7° CAPÍTULO

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|Passado|
6 ANOS ANTES

Hendrick Alencastro
(20 anos)


Após 24 km pela via Rue de Vaugirard, em 28 minutos cheguei às 10h:05 na cidade de Versalhes, aqui mesmo na França e na cidade vizinha de onde moro.

Estacionando minha moto no meio fio, desliguei o veículo motorizado de duas rodas e retirei meu capacete, prendendo-o no retrovisor, girando o guidão e levantando-me para sair.

Atento ao local, tomei uma respiração profunda e olhei entre os lados para saber se ninguém havia relmente me seguido até aqui, mesmo ciente que tomei a devida precaução eu precisava está sobreaviso, diante de nada suspeito, as pressas atravessei a rua, erguendo o capuz da minha blusa de frio, observando a outra calçada uma vez ou outra e caminhei em passos largos o restante do percurso até chegar no meu destino, onde me apresentei e por fim, fui liberado para entrar no hospital psiquiátrico.

Ainda que ela surtasse com seus transtornos mentais, eu precisava se fazer presente.

— Senhor Hendrick, novamente por aqui em menos de um mês? _A enfermeira atraiu meus olhos e eu retirei o capuz, estendendo a mão e a cumprimentando, a todo instante evitando deixar que meu estômago se embrulhe ao inalar o cheiro do ambiente, até o produto de limpeza tinha odor sedativo. Algo como uma mistura de oxigênio e óxido nitroso, e de odor levemente adocicado. Eu odiava está aqui. — Bom vê-lo de novo. _A jovem senhora sorriu gentil. — Veio vê-la?

— Sim. Seria possível ou as visitas são restritas? _Pergunto, ainda não entendendo como funciona.

— Você pode vir quantas vezes quiser. _Me tranquilizou.

Eu coço minha têmpora e raspo a mão pelos meus cabelos, distanciando os fios que caem sobre minha testa.

— Cheguei no país tem pouco mais de um ano, precisei me estabelecer antes de vir vê-la. Creio que foi o melhor, foi necessário dar esse tempo a ela já que sabemos como fica ao me ver. _Digo lamentoso. Não era para as coisas serem assim.

— Eu compreendo, não se preocupe.

— Ela teve alguma recaída desde a minha última visita?

— Não. Tem sido medicada e até consegue perambular pela clínica, mas você sabe, ela ainda desaba por saudades. O último surto foi há cinco meses, quando ela perdeu justamente o que ela chora por saudades, o bonequinho de pano dela personalizado. _Fico em silêncio, não sabendo muito o que dizer. — Você quer vê-la?

— Sim, por favor.

— Me acompanhe. _Ela seguiu ao meu lado com as mãos no bolso da frente do seu jaleco branco.

Chegando na porta do quarto dela, a enfermeira abriu a porta e me deu espaço para adentrar. Eu olhei para trás e ela assentiu, encostando a porta e me deixando sozinho com a minha mãe.

Com uma sensação de pressão no peito por não saber como as coisas correrão, foi inegável que meu coração não doesse ao enxerga-la deitada, serena, com os olhos fechados. Cuidadoso retirei minha mochila das costas, descansei no sofá e me aproximei da cama, agachando-me com receio de qual seria sua reação ao me ver.

— Mamãe? _A chamo mantendo o tom de voz ameno para não assusta-la e toco seus cabelos longos espalhados sobre o travesseiro.

Ela se contorce, remexendo-se e se espreguiça, bocejando e abrindo os olhos azuis cor de céu. De repente, ela virou o rosto para mim, seus lábios ameaçou sorrir e aquilo me alegraria honrosamente se ela não tivesse piscado os olhos, franzido o cenho, me reconhecido e passado para o lado, pulando da cama e correndo descalça para o canto da parede, se debatendo e arrancando os cabelos.

O MaculadoWhere stories live. Discover now