43° CAPÍTULO

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Eloise Alencastro


De manhã ao ouvir o ranger da porta, meus olhos ansiosos tratou de ver quem entrava no quarto, crente que o meu inestimável marido voltava da cafeteria. Logo neguei com o coração na mão.

Não era ele...

Desacreditada, minha bile subiu na garganta e o sorriso que preenchia meus lábios dissipava e foi frustrante tentar imaginar se eu estava realmente acordada ou enfrentava um pesadelo.

Como esse imbecil se atreve?

O que ele quer aqui?

Se o Hendrick o ver, irá matá-lo.

Sentindo-me perturbada, apertei os dedos nos lençóis da cama e procurei a Briana com o olhar para me defender caso precise, pois preciso manter meu corpo longe de qualquer movimento brusco.

Hoje, quando acordei ela estava no divã sentada, mexendo no celular, vendo-me ficou muito sorridente e alegou que o Hendrick foi tomar café e logo regressaria para o quarto. Eu não fiz muitas perguntas, o cansaço no corpo de somente ficar deitada começará a me incomodar, seria bom mesmo o Hendrick não me ver resmungando e desabafando com ela, reclamando que não aguentava mais o hospital, os medicamentos e os murmurinhos dos seguranças o tempo todo. As paredes também iriam me enlouquecer a qualquer momento.

Foi bom esse curto espaço de tempo sem ele por perto para que eu pudesse ter a Briana como uma ouvinte e dizer a ela como estou agoniada e me sinto culpada por estar passando por isso. Sinto que faz mal ao meu marido me ter constantemente lamentando o acontecido. Mesmo sendo o filho dele, seu maior sonho, ele sequer brigou comigo pela queda na biblioteca, só me acalmou e cuidou como ninguém, ele sabe que não tive culpa. Eu não sabia da existência do bebê.

O Hendrick vinha se dedicando como ninguém a minha recuperação e confiava cegamente nas pessoas que trabalhavam para ele, eu estou segura enquanto ele bebe seu cafezinho. A Briana é de confiança e eu gostava da presença dela.

E uma coisa é certa, eu vou suportar até o último dia de repouso. Tudo pelo meu filho e pelo homem que acredita em mim. Tudo pela família inteira que ama o serzinho que luta bravamente comigo, dando-me força.

De repente, a Briana se prontificou ao meu lado, estufando o peito e encarando assassina o homem de jaleco que representava sim uma ameaça. Abruptamente, ela sacava sua arma das costas, empunhando-a e mirando no Damon, que tinha um sorriso nos lábios desgraçadamente irônico numa linha reta repuxada para o lado. Babaca infeliz!

Pisco os olhos, desnorteada e olhando as cobertas, reorganizando as ideias em bagunça.

Então eu não vi coisas naquele dia. Achei que estava delirando quando o vi na porta e por isso não quis preocupar o Hendrick com besteira.

Merda!

O Damon está mesmo no hospital e agora aqui, tão perto e não sei com qual propósito.

O Hendrick vai banhá-lo em sangue se vê-lo por aqui.

- Se der mais um passo, eu atiro e acredite, eu sou muito boa de mira. A melhor atiradora do meu chefe. _A Briana ameaçou em tom áspero, rangendo os dentes.

Ainda que meus olhos ardam, eu não ouso a chorar e fito o Damon, ele estreitava os olhos nela, debochado e endireitava a caneta no bolso do jaleco, segurando a maçaneta e empurrando a porta. Incrédula fiquei e o ar suspendeu por alguns instantes, o Hendrick, encarando o chão, estava do seu lado com as mãos no bolso da calça social preta e usando uma camisa branca, as mangas da camisa arregaçada nos antebraços e dois botões abaixo do pescoço aberto revelando sua pele amorenada e traços das tatuagens.

O MaculadoWhere stories live. Discover now