13° CAPÍTULO

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|Presente|
Eloise Alencastro


Depois do evento quase traumático, minha noite foi inquietante, não consegui dormir, tive breves cochilos picotados, o Alexander que dormiu comigo e dividimos a cama a mando do imbecil do Hendrick, tudo isso por que fiz todos acreditarem que a cega, eu, tentava se matar naquela pia da cozinha. No breu do quarto, o Alexander me aninhava em seus braços a todo momento quando eu despertava por vir em minha mente flashes daquelas mãos grandes em meu pescoço me enforcando na sacada de vidro e aqueles olhos sombrios nas profundezas mais funda dos infernos me encarando no meio daquela máscara diabólica. Ele queria mesmo me engolir com toda a força da sua alma negra. A todo instante, eu abria os olhos em tormento e as lágrimas escorriam copiosamente, pensar que uma parte do Hendrick queria me ver morta dói e sangra o meu coração.

Eu até pensei em contar ao Alexander que a dupla personalidade do Hendrick apareceu aqui, mexeu nas câmeras de segurança e veio obstinado a me matar, mas meu coração trêmulo idiota, burro e apaixonado negou confidenciar esse ocorrido entre nós dois. Uma parte minha quer acreditar que esse Hendrick sim pode exterminar o que eu sinto por ele, aquele diabo de olhar demolidor poderia me fazê-lo odia-lo, mas para isso ele teria de ser subterrâneo, teria de me levar ao pior que ele pode me dar, e quando eu digo o pior, eu quero o que há nesse mundo de mais horrendo arruinando perversamente a minha carne, o meu corpo e o meu espírito, quero algo pior do que essa tortura que não tem fim que é tê-lo destruindo o que sente por mim para me ver manchada e humilhada.

E num ato sem saída, em desesperança, eu concordei com o Hendrick em acabarmos com o que nos liga, mas meu peito e meu corpo sofre por não pretender tanto desprezo e desamor, eu não quero isso, meu maior sonho tem sido implorar a Deus para que ele nos dê forças para suportar tudo, para que faça o Hendrick perceber que assim como me achava uma ursinha pura, o seu amor por mim também era fortemente puro e inabalável, inquebrável, eu só quero que não se quebre, que não seja amundiçado, que permaneça limpo dentro de nós dois, ainda que nos mate, eu não quero que nosso amor morra, eu não quero que ele mate o que sentimos, no fundo eu não quero, Deus!

Minha vida antes dele era uma droga obscena, pais perturbados fazendo merda com os filhos, enquanto a falecida da minha irmã gostava dos episódios intermináveis de erotismo escancarado dos nossos pais, de vê-los transando na escada, na mesa, no corredor, eu sentia repulsa e sempre corria para não ver aquilo, mas as vezes eu era obrigada a assistir.

Enojada, o ato de engolir saliva me conscientiza do vômito chegando em minha garganta. Eu precisei engolir e acabei tossindo, lembrando de como foi horrível ficar com os meus pais quando Hendrick foi embora após aquela ligação. E ele tinha me dado uma aliança de compromisso naquele dia...

Hoje eu sei que ele estava preso, mas passei muito tempo crente que ele havia se cansado de mim. Deus! Como foi ruim passar pelos dias de chuva sem ele. Eu estava tão acostumada a ele...

Minha sorte nesse tempo é que uma mulher, que parecia ter 38 anos, a idade que a mãe do Hendrick teria, já que ele me contou que ela o teve aos 17 anos, ouvi meu pai falar que era uma garota de programa e ela passou a frequentar muito a mansão, isso impedia que meus pais fizesse algo mais terrível comigo, ela mantinha meus pais ocupados e eu ficava em paz, reclusa no meu quarto. Eu a observava pelos cantos, ela andava com um boneco de pano na bolsa, as vezes ela ria para mim, mas ela não falava, eu tinha a sensação dela ser uma menina presa no corpo de uma mulher, ela via meu pai, ficava cabisbaixa e silenciosa e meu pai a levava para o quarto. Aquela mulher sem saber, me ajudou tanto. Talvez se não fosse ela, eu era a escolhida da vez para trepar com os meus pais. Foi assim até o Hendrick voltar e a gente casar.

O MaculadoWhere stories live. Discover now