|Presente|
Eloise AlencastroBastou considerar olhar para a parede de vidro da sala do meu piano, onde acabo de passar horas tocando e combinando acordes, para que meus olhos ardessem e eu tivesse flashes do dia anterior, eu me via ali encostada, o Hendrick agarrado a mim com lágrimas nos olhos azuis obscuros e implorando a mim para que me deixasse se desmanchar, enquanto seu amigo agachado, com a cabeça dentro da minha camisola me dava prazer sobre o tecido da minha calcinha. Que humilhação infernal para nós dois.
Faço careta, provando o gosto amargo do asco e aperto os olhos com força, revivendo as cenas.
Meu maior desejo hoje era ter ficado em casa, há 6 anos, quando a Catarina me chamou para assistir aquela droga de campeonato.
Veja agora, as consequências vivenciadas por conta de uma atração naquele dia. Um olhar que está nos custando lágrimas de punição.
Juro por Deus que o fato dele ter falado comigo, dele ter finalmente aberto aquela boca e me contemplado com a voz grave, num som agudo e estridente e que fez pulsar cada célula do meu corpo, ter se dirigido a mim depois de tantos anos vivendo como desconhecidos e desprezando minha existência na mansão após termos casados ao fim dos meus 19 anos, o ato de falar nos ridicularizou miseravelmente por conter tamanho cuidado diante da humilhação ocorrendo entre nós dois, do demasiado sofrimento do amor que sentíamos ser martirizado e esmagado, era um amor que só ansiava ser aceito e não condenado como fazíamos aqui dentro, no entanto, o pior de tudo sempre seria as nossas lágrimas comparandas a enchentes ensurdecedoras, o rastejar das gotas pelas minhas bochechas me rasgava a pele, por que minha alma já foi pisoteada desde aquela noite na cama onde ele me deu a mão. Isso não vai da certo. Ele não ver isso?
Me dói muito, mas não importa quantas vezes ele queira me ver humilhada, meu coração seguiria sendo dele desde os meus 16 anos. Eu sou uma idiota.
Com dor sufocante no peito, fiquei de pé com cuidado e dei a volta no banco, evito vislumbrar essa merda de parede de vidro que mostra a bela cidade de Paris. Cidade do amor, onde o amor está sempre no ar. Felizmente para quem se ama e pode ficar juntos, era a maldita cidade do amor sim, não era raro ver os namorados abraçarem-se nas margens dos cais, noivos e noivas imortalizarem a sua união junto à Torre Eiffel e outras cenas românticas do quotidiano parisiense. Droga!
As lágrimas escorrem e eu me estagno no chão, vendo o cômodo branco e tão bonito, desenvolvido para me entregar apenas paz absoluta, pensado e reservado para eu curtir o tédio horripilante do meu sequestro. Ele fode tudo. Por que não me joga num quartinho sujo e insalubre e me deixa morrer de fome? É mais fácil se um de nós dois morrer.
Devagar, dou movimento aos pés, tateio o ar e aproveito para deixar os olhos abertos, como tocava o piano e sentia a música no meu corpo, eu mantive os meus olhos por muito tempo fechado, o que era bom e eu podia continuar mantendo minha cegueira. Eu estava obstinada a fugir. Principalmente depois de ontem.
Vagueio pelo corredor no andar debaixo da casa, sentindo-me vigiada a cada passo pequeno que meus pés tocam no piso brilhante. Eu já sabia onde ficava o escritório, o quarto do Damon, o quarto do Alexander e só não sabia ainda onde o Hendrick dormia. Talvez ele nem dormisse aqui.
Com meus dias de cárcere num apartamento luxuoso e com empregados me cuidando e me servindo o tempo todo, percebi que o Damon e o Alexander, entram e saem da casa uma vez ao dia, o Damon costuma vir pela manhã, o Alexander pela tarde. O Hendrick já é uma incógnita, não vejo o horário em que ele chega ou sai. Entretanto, já sei que os horários dos dois amigos são diferentes, isso pode ser por conta do trabalho de cada um, deve ser bem interessante para eles seguir com a vida dupla. E sinceramente, eu acho que a porra do Damon e do Alexander estão adorando toda essa situação minha e do meu marido.
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O Maculado
RomanceDARK ROMANCE Hendrick Alencastro vai até as últimas consequências para matar o que sente por aquela que não poderia amar. Por sua aversão asquerosa, isso incluí arrasta-la para o seu jugo, onde irá corrompe-la, desgraça-la e até mesmo, se nada surt...