Sorte ou Azar?

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Maria levava Ana para os fundos da casa e enquanto passavam pelo lugar, Ana olhava para todos os cantos, admirada com a beleza.

-Ele está bem ali na frente. _disse Maria, mas Ana não prestara muita atenção. Seus pés apenas a guiava atrás da senhora educada, enquanto seus olhos encantados, observava a casa. Para Ana, era realmente muito linda.

Assim que atravessaram a piscina, Maria alcançara seu chefe que estava sentado à um banco de costas para elas, enquanto pintava alguma paisagem no quadro. Este era uma dos hobbys preferido dele.

-Senhor Depp, a senhora que o senhor disse que viria está aqui para a entrevista. _Ouvindo sua cozinheira, Depp colocou o pincel que segurava, na água e limpou as mãos antes de se virar ao mesmo tempo que Ana, deixando de prestar atenção na beleza da casa, olhou para ele, e quando seus olhos se encontraram, chocados, ambos exclamaram.

-'Você?'

O clima havia ficado estranho e Dona Maria tinha percebido isso. Tanto seu chefe quanto a moça se encaravam. Maria olhou de um para o outro, e decidiu que era melhor se retirar e deixa-los sozinhos.

-Se me dão licença.

Ouvindo a senhora, Ana quebrou o contato e desviou o olhar vendo Maria voltar para a casa.

Quando olhou de relance para o homem a sua frente, ele ainda olhava para ela. Ana certamente estava um pouco aborrecida. Como ela poderia adivinhar que Johnny era na verdade o mesmo homem que a havia acusado de roubo há duas semanas atrás? Afinal havia tantos Johnny's no mundo, quais eram as chances de ser justamente este a quem ela tinha um desentendimento?

-Isto é muito curioso. _ele disse

-Ham? O quê? O que é curioso?_Ela perguntou sem timidez.

-Nos encontrarmos de novo depois do que aconteceu. _ele respondeu enquanto cruzava os braços. _-Quais eram as chances disso acontecer?

-Pois é... me faço essa mesma pergunta.

-Então você é a pessoa que Amélia disse confiar...Sim. Isso é muito curioso.

-Eu não sabia que você era você...quer dizer, o senhor. Amélia me disse que se chama Johnny, mais nunca pensei que fosse o mesmo daquele dia horrível. _Ana divagou e John levantou indo até ela.

-Olha, eu realmente sinto muito pelo que te acusei.

-Também sinto muito por ter pego sua carteira e tentado ser gentil em lhe devolver.

Ele não iria admitir mais havia gostado daquela resposta. Tanto que sorriu discretamente.

-Acho que era melhor eu não ter vindo aqui. Com licença _John voltou a seriedade

-Espera! Você veio para entrevista. _Ana parou de costas para ele_-Eu soube que precisa de um emprego, então porque não fica e me conta um pouco mais sobre você e suas experiências anteriores?

Ana lentamente se virou para ele que aguardava pacientemente por uma resposta. Ele parecia muito calmo, o que era o oposto do homem que tinha conhecido antes. A jovem suspirou e voltou a se aproximar dele.

-Vamos nos sentar. _John caminhou com ela até as cadeiras da área de lazer e cada um se sentou, sendo separados apenas por uma pequena mesa redonda entre elas.

-Trouxe seu currículo?_ele perguntou colocando seu celular em cima da mesa ao lado.

-Sim. _Ana pegou o papel dentro de sua bolsa e o entregou_-Aqui.

John o pegou e o analisou.

-Hum...aqui não diz sobre sua experiência com crianças.

-Bem, era um hobby. Eu sempre gostei de crianças, então alguns amigos me deixavam cuidar de seus filhos enquanto estavam fora.

Depp olhou para ela

-Entendo.

Ele voltou a olhar para o papel.

-Nunca teve um trabalho fixo?

-Uh..._Ana esfregou nervosamente uma mão na outra e Depp percebera seu nervosismo. _-Eu...posso dizer que não tive tanta sorte como esperava.

Ele olhou para ela por alguns segundos vendo que Ana evitava olhar para ele.

-Sinto muito. _disse Depp de repente pegando-a de surpresa. _-Já estive nessa posição no começo. Então posso entender um pouco o seu lado.

-Ah. O senhor já passou por algo assim?

-Uhun..._ele voltou a olhar para ela, quando Ana bufou desacreditada _-O que? Não acredita?

-Bom, é que o senhor é...o senhor... dono de uma empresa milionária com muitas filiais espalhadas pelo mundo. É um pouco difícil de acreditar que tenha passado por problemas antes. Quero dizer, não me leve a mal, mas vendo o senhor assim tão bem, não consigo ter uma visão diferente.

John sorriu ladino e assentiu

-Te entendo. Foi difícil me acostumar com isso também...quero dizer, minha vida mudou muito. Mas quando eu era mais novo precisei lutar para chegar onde estou. Não foi fácil, mais consegui.

-É de se admirar. _ele olhou para ela e disse:

-E você está no caminho certo, senhorita...Clark. _Leu o sobrenome no currículo, mas também seu nome composto. _-Por não ter desistido até hoje.

-É a única maneira de sobreviver nos dias de hoje, senhor. _disse ela pensando nas várias tentativas de arrumar um emprego e os vários nãos que recebera. _-Então preciso estar sempre preparada, ter esperança e nunca perder a confiança, principalmente em mim mesma.

-Isso é bom. _ele disse voltando a olhar para o papel. _-É uma pena que não tenha experiência assinada em carteira para tutoriar crianças.

-Eu...hum...eu entendo. O senhor não ficou impressionado com meu currículo e não é o que está procurando. _Ana pensando precipitadamente, se levantou. John a seguiu com o olhar. _-Então não irei mais tomar o seu tempo, senhor. Passar bem. _ela fez uma referência e saiu. Depp franziu o cenho para aquela reação vendo a mulher ir embora.

[...]

-Oi senhorita. Espero que tenha conseguido. _disse a simpática cozinheira quando viu Ana passar pela casa. Ana não respondeu, mais parou de repente quando vira uma mulher e um garotinho entrar na casa. Era o mesmo garotinho do incidente e a mulher, reconhecendo Ana, sorriu.

-Você por aqui? Então você é a moça que o senhor Depp iria entrevistar! Que coincidência.

-Uh...oi. Sim. Eu não sabia que vocês moravam aqui.

-Na verdade eu sou a governanta. Me chamo Natali, e cuido da casa há cinco anos. E o Théo é o filho mais novo do senhor Depp.

Ela olhou surpresa para a criança que estava segurando a bola, mais que sorria para Ana.

-Uh...isso é mesmo uma coincidência.

-Senhorita Clark! _Todos ouviram a voz do homem que parecia tentar alcançar a mulher. _-Ah! Aí está você. Natali, que bom que chegou...oi filho.

Théo apenas olhou para o pai e saiu dali deixando um clima estranho que Ana percebeu. Maria foi atrás da criança resolvendo cuidar dela enquanto os outros conversavam.

Ana viu Depp coçar os cabelos e olhar para ela.

-Nós ainda não terminamos a entrevista, senhorita.

-Hum...

-Natali, esta é a senhorita Clark, a candidata para a vaga.

-Sim. Nós acabamos de nos falar, mas conhecemos-nos um pouco antes na rua, senhor.

-Oh! Mesmo?

-Sim. Se não fosse por ela, Théo poderia ter sido atropelado

-Espera, o quê?

Depp olhou de Natali para Ana e as levou para o escritório, pois queria saber os detalhes dessa história.

...

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