O Maculado

8° CAPÍTULO

|Presente|
Eloise Alencastro

Dizem que chorar faz bem para a saúde, no entanto, tudo que sinto é uma tristeza muito grande desde o ocorrido aqui nesse quarto. Vê-lo ali após me dar a mão, chorando e de punhos cerrados esfragalhou minha alma. O Hendrick era ciumento, possessivo e obececado por mim, e isso não acabaria assim. O que ele fez por mim para me proteger naquele ano quando descobriu o que minha irmã fez comigo semanas depois dele ter me levado de uma festa para seu apartamento e cuidou de mim, não se atreveu a nada, apenas ficou ali naquele sofá, abraçado comigo, com um pano entre nós, fazendo-me cafuné e me encorajando a ser forte... Deus! Ali havíamos iniciado tudo e nem percebemos.

Ele me amava, e nosso amor não era bonito como julguei que fosse. Era errado. O maligno estava nos asfixiado, pressionando o mundo para o deixar pequeno a nossa volta para que ficássemos cada vez mais viciado um no outro e mais perto, vivendo quase do oxigênio um do outro. O maligno queria nos ver pecando e arrastados para as profundezas do inferno. Se eu soubesse que beijar aquela máscara demoníaca iria me levar a ama-lo tanto, eu nunca teria feito.

Droga de primeiro beijo imbecil!

E pensar que teve uma época em que éramos felizes, mas isso por que simplesmente não sabíamos ainda a bomba que seria jogada em nossas cabeças.

Agora, sinto que despejei lágrimas engarrafadas de uma vida inteira, lembrar do tempo em que namorei com o Hendrick as escondidas por que eu não queria que o meu pai soubesse, eu tinha receio pelo que ele pudesse fazer com o Hendrick, ficamos juntos durante um ano, enfrentamos nós dois todas as estações daquele ano, veio a primavera, o verão, o outono e o inverno. Em todos os dias de chuva ele estava ali com sua boa música no último volume e com a testa fincada na minha. Os raios mais bonitos eram dos seus olhos me olhando. Por muitas vezes me peguei ansiando pela chuva por que eu sabia que ele viria me salvar. Só que teve uma época em que ele não veio. Eu esperei e ele não apareceu.

Aquele ano foi o mais lindo e esplendido da minha vida. E nosso relacionamento não era como os dos outros, o Hendrick me respeitava de uma maneira tão gostosinha que me deixava perplexa e sem acreditar que ele iria se contentar apenas com aquilo, tudo por que eu era menor de idade. Ele nunca me apresentou seus amigos, dizia que eu era apenas dele, o único que vi uma vez foi o Damon. Em volta de uma fogueira. Aquele olhar oculto nunca poderia ser esquecido. Já o do meu marido sempre foi um azul escuro como um mar trevoso.

Sobretudo, iniciando um namoro cheio de respeito por parte dele, o Hendrick se transformou no meu melhor amigo, onde ele deixava claro que eu pertencia a ele, que meu corpo seria dele no momento certo, mas que enquanto isso ele teria paciência comigo e me ensinaria sobre o mundo, ele cumpriu sua promessa, me ensinou a andar de moto, a dirigir um dos seus mustang veloz, fizemos trilha, acampamos e o máximo que ele fazia comigo como casal era me beijar na boca e isso por que eu chorava para ter.

As vezes me pergunto: Será que o Hendrick não já sabia o que éramos?

Será que tudo isso foi por vingança?

O casamento principalmente. Isso podia sim ser uma forma dele me prender a ele e eu viver o inferno que seria não poder olha-lo como meu marido, mesmo o amando.

Fazer me apaixonar por ele e no fim descobrir que não podíamos ficarmos juntos. Possivelmente seria uma perversa vingança.

— Acho que nunca saberei a verdade, e nem me importa mais. Estou deixando-me desistir. Ele quer isso. Eu quero isso. _Fungo baixinho, limpando meus olhos com o dorso da minha mão.

Recapitulando... se o Hendrick me respeitava, eu já não podia dizer o mesmo, eu era mais atirada, eu o atiçava o tempo todo, adolescente, os hormônios aflorados, assisti-lo jogar sem camisa, o vê-lo na sua moto na saida do meu colégio e me esperando para uma nova aventura, não tinha como não deseja-lo, eu queria minha primeira vez com ele, chorando uma vez de vontade do seu corpo, cheguei ao ponto de me masturbar em cima dele, o Hendrick não housou a nada, mas vendo meu estado ele foi bonzinho comigo e falou coisas no pé do meu ouvido que me fizeram chegar lá tão rápido, que eu só sonhava com os meus 18 anos, e estava tão pertinho... e ele desapareceu. Tudo que o Hendrick queria era que eu chegasse a maioridade para poder me tirar da casa dos meus pais.