No início da criação, Ghaceus se tornou o pai do primeiro felin mortal ao criá-lo com a própria essência de seu ser e seu sangue divino.Ludibriando seu irmão para obter uma chama do fôlego de vida, Ghanog foi capaz de realizar o mesmo feito, obtendo seu próprio herdeiro terrestre: o primeiro reverso que criou com toda a essência do puro mal por qual se deixara dominar e seu próprio sangue; algo que ele não fez ao criar os outros reversos.
O sangue de Ghanog deu origem aos portadores das Sombras para contrabalancear os representantes da Luz, com a existência do primeiro Arquêmonio, Ciffermyuu - o filho mortal do Deus da Escuridão. Tão vil, sádico e impiedoso quanto seu pai divino. Imperando sobre a primeira geração de reversos como um temido ditador sanguinário, ele governou com punho de ferro através de um regime opressivo, reinando absoluto durante os primórdios do Mundo Reverso.
Até que, traído por um de seus próprios filhos cansado de se submeter a suas atrocidades, Ciffermyuu encontrou seu destino final na primeira Grande Guerra, derrotado na batalha contra sua nêmesis - Kinmyuu Mewkhael, o filho de Ghaceus. No entanto, a morte não trouxera seu fim permanente, afinal, ele era um Arquemônio. Seu progenitor divino transcendeu o espírito de semideus do filho o revivendo em Vilhell, o consagrando como o diabólico governante do plano infernal e rei de todos os demônios que ainda estavam por vir.
E agora, ali estava ele. Com os enormes chifres de capricórnio, olhos negros como um vasto mórbido de escuridão e aquelas íris tão vermelhas quanto chamas e sangue, responsáveis por devorar incontáveis almas ao longo dos séculos. De dentro do Sombríage, o Primeiro Arquemônio fitava o Terceiro, encarando com desaprovação seu descendente rebelde.
Em troca, Devimyuu apenas o fitou com despeito. Não temeu a Ciffermyuu, nem na primeira vez que se manifestou para ele, aos 15 anos, durante a primeira transformação do jovem Lorde das Trevas em sua verdadeira forma divina. Devimyuu o rejeitou naquela ocasião, e mesmo que as circunstâncias não permitissem que o rejeitasse agora, de forma alguma o Arquemônio Original teria sua devoção e muito menos seu respeito.
- O que você quer? Eu estou ocupado. - Ralhou Devimyuu, dando as costas para o espelho amaldiçoado.
- Não. Não estás. Caso contrário, eu não estaria aqui, sendo obrigado a encarar tua face de herege. Me responda, Terceiro Arquemônio, por acaso após três anos, esqueceu quais são tuas únicas prioridades?
- Não sei do que está falando - Devimyuu respondeu apenas isso, embora no fundo, soubesse exatamente ao que Ciffermyuu se referiu. Durante os três últimos anos vinha agindo no limite entre burlar e não quebrar aquela maldita cláusula de seu pacto com Ghanog. Mas se Ciffermyuu estava ali, ele temia que tivesse se arriscado demais.
- O tempo urge para agir segundo seu destino como o escolhido do Soberano Ghanog e libertar meu pai, enfim realizando sua vontade. Foi isso que se dispôs a fazer e sabes o que acontecerá se não cumprir tua parte, traidor desleal...
O atual Lorde das Trevas enfim se virou para o deus demoníaco no espelho arcano. Seus olhos o fitavam com ódio.
- Eu ESTOU cumprindo! O feitiço do Mizantri já foi obtido, meus subordinados estão com quase todos os itens necessários para o ritual, eu só preciso...
- PRECISAS PARA DE AGIR COMO SE AINDA VIVESSE ENTRE A ESCÓRIA DOS PUROS E SER O LORDE ARQUEMÔNIO QUE JUROU QUE SERIAS! - Ciffermyuu vociferou, com seu timbre demoníaco fazendo tremer as paredes do Santuário das Sombras, aumentando a pressão espiritual sufocante no ambiente. - Acha que não estamos o observando? Tens um pacto a cumprir, mas, ao invés disso, parece que preferes quebrar uma cláusula dele. E acho que já passou da hora de cobrar o preço por isso
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Reinos de Mysticat - Elos Entre Mundos
FantasiaDois destinos, dois Grandes Reis e dois mundos opostos mas ainda assim ligados. Há mais de três mil anos, Ghanog - a divindade suprema da Escuridão, voltou-se contra seu irmão Ghaceus, a divindade suprema da Luz. Sua desunião trouxe o desequilíbrio...