18 - Uma Xícara de Sinceridade

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O Lorde das Trevas ocupava o assento símbolo de sua supremacia. Estava concentrado, com os olhos nas páginas de um tenebroso livro de capa negra que segurava - seu próprio grimório, que o acompanhava desde a adolescência - onde buscava um dos feitiços necessários para o plano que estava em andamento.

Fechou o grimório assim que a dama de Mewleficent apareceu com a princesa, na entrada da imponente sala do trono. A pequena, impecavelmente arrumada, usava um elegante vestido de estilo embonecado, repleto de laços e babados, e a coroa delicada estava perfeitamente centralizada em sua cabeça.

Devimyuu levantou-se do trono e veio caminhando em direção a filha e a dama de companhia. Mewnita prostrou uma reverência ao rei antes de se retirar e deixar a princesa aos seus cuidados.

- O-oi papai... - Disse a filhote, em expectativa e ao mesmo tempo um tanto nervosa quanto ao que lhe aguardava, erguendo a cabeça para olhar pra ele.

Devimyuu a observou atentamente de cima a baixo. Mewleficent continuou sem saber o que pensar, até que ele se inclinou um pouco e mexeu delicadamente em sua franja, afastando uma das mechas de sobre seus olhos.

- Você está muito bonita. - O rei elogiou, esboçando um sorriso sutil.

- Ah, bom... - A filhote tentava disfarçar o quanto gostou do elogio - É que a Mewnita me arrumou toda porque disse que você mandou me chamar.

- Sim, eu mandei. Nós precisamos conversar, filha.

O Lorde das Trevas estava um tanto sério, porém falava calmamente e a olhava de forma branda. Ele segurou em sua mão, e magicamente os teletransportou até uma das estufas do palácio, onde uma mesa servida com chá e pequenos doces refinados os aguardava.

Mewleficent olhou encantada para a mesa posta. Ela esperava uma bronca ou algo do tipo, mas deparou-se com uma das atividades favoritas que gostava de praticar com o pai e que há muito não faziam.

- É uma festa do chá? - Ela perguntou, quase não conseguindo conter a satisfação. Agora entendia porque estava tão arrumada. Provavelmente Devimyuu deve ter comunicado que chamava a princesa para um encontro formal.

- Bem, é... Imaginei que se sentiria mais confortável se conversássemos assim.

Ambos se sentaram, e Mewleficent notou que dessa vez não havia empregados para servi-los. Estavam apenas a menina e o pai.

- Mewleficent, eu quis chamá-la porque depois do que aconteceu hoje, percebi que eu e você temos alguns assuntos para esclarecer que não posso adiar mais.

Mewleficent se mostrou cabisbaixa, olhando para a xícara de chá de kabóbra em suas mãos. Já era de se esperar que depois de seu ataque de birra e do castigo, a conversa com o pai envolveria essa questão. No entanto, por alguns instantes, a princesa teve a impressão que poderia escapar disso.

O rei respirou fundo.

- Eu entendo que esteja magoada, e você tem o direito de mostrar como se sente. Mas Mewleficent, eu sou o seu pai, você não pode me responder mal e muito menos levantar a voz pra mim por causa disso. Não vou admitir esse tipo de malcriação. Além do mais, você é uma princesa, deve se comportar como tal.

Por um momento, Mewleficent até ficou um pouco surpresa pelo pai estar mais incomodado com o modo como ela disse do que com suas palavras ditas.

- Tá, mas você também gritou comigo... - a filhote argumentou num tom manhoso.

- Sim, e eu errei. Eu não devia ter gritado com você, e por isso, peço desculpas. Mas não me arrependo de castigá-la, Mewleficent. Precisa entender que se comportou mal e por isso foi necessário.

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