[...]
Ana acabou passando a noite toda na mesma posição, assim como Johnny; mas no início da manhã, ela acordou primeiro, se levantou e esticou o corpo dolorido antes de recolher a bandeja intocada. Segurando-a, Ana olhou para o homem que ainda dormia, e deixou o escritório indo até a cozinha, onde encontrou Maria, que acabara de acordar.
-Bom dia, Ana. _disse a doce senhora
-Bom dia, Dona Maria.
-Já fez o seu próprio café da manhã?_Dona Maria perguntou ao ver a bandeja nas mãos de Ana.
-Não. Preparei isso ontem a noite, mas acabei adormecendo sem comer. Acho que estragou.
-Hun...entendi. _Ana jogou o sanduíche no lixo e lavou o prato e a bandeja. _-Sabe se o senhor Depp ainda se encontra no escritório? _Maria perguntou
-Sim. Acho que ele ainda está lá.
-Ó...coitadinho. Ele realmente deve estar chateado com alguma coisa. Dona Natali estava soltando os cachorros ontem com o Otto, pedindo para ele levar alguns documentos de um lado ao outro da cidade e me enchendo o saco achando que é a dona dessa casa. Sinceramente, essa mulher já está passando dos limites.
-Eu sinto muito Dona Maria. As coisas estão difíceis, mas vamos ter paciência e acreditar que tudo irá se resolver.
-Assim eu espero, Ana. Estou nessa casa há dezoito anos, e nunca passei tanta raiva com as ordens de uma governanta como hoje. Dona Natali está me tirando do sério.
-Compreendo. Ela tem ficado no meu pé desde que assinei o contrato definitivo com o senhor Depp. Uma loucura. Às vezes eu acho que ela tem ciúmes dele.
-Ciúmes? Isso quer dizer que minha teoria pode estar certa. _Ana franziu o cenho e Maria se aproximou para falar mais baixo com ela_-Veja bem: pra mim, Natali age assim porque é afim do senhor Depp desde muito antes da senhora Depp falecer. A própria senhora Depp me dizia que achava as atitudes de Natali estranhas, principalmente quando via seu marido. Taí uma explicação plausível para toda aquela chatice. Por sorte, o senhor Depp nunca olhou para ela com outros olhos, se é que me entende.
-Acha que não?
-Não. Eu o conheço há muito tempo... ele tá começando a se apaixonar sim, porque posso ver nos olhos dele, mas tenho certeza que não é pela senhorita Parker.
-Ele está...se apaixonando?
Ana pensou sobre isso, mas não pensou em si mesmo como opção.
-Eu soube que no hospital, antes da senhora Depp piorar após o acidente, ela tinha pedido a ele para refazer a vida caso ela partisse... claro que ele recusou viver uma vida sem ela, mas depois de muito insistir, ele concordou de que faria de tudo pelos filhos...porém Dona Katherine pensava que ele não poderia ficar sozinho para sempre, então o pediu que se apaixonasse novamente por alguém que o amasse e que gostasse dos filhos deles. O senhor Depp continuou relutante, e quando voltamos do enterro eu o ouvi conversando com a foto dela no escritório dizendo que ele jamais se apaixonaria novamente, pois ela era o grande e único amor de sua vida. Mas é claro que ele não conseguiu cumprir a promessa. John está se apaixonando aos poucos por alguém, mas eu ainda não faço idéia de quem seja ela.
-Se sua teoria tiver certa e seja ela quem for...é uma mulher de sorte.
-Ó se é!...vou preparar o café. Farei um mais forte e sem açúcar, pois se John passou a noite toda no escritório, ele provavelmente encheu a cara. Deve acordar com uma ressaca brava.
-Bom, então capricha, porque eu acho que ele vai precisar. _Ana sorriu para Maria que também lhe sorriu. Logo Ana deixou a cozinha para aprontar as crianças. Hoje era sábado, e elas iriam para suas aulas adicionais. O dia seria livre pra Ana.
Após arrumar as crianças, Ana os levou para tomar o café da manhã e depois, enquanto eles esperavam Otto tirar o carro da garagem, ouviram a porta do escritório abrir. Natali que já esperava do lado de fora, ficou na cola do chefe.
