Na manhã seguinte, Ana se arrumou colocando sua melhor roupa para parecer apresentável para o chefe, logo saiu do quarto para aprontar as crianças.
Assim que elas estavam arrumadas, Ana as levou para o andar de baixo e para a cozinha, onde encontrou Alex e John conversando. Ao entrar, eles trocaram olhares e Ana acenou dizendo silenciosamente que estava melhor do que a noite passada. John sorriu ladino e deu atenção aos menores que correram para ele.
Ali com supervisão de Maria e Natali, a família tomou café da manhã e logo descobriram que John era quem os levaria para a escola, pois ele havia dado o dia de folga a Otto.
Minutos depois todos estavam no carro e John deu partida deixando casa um dos filhos em suas escolas. Por último, deixaram Alex e observaram quando o menino foi recebido por Angelina com um abraço, logo eles acenaram em direção ao carro e seguiram para dentro do prédio.
Assim que o filho se afastou, John olhou para Ana que percebendo o olhar do chefe, olhou para ele e sorriu timida.
-Ainda falta algumas horas para o almoço. _disse ela quebrando o incomodo silêncio do carro. John sorriu.
-De fato. _ela o acompanhou_-Mas tenho outros planos com a senhorita até lá. _Ana abriu e fechou a boca sem conseguir formular uma frase. Percebendo como soara sua própria frase, John tentou corrigir. _-Queria dizer que eu gostaria de leva-la a um lugar antes.
-Uh...ok.
-Confia em mim. Acho que irá gostar. _disse ele ligando o carro
-Tenho certeza de que irei. _Ele a olhou e sorriu enquanto começava a dirigir.
Longos minutos depois, chegaram ao local. John saiu do carro, o rodeou e abriu a porta para Ana que saiu observando tudo em volta. Não era o que ela esperava.
-Onde estamos? _perguntou ela
-No meu lugar favorito de todos os tempos. _disse ele sorrindo em seguida. _-Eu costumava vir aqui para colocar as idéias no lugar. Pensei que seria bom pra você relaxar.
Ela olhou para ele e sorriu ao ver a imensidão marítima a frente com uma bela paisagem do outono. Ele subiu em uma pedra e ofereceu para ajudar Ana a subir. Quando estavam na parte mais alta, eles se sentaram com os pés livres enquanto observava o lugar.
-É lindo. _disse Ana voltando a olhar para o chefe. _-Obrigado. _John olhou para ela e sorriu.
-Fico feliz que tenha gostado.
Eles ficaram observando o horizonte, até que Ana suspirou e começou a contar sua história.
-Não conheci minha mãe biológica. _John prestou atenção _-Ela morreu quando eu tinha apenas cinco meses de vida, então um tempo depois, meu pai se casou com a nossa vizinha, Marta. Ela já tinha um filho que é quatro anos mais velho que eu. No começo Marta até me trava bem, mas sempre quando meu pai estava por perto. Quando ele não estava, ela simplesmente me ignorava ou me castigava, na maioria das vezes por algo que não fiz. Papai nunca estava presente para presenciar um ato dela contra mim, então a medida que fui crescendo e sofrendo sozinha, descobri que Marta sempre quis exaltar o filho dela, queria que ele tivesse tudo que meu pai poderia dar, enquanto fingia que eu não existia. Meu irmão, James, o filho dela, por outro lado, nunca preferiu estar na posição de melhor filho. Ele era o único que percebia como sua mãe agia comigo, e na maioria das vezes era ele quem estava ao meu lado me consolando. Sabendo que meu pai nunca iria acreditar em mim, decidi sofrer em silêncio, sempre que me perguntava algo, eu dizia que estava tudo bem para que Marta não me punisse se eu dissesse algo sobre suas atitudes comigo. Então felizmente alcancei a idade que Marta não pode mais tocar em mim, então passou a me atacar com duras palavras de desprezo. Continuei ouvindo-as em silêncio, para respeita-la, pois ela ainda era a mulher da casa que 'cuidava' de nós. Um dia meu pai me pediu para dizer qual era o meu sonho, e eu disse que sonhava em ir para um intercâmbio no Brasil. Com muita relutância, Marta assinou o documento junto com meu pai para me enviar ao Brasil com minha orientadora, Amélia Davis.
-Amélia foi sua professora?_John estava surpreso.
-O senhor a conhece?
