41 - Jantar Descortês

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E agora, de volta ao momento do jantar em família, Akenmyuu refletia na promessa que fizera a tia-avó, estando determinado a cumpri-la e proteger sua família do mau que residia ali com eles, antes conhecido como seu próprio tio-avô. 

A pequena Myu-Tsuki, em sua fase falante, terminava de contar sobre a tarde que passou brincando com a avó materna, e sobre as novas musiquinhas infantis que a babá havia ensinado naquela manhã. Aken deixou que a irmã falasse, era melhor que por enquanto os pais prestassem mais atenção nela, enquanto ele se focava nos próprios pensamentos de como daria início a tão necessária conversa com eles. 

Contudo, obviamente não demorou para o rei e a rainha perceberem que o filho estava mais quieto do que o habitual, e agora que Myu-Tsuki tinha terminado, querendo ou não, toda a atenção, seria para ele.

— E você, meu amor, como foi o seu dia? — Anmyuu perguntou, virando o rosto para o príncipe.

— É, filhão, você está um pouco quieto hoje, está tudo bem? 

Kinmyuu complementou de seu lugar na ponta da mesa. Seu rosto se mantinha calmo, mas era possível notar uma silhueta sutil de preocupação enquanto olhava para seu primogênito.

Akenmyuu apoiou de volta no prato o garfo em sua mão esquerda e respirou fundo. Tinha pensado muito e não queria contar tudo enquanto estivessem ali à mesa, principalmente na frente da irmãzinha que era nova demais para participar de tal conversa. No entanto, ele estava decidido a contar que tinha acontecido algo e que gostaria de conversar em particular com os pais depois. 

Estava prestes a abrir a boca, quando, como por uma ironia de forças opostas do destino, naquele exato momento, o par de altas portas duplas de acabamento refinado da sala se abriu num estalo suave, revelando a presença de ninguém menos que o agora declarado inimigo da família do príncipe. 

— Desculpem o atraso — disse Heimewdall tomando seu assento à mesa. Havia um curativo em seu rosto, sobre a bochecha esquerda.

Por uns instantes, Akenmyuu se mostrou estático diante da presença dele, não conseguindo esconder em seu rosto de dez anos a mais pura expressão de indignação e revolta. Seu coração batia acelerado, pulsando em suas veias com uma mistura de raiva e descrença. Aken sentia cada músculo de seu pequeno corpo tensionando, lutando para conter a tempestade que parecia querer explodir dentro de si.

— O que houve com o seu rosto, tio? — Kinmyuu perguntou, notando o curativo.

— Ah, isso? Não foi nada demais, apenas um incidente com uma dama que… não entendeu muito bem minhas intenções… — Heimewdall respondeu, enquanto colocava o guardanapo de seda bordado sobre seu colo.

Kin e Anmy se entreolharam intrigados tanto com a resposta como com o suposto incidente, mas acharam melhor não perguntar mais sobre o assunto, ainda mais com as crianças presentes. No entanto, ao contrário de seus pais, por mais que estivesse lutando para manter sua compostura, Aken simplesmente não conseguiu manter-se quieto. 

— Talvez ela tenha entendido muito bem… E o senhor teve o que mereceu.

— Talvez ela tenha entendido muito bem… E o senhor teve o que mereceu

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