29° CAPÍTULO

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Hendrick Alencastro

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Hendrick Alencastro

O perfume floral que a Eloise borrifou em sua roupa de um vidrinho que mais se comparava a uma jóia de luxo exalava por todo o ambiente, espalhando seu cheiro deslumbrante em cada canto, um aroma agradável, suavemente doce, que em junção com o meu ficava ainda melhor.

O dia não começou tão bem quanto eu gostaria, a melhor parte foi acordar e encontrar seus olhos sorrindo para mim após a noite intensa e vigorosa que tivemos nesse quarto, onde as paredes foram testemunhas do ato duramente carnal que nos revigorou.

Mesmo que eu tivesse feito de um tudo para mascarar os sentimentos que ela involuntariamente, só por existir provocou em mim, escondendo dela toda vez que a abusada fixava essas orbes magníficas em mim, não foi uma tarefa fácil, tentei ser ruim, usá-la como já fiz, tampouco consegui, as coisas entre nós mudavam e não sei se foi drasticamente, não tenho controle sobre o que passei a nutrir por ela, só admito que foi visceral... Por mil demônios... porra! Aquilo acabou de um modo tão bonito, e nem sei se mereço tanto.

O que passou a dominar meu coração não me dava o consentimento de machucá-la de forma alguma. Se eu ferí-la, iria desrespeitar aquilo de mais íntimo e profundo que estava me acontecendo.

É foda descobrir que posso ter me apaixonado por ela na ausência do seu silêncio punitivo.

Vestindo o sobretudo escuro, ergui a gola alta da blusa preta que eu usava por baixo e retirei de dentro a corrente de prata, alinhando o crucifixo ao tórax e observando-a do espelho também se trocando, tão silenciosa, triste, longe, as vezes fungando, tudo pela merda que precisei jogar no ventilador sobre os malditos miseráveis.

Uma coisa eu posso jurar, o dia deles estavam contados, eu não os pouparia de absolutamente nenhuma crueldade, principalmente com essa porra aqui diante dos meus olhos e que me danifica a alma, por ver a minha mulher chorando desolada ao ter descoberto parcialmente parte do esquema asqueroso em que ela foi uma vítima.

Imagina como minha mulher não vai ficar quando souber o restante da sua história, que ela, inocentemente, teve sua casa rasgada em uma cabine de avião, sendo essa casa o ventre da sua mãe biológica e que foi raptada, vindo a virar filha desses bandidos sem escrúpulos...

INFERNO DE VIDA!

Eu não vou perdoar nenhum, farei sangrar amargamente quem entrar no meu caminho até matar todos eles.

— Eloise, engole o choro. _Digo em um tom alto para que a desperte do turbilhão que deve está sua cabeça. Ela está tão distante que não me ouve. — ELOISE? _Altero a voz e ela estremece, virando o pescoço e olhando-me com os olhos vermelhos e maçãs do rosto e nariz na mesma cor. — Engole o choro, minha linda, seja forte. Eles não têm mais poder sobre você. _A consolo de longe, meneando a cabeça e vendo do espelho ela assentir.

Eu quero ir abraçá-la fortemente, meu peito clama para fazer isso, mas o processo de ser forte é dela, então ela vai se reerguer sozinha, vai limpar os olhos, me dar as mãos e virá comigo para enfrentar o mundo na terra e o inferno no céu.

O MaculadoWhere stories live. Discover now