-Senhor... está melhor? _John saiu e viu seus filhos na sala. Ele acenou para a pergunta de Natali e foi até as crianças.
-Oi papai. Bom dia. _Lizzie e Théo o abraçou.
-Bom dia meus filhos. Dormiram bem?
-Uhum.
-Você está bem, pai?_Alex se aproximou para cumprimenta-lo. _-Ficamos preocupados.
-Eu estou bem, filho...onde está Ana?
-Na cozinha.
John acenou e começou a caminhar até lá.
-O senhor pode falar comigo..._disse Natali indo atrás dele. _-Não precisa se esforçar para ir até lá.
-Preciso falar com a Ana, não com você, senhorita Parker. Então, se puder sair da minha frente, eu agradeço.
Natali ficou sem palavras e saiu da frente dele. John continuou seu caminho até a cozinha. Ao chegar, ele viu Ana no balcão ao lado de Maria.
-Ana! _Ela ergueu os olhos encontrando os dele. _-Preciso falar com você. Venha ao escritório, por favor...Bom dia Maria.
-Bom dia senhor.
John saiu da cozinha e Ana olhou para a cozinheira que já estava olhando para ela.
-Vai lá. _incentivou e Ana seguiu o chefe.
As crianças já haviam saído com Otto então ao passar pela sala, Ana cruzou seu olhar com o de Natali que a olhou furiosa. Para provoca-la, Ana levantou uma sobrancelha e foi até o escritório.
John já estava sentado à mesa.
-Feche a porta por favor.
Disse ele, e assim Ana o fez.
-Ana eu...eu acho que tive um sonho..._ele não estava olhando para ela_-Sonhei que você estava aqui...tinha passado a noite comigo...uh...digo, em minha companhia. Eu estava muito bêbado, não conseguia discernir o que era real ou não...Então espero que esclareça minhas dúvidas, por favor. Isso foi um sonho ou...
-Não foi um sonho, senhor. _John ergueu a cabeça para olhar para ela._-Eu de fato estive em sua companhia.
-A noite toda?_perguntou surpreso
-Hum...sim. O senhor bebeu muito, acabou adormecendo aí na mesa, então eu vim até aqui para lhe trazer um lanche, mas o encontrei apagado e...não tive coragem de o deixar aqui sozinho.
-Eu me lembro de você falando algo...Você disse:.."estou aqui...não vou a lugar algum"...eu estava alucinando?
-Eu disse isso também...olha, me desculpa se ultrapassei a barreira, mais o senhor é o culpado disso. Quem manda chegar daquele jeito e ficar aqui trancado a tarde e a noite inteira sem sequer dar notícias? O senhor deixou todo mundo preocupado. Eu quase enlouqueci de preocupação e...eu-eu me senti horrível por não poder estar aqui com você, John! Por isso decidi que viria mesmo assim. Mesmo que me mandasse sair ou que me demitisse, eu não poderia te deixar aqui sozinho e não me arrependo disso!
Ele apenas olhava para ela sem dizer uma palavra, mas no fundo estava admirado.
-Eu não sei o que se passou...Não sei o que aconteceu para deixa-lo tão vulnerável, mas eu peço que confie em mim para contar o que está te incomodando. Sei que sou apenas a babá, mas posso ser uma boa ouvinte também.
John arredou a cadeira para trás, se levantou, e veio até Ana. Segurando as laterais dos braços dela e olhando em seus olhos, ele disse:
-Você é mais do que apenas a babá, Ana. Você é meu anjo.
Impactada, John a puxou para seus braços a abraçando com carinho enquanto deixava um beijo no topo da cabeça dela.
-Obrigado por tudo. De verdade.
Ana passou os braços ao redor dele e se aconchegou em seu peito.
-Eu estou aqui pra você, John.
Ela não podia ver, mais ao ouvir o que Ana disse, Johnny sorriu.
...
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A Jovem e o Cavalheiro
RomanceAna Sofia é forçada a deixar a casa dois pais por causa de sua madrasta. Sem um trabalho fixo, e sem ter onde ficar, Ana pede ajuda à sua ex-professora de intercâmbio, que acaba conseguindo uma entrevista como tutora na casa de uma família rica que...