28 - Entre Espinhos e Rosas

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Mais cedo, antes do Magistrado ter chego ao palácio, Kinmyuu e sua rainha planejaram algumas ações quanto a situação do Grimório e decidiram as medidas primordiais a serem tomadas. Por aconselhamento da Rainha, foi decidido que embora o desaparecimento do artefato sagrado ainda não fosse divulgado a população, era cabível que cada governante majoritário dos demais reinos soubesse do ocorrido.

E agora, após o Grande Rei e o Magistrado terem acertado todos os detalhes sobre sua parceria na investigação de Mewthazar e finalizado o assunto, a hora do soberano supremo se reunir em uma assembleia internacional de emergência se aproximava.

- Tem certeza de que também não gostaria de comparecer, Magistrado? Afinal, é uma reunião com os governantes de todas as nações do nosso mundo, e o senhor também é um.

Kin perguntou uma última vez, enquanto ambos os felins deixavam o escritório do rei e se dirigiam aos jardins do palácio.

- Agradeço o convite, rei Kinmyuu, mas já sei até em detalhes a mais sobre a pauta que será tratada. Além disso, não tenho mais o direito de me ver como o governante de Homsafetown, apenas zelo por eles no papel de magistrado. E também imagino que minha presença misteriosa e repentina geraria algumas dúvidas sobre qual reino eu represento. Considerando que meu povo prefere se manter incógnito, acho que não daria certo de toda forma.

Quase involuntariamente, Kin acabou soltando um suspiro pesaroso.

- Posso confessar uma coisa, Magistrado? Eu nunca entendi por quê os habitantes de Nova Homsafetown preferem se manter escondidos... Quer dizer, eu até conheço a razão histórica disso, mas já se passaram mais de mil anos! Não é justo que achem que precisam se esconder do resto do mundo para sempre. Além do mais, do meu ponto de vista, ocultar sua presença das outras nações dá a terrível impressão de que os atos imperdoáveis do Arcanjo da Morte atingiram o objetivo dele de não haver mais reversos neste mundo, espalhando a mentira generalizada que não são confiáveis. É como se em parte ele tivesse vencido, e isso pode ser usado como desculpa por outros puros preconceituosos que ainda acreditam que ele talvez não estivesse tão errado, que ele não foi um verdadeiro monstro! Pra ser sincero, isso me incomoda muito. Não te acontece o mesmo?

Mewhicann fez uma pausa ao trocar de passo, parando e se virando para o rosto de Kinmyuu. Se lembrava de uma conversa muito parecida, de teor quase idêntico que tivera com o pai de Kin, algumas décadas atrás.

- De certa forma, sim, mas não posso deixar de dizer que os entendo. Realmente, não é o ideal, mas é mais fácil, mais seguro. Como acabou de dizer, ainda existem puros preconceituosos; talvez muito mais próximos do que você imagina... - é claro que o magistrado se referia a Heimewdall. Como todos, Mewhicann fizera uma promessa solene e inquebrável de manter o segredo da família real da Luz, no entanto, não poderia perder aquela oportunidade.

- ... Entre se expor lutando pelo 'correto' e sermos sujeitos a discriminação e suspeitas, ou ficarmos ocultos e termos paz tanto exterior quanto interior, acho que pode entender porque meu povo escolheu a segunda opção. E acho que até mesmo eu me encaixo nisso, afinal, vim disfarçado para o seu palácio, não é?

- Vou entender se me disser que o senhor também se sente mais confortável assim, mas, por minha parte, ocultar sua real aparência não se faz nem um pouco necessário.

Respondeu Kin, conforme voltavam a caminhar.

- Sei que não, e por um lado, eu também não ligaria. No entanto, como eu disse, esconder é a saída mais fácil. Eu não queria assustar nenhum puro do seu reino ou provocar suspeitas em qualquer autoridade. Ainda mais numa semana de portais, eu estaria pedindo pra provocar uma comoção.

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