fez careta de dor e apertava a palma das mãos nos olhos com força. — Inferno!

O MaculadoWhere stories live. Discover now