capítulo 93

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Kai

Por que?

Olho para o papel e olho para ela com mads no colo. Ela está pedindo o divórcio? Eu devo estar louco e isso é um pesadelo, Eva ficou estranha depois do the cove, então eu achei que ela superaria como sempre fez, comprei jóias, roupas e trabalho de casa, mas ela não trocou uma palavra sequer comigo até hoje. E agora ela me pede o divórcio? Tá de brincadeira? Ela é egoísta pra caralho eu assumo que fui egoista sim, e me arrependi muito, porque simplesmente eu não fui útil de nada. E quando eu notei que tinha feito merda eu voltei, mas ela não falava mais comigo e o Mads não parece saber que os pais não estão bem.

— Por que?

— Estou cansada dessa brincadeira. — ela disse e eu tranquei o maxilar. Brincadeira? Cinco anos das nossas vidas são brincadeira?

— Vai se foder, isso não tem graça.

— Não estou brincando, eu andei pensando, eu acho, que eu mereço mais do que eu tenho, eu mereço ser uma pessoa realizada, e sossegada. Mereço atenção e ser prioridade.

— De novo essa merda de prioridade! — Bati na mesa e o garoto pulou no colo da mãe dele. Merda. — eu dou todo meu tempo para você! O que você quer! Ainda é por causa daquela merda no the pope? Já pedi desculpas? Milhões de vezes!

— Que tempo? — Ela pergunta irritada — você passa o dia no escritório, só vai até mim quando quer foder, esquece que eu sou sua esposa não sua boneca de foda, eu não quero você me tocando nunca mais, você não dá o mínimo de importância para o Madden! Madden ficou doente três vezes em todos esse meses que voltamos, e não te vi uma vez indo ao quarto dele! Mas seus amigos te chamam e você corre como se fosse a coisa mais importante da sua vida. Então estou saindo da sua vida.

Mads doente? O que ela falou? Que eu a trato como uma boneca? Eu não faço isso, eu durmo com ela, ela goza, então porque está tão magoada? E outra vez ela falando dos meus amigos.

— Eles estavam lá Eva, antes de você.

— Não Kai. Pelo que me lembro, nunca houve antes de mim com seus amigos, sou amiga de infância de todos vocês, eu conheço o Damon e Will a mais tempo que você, então não existe um antes de mim, eu sempre estive lá. Durante, mas eu era estranha e parecia uma assombração, então não dava para perceber não é mesmo?

— Você se isolou! Não me culpe por você sempre estar sozinha ou você esqueceu o que você vivia fazendo no ensino médio.

— Como esquecer? — ela disse sorrindo com escárnio. — Caso não se lembre, eu fiz tudo o que fiz porque você começou, porque você fez o que fez e se não tivesse feito, talvez eu não estivesse aqui.

— Estaria com quem? Alguém te aguenta além de mim! Seus gelos, sua falta de afeto e seu egoísmo? Me diz alguém que te quer Eva então eu assino essa merda e vou embora!

   Congelei, fechei os olhos e me joguei contra a cadeira, eu não disse isso disse? Eu disse. E como eu disse, porque sempre sou eu hein?

Eu fiquei em silêncio, tentando processar tudo o que Eva tinha dito. A raiva estava presente, mas por baixo dela, havia um medo profundo. Medo de perder minha família, de perder ela. O que eu podia fazer? Como consertar isso? Ela tinha razão em muitas coisas, e eu sabia disso. Mas admitir era difícil, muito difícil.

— Eva, por favor, não faz isso. — Minha voz saiu mais baixa do que eu esperava, quase um sussurro. — Eu... eu posso mudar. Eu sei que errei, mas me dá uma chance de provar que eu posso ser melhor.

Ela olhou para mim, seus olhos estavam frios, mas eu podia ver a dor lá também. Ela não estava feliz com essa decisão, mas parecia decidida.

— Kai, eu já te dei chances demais. E eu te avisei muitas vezes, mas você nunca me ouviu. Eu não tenho mais forças para continuar assim. Isso não é bom para mim, não é bom para o Mads, e no fundo, não é bom para você também.

Eu senti um nó na garganta. Era difícil de aceitar, mas ela estava certa. Eu não a ouvi quando ela precisava, e agora estávamos aqui, no ponto de ruptura. Mas o que eu poderia fazer agora? Eu queria lutar por ela, pela nossa família, mas parecia que cada palavra que eu dizia só piorava as coisas.

— E o Mads? — Perguntei, desesperado para encontrar alguma forma de fazer com que ela reconsiderasse. — Você vai mesmo tirá-lo de mim?

Ela suspirou, e pude ver a batalha interna em seus olhos. Seus ombros caíram levemente, como se a decisão estivesse pesando mais do que ela queria admitir.

— Tirar de você? Não seja hipócrita, você nem o vê direito, não sabe nem quais são as cores favoritas ou desenhos. Tirá-lo de você? Me poupe, você não quis isso. Eu passei nove meses com ele, um ano com ele, dois, e você entrou na vida dele só depois disso. Você não viu. Não sentiu, tanto que você não se importa de gritar quando ele está por perto.

As palavras dela eram como facas. Cada uma cortava profundamente, mas também trazia uma certa clareza. Talvez, no fundo, eu soubesse que isso estava vindo há muito tempo, mas nunca quis admitir.

— Eva... — Minha voz falhou, e eu precisei me recompor antes de continuar. — Eu te amo. Eu amo nosso filho. Repensa isso, você disse que jamais iria se divorciar de mim!

— Você disse que me amava e que eu era importante mesmo sendo assim. Mas claramente não é. Agora que estamos falando na língua dos malditos, vamos ser claros? Eu sou linda, rica, influente, bem-sucedida, jovem e tenho uma máquina de fazer obras-primas no meu útero. Não preciso de migalhas suas e nem meu filho. Meu pai me ama, meu irmão me ama, então, seu merda, eu não preciso que você me ame dessa forma tão chula para saber o que é ser amada de verdade, porque sei que amor é incondicional, e você não me ama. No máximo, seu pau precisa de mim. Assine essa merda. Se não, vou te dar uma recordação ótima dos tempos da escola e dar um bom motivo para você se foder.

Eu estava paralisado, o peso de suas palavras me atingindo como um caminhão. Cada acusação, cada verdade cruel que eu evitava reconhecer, tudo estava ali, exposto e inegável. Eu não sabia o que dizer, o que fazer. Ela estava pedindo para sair de um ciclo de dor que eu mesmo tinha ajudado a criar.

Eva se levantou, segurando Mads com firmeza, como se ele fosse a âncora que a mantinha estável. Seus olhos estavam fixos em mim, desafiadores, mas também cansados. Eu queria implorar, queria prometer o mundo, mas sabia que qualquer coisa que dissesse agora soaria vazia.

— Eu mereço o máximo de alguém Kai, não o mínimo que você me dá. E se ninguém for capaz eu sou alto suficiente me amo o tanto que você não conseguiu em cinco anos dez anos, quinze anos.

Quando a porta se fechou atrás dela, o silêncio na casa era ensurdecedor. Eu me sentei de novo, segurando a cabeça entre as mãos, tentando entender como tudo tinha chegado a esse ponto. Preciso de ajuda...

Decido ligar para o Michael.

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