capítulo 38

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Eva

O sol se punha no horizonte, tingindo o céu de tons alaranjados e rosados, enquanto eu observava Will andando em minha direção como um bebê pato, atrás de mim. Não que eu tenha ido exatamente buscá-lo na escola; na verdade, vim aqui para pegar algumas coisas com Nessa. Mas, como sempre, Will apareceu na hora errada, ou certa, dependendo do ponto de vista.

Nessa, como uma sombra silenciosa, ajudou-me a carregar as caixas para o meu BMW. Tinha que pegar as coisas que deixei no meu armário, preparando-me para o que viria em seguida.

— Eva... Você adotou um filhote? — Nessa brincou, provocando Will.

— Não sou um filhote. — Will respondeu, pegando uma caixa das mãos de Nessa. — Por que não está treinando?

— Por que você não está treinado? — Nessa retrucou, lançando um olhar desafiador para Will.

— Eva e eu temos assuntos. — Will disse, quase com um ar de superioridade. — Né, Eva?

— Sim. — Respondi, mantendo meu olhar focado no que estava por vir.

— Ata. Você prometeu acabar com o Kai. — Nessa comentou, ainda incrédula. — Não achei que seria tão séria, Eva.

Não se trata de ser séria; é apenas uma questão de cumprir minhas promessas. Cada pessoa que prometi algo, receberá o que foi prometido: Nessa terá a chance de se vingar de Michael, Kai será traumatizado até o âmago de sua alma, Damon ganhará um carro novo, e Will terá algo que nunca dei a ninguém sem ser drogada ou ferida.

— Aliás, Nessa. — Will disse, pegando outra caixa da minha mão. — Você está estranhamente quieta. Nenhuma provocação para o Michael?

— Vou esperar o momento certo. — Nessa respondeu, olhando-me com calma. — Tudo tem seu tempo, Will. Relaxe.

Com todas as minhas coisas no carro, olhei para Will, que estava apoiado no capô, me analisando atentamente.

— O que vai fazer? — Sua pergunta ficou suspensa no ar enquanto eu simplesmente entrei no carro, ignorando-o momentaneamente.

Ele entrou em seu próprio veículo, e eu suspirei irritada, um pouco incomodada com a facilidade com que ele sempre aceita tudo. Mesmo que ele seja adorável e atraente, às vezes sinto meu corpo reagir ao dele, o que complica ainda mais as coisas.

O caminho até o chalé era conhecido, cada curva da estrada familiar como uma velha amiga. O sol desaparecia gradualmente, deixando para trás tons de laranja e roxo que pintavam o céu como uma obra de arte em constante mudança.

Will seguia meu carro, mantendo uma distância calculada, como se ele também estivesse imerso em seus pensamentos. O silêncio reinava entre nós, mas não era desconfortável; era como se as palavras não fossem necessárias naquele momento.

Ao chegarmos ao chalé, a atmosfera tranquila do lugar envolveu-nos como um abraço familiar. O chalé era uma mistura de nostalgia e serenidade, com suas paredes de madeira envelhecida e o cheiro familiar de pinheiros e ar fresco.

Estacionamos os carros e saímos, o ar frio da noite acariciando nossos rostos. O lago, com suas águas escuras e misteriosas, ficava ao fundo, refletindo as últimas luzes do dia.

— Sempre bom estar aqui. — Will quebrou o silêncio, seus olhos percorrendo o horizonte.

— Sim, é um refúgio. — Respondi, sentindo-me mais relaxada ao respirar o ar puro e ouvir o suave farfalhar das folhas.

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