-Sim. Ela foi quem ligou para mim e pediu que eu a entrevistasse, pois confiava em você. O marido de Amélia é um dos sócios da empresa e Amélia foi uma grande amiga de minha esposa. Nos conhecemos há anos.
-Meu deus!...eu jamais poderia imaginar.
-Pois é. Mas me diz, quanto tempo ficou no Brasil?
-Um ano. Foi sinceramente o melhor ano da minha vida sem os insultos de Marta. Quando retornei à Los Angeles, procurei por um trabalho; mas todos que arrumei foram temporários. Isso acabava me deixando mais tempo em casa do que trabalhando, mas eu nunca desisti. Com o tempo se tornou mais difícil conseguir algo e isso passou a incomodar Marta. Foi então que um dia durante um almoço em família, ela acabou descontando suas frustrações em mim e praticamente me expulsou de casa. Quando eu disse que iria sair mesmo, ela me disse que era a melhor coisa que eu faria, pois eu estava apenas ocupando espaço naquela casa. Então fui embora sem olhar para trás. Sem ter pra onde ir, contei com a ajuda da Amélia e de seu marido, que me acolheram em sua casa de braços abertos. Eles me trataram como se eu fosse uma filha então felizmente ela me conseguiu a entrevista em sua casa e...aqui estou. Muito mais feliz do que antes.
John sorriu, coçou o cabelo e perguntou:
-Quando eu erroneamente te acusei de roubo, você já estava passando por tudo isso?
Ana suspirou e assentiu
-Naquele dia eu havia passado a manhã toda procurando um trabalho fixo. Até que encontrei sua carteira e, bom...
John assentiu
-Fui um completo idiota com você naquele dia. Eu não devia ter agido daquela forma. Me perdoe.
-Está tudo bem, John. _eles se olharam e Ana inconscientemente encostou na mão dele que estava por cima da perna sobre a calça social. _-Eu já te perdoei a um bom tempo.
-De verdade?_Também inconscientemente, começou a acariciar a mão de Ana com seu polegar.
-De verdade. _eles sorriram e John se aproximou deixando um beijo ao lado da cabeça dela.
-Sinto muito que você tenha passado por tanta coisa. Espero que tudo se resolva com seu pai e que ele acredite em você.
-Por mais que eu queira isso, acho que não adianta insistir com meu pai. Ele sempre vai tentar defender a esposa. Mas obrigado por me ouvir, John.
-Saiba que você não está mais sozinha, Ana. Você tem o Otto, a Maria, meus filhos, que te adoram e...eu.
Ana olhou para ele emocionada, e corajosamente deixou um beijo na bochecha do chefe que pensou ter parado no tempo naquele exato momento querendo aproveitar cada segundo dele ao sentir os labios de Ana tocando sua pele. Anestesiado, John sentiu seus batimentos agitados no peito e olhou para os olhos da babá, que sorria graciosamente para ele, fazendo-o mudar o olhar para os lábios dela, mas sabia que não poderia fazer aquilo; então precisava se controlar.
Eles voltaram a olhar o horizonte, mas suas mãos permaneceram juntas.
Uma hora depois eles já se encontravam no restaurante. Almoçaram trocando sorrisos e falavam sobre as crianças. Até que juntos, após o almoço, resolveram caminhar pela praça central. Ali havia um vendedor de sorvetes. John e Ana caminharam até ele e compraram seus sorvetes preferidos.
-Há muito tempo que não provo isso. _John admitiu e chupou o sorvete, mas assim que Ana olhou para ele, começou a rir._-O que?
Ela continuou rindo da carinha que ele fazia.
-Ana?
-Seu nariz está todo sujo de chocolate.
-Oh! _ele tentou limpar, mais apenas piorou a situação.
-Deixa que eu..._Ela pegou a ponta de sua manga da blusa e começou a limpar o nariz dele, encontrando seus olhos no processo. Sem desviar o olhar John e Ana tiveram o mesmo sentimento de borboletas no estômago, mas quando uma senhora passou com um cachorro na guia, acabou afastando os dois. _-Pronto.
-Obrigado.
Ele agradeceu enquanto tentava agir naturalmente voltando a estrada para buscar as crianças.
...
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Jovem e o Cavalheiro
RomanceAna Sofia é forçada a deixar a casa dois pais por causa de sua madrasta. Sem um trabalho fixo, e sem ter onde ficar, Ana pede ajuda à sua ex-professora de intercâmbio, que acaba conseguindo uma entrevista como tutora na casa de uma família rica que...