Maratona 3/3
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Jp 🔧Meu parceiro, ta ligado quando vem uma parada na mente? Martelando pra caralho? Você não sabe o que é, mas tá ligado que tem alguma coisa acontecendo?
Eu estava tranquilo, pegando caminho pra casa e parei no semáforo quando ficou vermelho, lembrei da Anna e uma sensação logo subiu, e fiquei preocupado, né?
Minha filha é tudo o que eu tenho de mais sagrado nessa vida, decidi fazer o contorno, pra ir buscar ela no inglês e um carro me cortou quando eu ia entrar pela direita.
Jp : Vai se fuder, não ta enxergando não, porra? -Gritei metendo buzina, papo de maluco. Neguei com a cabeça e peguei a primeira vaga que eu vi.
Ia mandar mensagem avisando, mas mudei de ideia e comecei a observar a avenida, logo em seguida ela saiu do prédio e eu liguei o carro, mas franzi a testa observando ela entrar na bmw que havia me cortado antes, esperei pra acionar a seta e embiquei o carro, indo atrás.
Lembrei de altos acontecimentos, pô, de todas as desconfianças que estava surgindo mas que eu deixei de lado quando questionei ela se estava acontecendo algo.
Ele entrou em uma rua estreita, sem saída e eu parei do outro lado, passei a mão no rosto e a raiva me consumiu de uma forma absurda, e eu não sabia o que fazer, me dava vontade de chorar, sem neurose.
Tirei o celular do bolso depois de uns quinze minutos ali e liguei pra ela, atendeu na última chamada e eu umedeci a minha língua.
Jp : Onde você esta? Já saiu? -Questionei.
Anna Laura : Tô quase chegando, pai. -Eu respondi, antes de desligar a ligação e saí do carro, batendo a porta.
Dei a volta, acionando o alarme e não botei fé no que eu vi, tinha um nó imenso na garganta, a questão era decepção mesmo, questão de querer confiar e ser enganado, trapaceado. Anna Lura sempre foi a minha jóia mais preciosa, sempre cuidei como o ser mais precioso do meu mundo.
Jamais idealizei isso, me deparar com ela se entregando pra um cara, no auge dos dezesseis anos. Bati na janela do carro no mesmo instante e depois de um tempo o vidro foi abaixado.
Jp : Termina de vestir sua roupa e vamos embora, você têm um minuto. -Falei firme, observando o cara, e minha raiva era tão grande, que eu nem tinha proporção das minhas ações. Voltei para o meu carro e fiz o contorno, parei em frente ao baco e ela deu a volta para entrar.
Não soube articular uma palavra se quer, não era capaz de olhar pra cara dela. Assim que nós chegamos eu chamei o elevador e tirei a chave de casa do bolso, mas não foi necessário porque a Victória já havia chegado e estava sentada no sofá.
Jp : Você deve me achar com muita cara de otário, não é Anna Laura? -Segurei ela pelo braço, que encheu os olhos de lágrimas. -Vai ficar quieta? Calada? Não tem capacidade pra sustentar suas mentiras? Agora vai querer chorar? Responde, Anna Laura. -Gritei, sacudindo o corpo dela, e a Victória se aproximou.
Victória : O que é isso, João Pedro? -Questionou.
Jp : Fala, Anna Laura, conta pra sua mãe como você estava dentro do carro daquele cara, como se fosse uma puta. -Gritei mais alto, soltando o corpo dela e me afastei passando a mão no rosto. -Me da o seu celular, desbloqueado, agora!
Anna Laura : Pai...
Jp : Me entrega agora ou eu tiro ele da sua mão a força e garanto que quebro ele na sua frente. -Me aproximei, pegando e sentei na mesa de centro, de frente pra ela. -Leonardo? -Questionei, concordando com a cabeça.
Victória : Anna Laura, fala pra gente, filha, por favor...
Jp : Não vai falar porra nenhuma, porque oportunidade pra falar ela teve mais de uma vez. -Murmurei, rodando pro início da conversa. Comecei a ler mensagem por mensagem, em alto e bom som pra ela escutar. Parei em uma de uns finais de semanas atrás com assunto de Angra e eu me liguei que havia sido nos dias que eu estive em São Paulo.
Bloqueei a tela, abaixando a cabeça e não aguentei pô, o choro me consumiu, a coisa que eu mais prezo com os meus filhos é confiança e agir no certo comigo, porque a minha parte eu faço todos os dias.
Victória : O que foi, meu bem? -Perguntou do meu lado e eu neguei, secando o meu rosto.
Jp : Você fumou, Anna Laura? Ficou fora da cidade com esse cara? -Indaguei, engolindo em seco. -Aquele dia... -Comecei a me recordar, quando conversei com ela no quarto. -Eu não estou suportando olhar pra sua cara, tudo o que eu fiz por você, todos os conselhos, todas as vezes que eu pedi pra confiar em mim.
Anna Laura : Pai...por favor. -Começou a falar e eu interrompi.
Jp : Cala a boca! -Gritei mais alto, levantando a mão e o Benício segurou o meu braço, impedindo qualquer ação errada.
Victória : João, eu sei que é difícil, mas a gente precisa ter calma! -Deu de braços, nervosa com a situação.
Jp : Calma? Que Calma, Victória? -Ri em falso. -Garota tem tudo do bom e do melhor dentro de casa, nunca faltou carinho, amor e proteção. A gente trabalha pra poder proporcionar uma vida maneira, pra que uma situação como essa não aconteça. Tantas meninas da idade dela, querendo tudo que ela tem, pra meter uma dessas? Conseguir ser uma incompetente do caralho? Que se entrega pro primeiro cara que aparece? E vai saber se é o primeiro também, que me engana e mente olhando nos meus olhos? Vai se fuder! Você esquece esses ensaios, ta entendendo? -Voltei minha atenção pra ela. -Acabou beach tênis, praia, sair todo fim de semana...esquece o seu celular, absolutamente tudo.
Benício : Vai pro seu quarto, Anna. -Resmungou baixo com ela, que pegou a mochila e entrou. Sentei no sofá, apoiando as mãos no rosto e soltei a respiração.
Jp : E não precisa ter pena, Benício, errou e pronto. -Falei antes dele pensar em falar. -Não tinha necessidade dela mentir dessa forma, não foi falta de eu perguntar.
Benício : Que cara é esse? -Pegou o celular e eu dei de ombros.
Jp : Tal de Leonardo, maluco parece ser maior já, tá ligado em muita coisa nessa vida...fui buscar ela no inglês e dei de cara com ela entrando no carro dele, pararam em um beco ali perto do posto, uma das piores cenas da minha vida, no papo reto. Foi pra Angra com ele, papo de boate, maconha...nem tive estômago pra lê o restante, Anna Laura perdeu tudo comigo, tudo.
Victória permaneceu quieta, olhando pro chão, e estava desapontada tanto quanto eu.
(...)

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pretexto.
FanfictionPretexto vem para dar conta continuidade ao amor de João Pedro e Victória. Anna Laura será protagonista de uma história linda, que abordará diversos temas, como o samba. Tenho certeza que você irá se encantar por essa história.