capítulo 30

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Daqui pata frente só desgraça, aguardem...
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Kai

       O choque tomou conta de mim quando vi Eva saindo da igreja. Seu corpo estava marcado por manchas vermelhas, indícios do que aconteceu entre nós. Sangue escorria de suas pernas, uma imagem que me atingiu como um golpe cruel de realidade. "Eva, você está sangrando!" Minha voz saiu em um sussurro trêmulo, cheio de desespero e arrependimento. Ela fingiu não me ouvir, seu olhar lançando um misto de desprezo puro e odioso. Aquele olhar foi como uma faca atravessando meu peito, cortando qualquer ilusão que eu pudesse ter.

      Meu corpo entrou em colapso emocional. Uma onda de pânico me envolveu, sufocando-me com a consciência do que eu havia feito. Eu não sabia como reagir, como lidar com a magnitude do meu erro. A sensação de repulsa se misturou ao desespero, criando um nó insuportável em minha garganta. Eu quis vomitar, expulsar toda a sujeira que havia dentro de mim, mas não havia nada além do vazio nauseante.

    Meus pensamentos se embaralham em um turbilhão de horror. Eu me vi como um monstro, um predador que não merecia estar entre seres humanos. A visão de Eva partindo, ignorando-me como se eu fosse insignificante, foi a confirmação brutal de que eu havia ultrapassado todos os limites. A culpa me esmagou, pesada e sufocante.

    O que eu fiz não podia ser desfeito. A noção de que eu tinha interpretado seu estado como consentimento enquanto estava bêbado, apenas para perceber que era um estupro quando sóbrio, era um golpe avassalador. Eu não podia escapar da verdade hedionda de minhas ações, não importava o quanto eu tentasse me enganar.

    O ambiente ao meu redor parecia distorcido, como se eu estivesse preso em um pesadelo do qual não podia acordar. Cada detalhe da cena se fixou em minha mente, como se quisesse me torturar com a lembrança viva do que eu havia feito. As luzes fracas da igreja, os murmúrios distantes dos presentes, tudo ecoava em meus ouvidos como um lembrete constante da minha monstruosidade.

    Minhas pernas tremiam, mal suportando meu peso enquanto eu tentava processar o que havia acontecido. A sensação de arrependimento era tão intensa que me deixava fisicamente nauseado. Eu me agarrei ao banco mais próximo, buscando algum apoio para a torrente de emoções avassaladoras que me consumiam por dentro.

    O odor metálico do sangue misturava-se ao cheiro de incenso da igreja, criando uma atmosfera sufocante. Minha respiração estava acelerada, irregular, como se meu corpo estivesse em estado de alerta máximo, pronto para enfrentar um perigo invisível, mas muito real: o monstro que eu me tornei.

    Cada batida do meu coração era um eco do remorso que martelava em minha mente. Eu quis gritar, mas as palavras não saíam. O silêncio ao meu redor era ensurdecedor, uma condenação ao meu silêncio culpado diante do que fiz.

     Eva desapareceu na noite, levando consigo qualquer esperança de redenção que eu pudesse ter. Eu estava sozinho com meus demônios, enfrentando o horror do que eu era capaz de fazer quando deixava a escuridão da minha mente tomar o controle.

......

Saltei da cama tão rápido quanto o ácido do meu estômago queimou minha garganta, pronto para sair.

Sinto o ácido subir na minha garganta, que merda, desde aquele dia eu não consigo dormir direito e meu corpo está recusando qualquer comida.

O ácido queimava minha garganta, uma sensação nauseante que refletia a podridão dentro de mim. Desde aquele dia, não conseguia dormir direito, atormentado por pesadelos onde Eva me matava repetidamente, cada morte mais cruel do que a anterior. Eu estava afundando em um abismo de culpa e desespero, sem saber como escapar da espiral descendente em que me encontrava.

Meu corpo se recusava a aceitar qualquer alimento, cada bocado parecia uma traição à Eva, um lembrete constante do que eu havia feito. A fome era substituída pela náusea, uma manifestação física do nojo que eu sentia por mim mesmo. Eu era uma aberração, um monstro disfarçado de ser humano.

Os dias se arrastavam, cada momento uma tortura. Eu sabia que tinha que enfrentar as consequências do meu crime, mas a incerteza do que estava por vir era quase insuportável. Onde estava Eva? O que ela planejava fazer comigo? Essas perguntas ecoavam em minha mente, alimentando meus medos mais profundos.

O pensamento de esperar pela vingança de Eva me assombrava. O que ela faria quando finalmente me encontrasse? Uma cabeça em uma estaca parecia um destino misericordioso comparado ao que ela poderia realmente planejar. Mas a ausência dela era ainda mais perturbadora, um silêncio sinistro que prenunciava o pior.

A visão do esqueleto no penhasco me assustou mais do que eu gostaria de admitir. A lembrança daqueles ossos amarelados, tão diferentes dos modelos anatômicos que eu conhecia, era uma metáfora grotesca da minha própria degradação. Onde ela encontrara aquele esqueleto? E por que eu deveria me importar com isso quando minha própria vida estava em jogo?

Eu estava à beira do abismo, prestes a mergulhar em um inferno que eu mesmo havia criado. A culpa, o medo, a incerteza, tudo se misturava em um turbilhão de emoções sufocantes. Eu sabia que não podia escapar do que eu era, do que eu havia feito, mas ainda assim, uma parte de mim ansiava por redenção, por perdão que eu sabia que não merecia.

O unico sinal que ela estava aqui era o esqueleto no penhasco mas quando fui lá ontem ele havia sumido.

    Eu só quero.... Me desculpar com ela. Mas esse é o problema não é? Ser alvo dela e não saber quando ela vai surgir pata comprar o que eu tirei dela.

   Que estranho, ela não está na sala, mas ninguém senta no lugar dela. Ela deveria estar vindo para as aulas. Eu queria perguntar se ela vai vir, mas Eva já ficou alguns dias longe da escola. Ela pode.

— Eu preciso beber. — Will disse emburrado. — Muito.

— Só porque a Emmy te deu um fatality final? — Damon disse e Will não respondeu. Mesmo se tivesse feito a mera do trovão do lado de fora não deixaria que ouvissemos.

   Não demorou nem 15 minutos para começar a chover. A vontade de ir para casa é maior do que tudo. Ainda mais depois do Will ser o único que sabe o que eu fiz. Embora eu quisesse said daqui está chovendo para inferno. Mas Will saiu da sala e não demorou muito para ele supostamente chegar lá embaixo. Damon levantou tão rápido que a cadeira dele caiu.

— Eva está lá fora. É a Eva não é? — Foi tão automático que eu nunca vi a minha sala tão reunida para olhar para uma janela.

— Hey! Voltem a seus lugares, Eva não vai mais vir as aulas. Ela está com problemas de saúde. — A professora disse e eu mordi minha língua.

Mas quando olhos para janela e vi Eva em pé no meio da chuva, e Will indo até ela eu fiquei estático, é meio dolorido, eu sujei ela. Machuquei ela, mesmo assim ainda não queria que o Will fosse lá.

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