capítulo 79

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Kai

   Não acredito no que eu acabei de ouvir, pior mão acredito que isso saiu da boca da Rika. Como ela pode dizer isso para mim, eu não sei onde está minha esposa, tenho pesadelos com o cadáver dela, meu filho tem condições estranhas e lembra da mãe dele como se ele fosse um adulto, eu não sei mais como mentir para ela sobre onde ela está. Ele é inteligente, um pouco perdido no mundo a parte dele. Mas...eu não sou como ele. Eu sinto que se eu souber que perdi a Eva antes de nós vermos outras vez eu poderia morrer.

Quantas vezes eu implorei para ela me deixar morrer. Ou que ela morresse antes de mim.

Antes parecia uma gaiola que eu imploraria para sair. Mas a porta está escancarada e eu não dou um passo para fora. E agora mesmo eu dizendo centenas de vezes que não quero ninguém de metendo em nada relacionado a Eva e eu. Ela continua.

— Ela deve ter morrido Kai. Pense com um pouco de razão. — ela disse vindo até mim para pegar meu filho. Mas puxo mads das peças de quebra cabeças e ela me olha com surpresa. — O que foi isso. Eu só ia brincar com ele.

— Não quero conversar. — Digo entregando uma caneta e puxo uma quantidade exagerada de canetinhas e lápis de cores e deixo mads rabiscar os papéis que ele tem para desenhar em cima da cama. — Eu já falei inúmeras vezes Rika, eu sou devoto a minha esposa. E a amo, Eva não morre. Ela vai voltar, vai olhar para todos nós com uma expressão ácida e vai agir como se fosse melhor que nós e pronto. Então pare de me infernizar com isso! Eu não quero transar eu só consigo transar com a Eva, apenas com ela. Pare de fazer eu me encontrar com pessoas por acaso da sua influência. Sky, Collin, Diana para com isso. Elas não fazem meu tipo e eu sou casado.

— e se ela morreu. Mads é só um bebê. Você está se dando tanto a ele que não está conseguindo ser você...

— Esse sou eu Rika. — Minha voz saiu mais fria e irritada que eu queria mas não ligo. — Eu sempre quis ter filhos e me casar, nunca vou trocar meu filho para ouvir planos e coisas desnecessárias. Eu sou marido da Eva e só dela. E se ela morrer vou ficar sozinho. Se mais alguma mulher vi na minha porta me dar condolências vazia dizendo que minha mulher está morta eu juro por Deus Rika. Você va conhecer uma parte de mim que eu não quero mostrar.

   Ela morde os lábios e se senta no sofá com os olhos cheios de lágrimas, eu não ligo muito eu gosto de ser direto, mas parece que sou fraco contra ela. Ela é minha amiga. Mas já passou dos limites. Ela tem que se casar com o Michael o quanto antes.

— Você mudou.

— Eu nunca mudei Rika, minha personalidade sempre foi podre. — Digo prestando atenção no que mads está fazendo. Ele está todo sujo de canetinhas.

— Eu não posso...ter filhos Kai. — Queria que fosse spoiler mas a Eva já tinha dito isso tipo dois meses depois do casamento.— Então eu me ressenti. Como ela pôde ter um bebê tão lindo e esculpido por deuses e eu não. Eu não entendo. Ela sempre foi a pior pessoa que eu já vi, mas ela sempre tem tudo que eu quero. Até uma relação onde você é totalmente devoto a ela. Duvido que ela não sabia tudo de você.

— Ela sabe se tudo porque é psicopata. — Digo um pouco sério. — e também eu nunca fiz questão de esconder isso dela. Eu não conto, ela descobre, e minha relação com ela sempre foi boa dentro do casamento. Ela nunca deu motivos. Eu dei todos eles e acho que isso é Deus me castigando por fazer essa merda. Então você acha que é injusto ela ter tudo que ela quer? Eu acho injusto ela não ficar com o mads por como meses, é injusto com ela. Ela sempre foi ótima, em tudo que prometeu ser. Eu espero que você consiga ter um filho e se arrependa do que está fazendo. Porque nunca fomos justos com ela.

Eva

— eu acho que isso está errado. — Digo olhando para meu pai.

— Não está Eva. — Frazi a testa para ele. — Você não tem 14 anos. Tem vinte e sete.

— Eu sou adulta? — E ele afirmou me entregando o espelho.

   Que merda. Olha para esse rosto, sou eu obviamente, mas mais velha. Então isso é verdade não é mais uma pegadinha irritante do Kai?

— Como você está se sentindo.

— Quero ir para casa e dormir. — Digo para o médico.

— Você perdeu sangue e ficou muito tempo sem oxigênio no cérebro, então a perda de memórias deve ter sido apenas temporária. — ele disse para meu pai, mas eu continuo com esse coisas. Não sei o que são mas não gosto de sentir.

— Ela está bem pelo resto do corpo? — Meu pai perguntou e o médico chamou de canto, mas  eu não liguei, me sentei na cama e puxei todos esses fios de mim. Eu hein.

     Esperei eles terminarem de conversar enquanto algo no meu dedo chamou minha atenção, era um anel preto entrelaçado com uma fita de ouro. Fiquei mais animada e tirei ele. Não sei o que é, mas tem coisas escritas nele até uma data.

Kai Mori 17/05

    Uma imagem bem apagada surgiu na minha cabeça, estranha porque eu estava de terno em um casamento e Kai estava nele. Mas ele não gosta de mim, vive me olhando como se eu fosse uma aberração que não cai nos encantos dele.

Meu pai voltou e me viu olhando para o anel, ele se sentou ao meu lado e suspirou, lá vem uma bomba, das nucleares.

— Tem três coisas que você precisa saber. — ele disse calmamente. E eu aguardo ele me dizer. — Sua mãe morreu Eva.

   Deixei a aliança cair, senti um pouco de falta de ar, quis vomitar, impossível, mamãe estava bem, ela até disse que eu deveria me esforçar no próximo jogo, ela sempre foi saudável não tem como ela morrer.

— Eva...— Meu pai me abraçou e eu senti como se meu mundo estivesse no chão, quis gritar, tudo doía. — Você está chorando, pelo amor de todos só céus. Não chore, me faz sofrer tudo novamente.

— Pai...— Agarrei ele e ele me segurou com mais força — Como sobrevivemos a isso?

— Não sobrevivemos Eva. — Ele disse acariciando meu cabelo. — Todos os dias tudo fica cinza.

— Não gosto disso. Não gosto de senti isso. — Digo limpando meus olhos. Dói tudo, parece que arrancaram meu coração do peito a força.

— O que você está sentindo? — O médico me pergunta e eu não digo. Que insolente.

— Conte para mim Eva. — meu pai disse e eu comecei a sentindo meu queixo tremer. — Está doendo? Como está se sentindo?

— Parece cinza. Derretido. Parece que tem algo me queimando por de baixo da pele. Gelado, dói. — Digo me encolhendo na cama. — Não gosto de sentir isso, não sei controlar... não gosto de não controlar.

— É luto. — Olhei para meu pai. — Se quiser, podemos terminar a conversa outro dia. Deve está rasgando por dentro.

  Afirmei mordendo meus lábios. Meu pai me deixou na cama e me deu um beijo na testa.

— Descanse um pouco.

— quero ir para casa. — Digo com o rosto no travesseiro.

— Espera mais um pouco. — ele disse — Vai estar bem para ir para casa.

    Não estou bem, não quero chorar, me sinto vulnerável, não gosto disso. Não gosto de emoções. Como eles vivem. Com.isso?

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