Tentando Se Explicar

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Assim que o elevador se abriu, Depp segurou o braço da mulher e a tirou puxando-a com um pouco de força pelo corredor.

-Senhor, por favor...eu-eu posso explicar.

As pessoas que ali estavam os seguiam com os olhos enquanto Ana tentava se soltar, o que o homem não permitiu. Ela percebeu que eles estavam na recepção e indo em direção aos policiais que estavam saindo.

-Ei! _o homem gritou fazendo os agentes parar. _-Eu encontrei o culpado. Ou melhor, culpada. _ele a olhou com raiva fazendo Ana se encolher sob o olhar.

Os agentes se entreolharam tentando entender como pôde ter encontrado a ladra tão rápido. E entendendo a dúvida deles, Depp explicou:

-Ela estava me seguindo. Talvez para me obrigar a passar as senhas dos meus cartões.

-O quê? _Ana perguntou indignada. _-O senhor está me ofendendo. _ela puxou seu braço para longe do parto dele, doeu tanto que Ana teve que acaricia-lo, mas ignorou a dor e continuou a se defender. _-Eu não sou uma ladra, senhor. Estou aqui porque sua carteira havia caído ao lado da minha mesa na cafeteria. Fiz o que qualquer um faria para achar o dono, por isso vim atrás do senhor para lhe devolver, não para te forçar a me passar as senhas. Isso é uma acusação absurda! Pode conferir, veja se lhe roubei alguma coisa.

Ele olhou para ela e para a carteira, a abriu e conferiu tudo antes de voltar a olhar para a mulher e para os policias.

-Está tudo aqui.

Ana levantou os braços como se dissesse; "não disse", e depois os cruzou com raiva.

-Posso ser pobre, mais se tem uma coisa que prezo muito é o meu caráter! Se fazer o bem hoje em dia dá em acusações falsas, então eu prefiro fingir que nada aconteceu.

Depp se recompôs. Aquilo certamente o acertou em cheio.

-Achamos ela!_A recepcionista disse e todos viram ela e mais dois seguranças correndo em direção a Ana.

-Desculpa senhor Depp. Eu tentei impedi-la, mais essa jovem acabou subindo sem autorização, então pedi aos seguranças para procura-la.

Andreza segurou o braço de Ana que internamente revirou os olhos.

-Está tudo bem, Andreza. Pode solta-la._disse Depp surpreendendo Ana e a recepcionista. Ele já não tinha mais uma carranca e sua voz parecia mais suave. Contra a vontade, Andreza soltou o braço de Ana. _-Está tudo sob controle. Podem voltar a seus postos.

-Sim, senhor. Com licença.

Todos se retiraram deixando Ana com Depp e os polícias.

-Então o senhor não prestará mais queixa, senhor Depp?_Um dos agentes perguntou

-Não. E podem cancelar as buscas. Obrigado.

-Certo. Passar bem. _O agente olhou para Ana como se dissesse "se livrou da prisão por pouco, garota" e ambos saíram. Ana, ao vê-los indo embora, suspirou aliviada. _-Eu sinto muito pelo mal entendido. _ela olhou para ele e estreitou os olhos. _-O que posso fazer para te recompensar? Posso pagar ou...

-Não quero seu dinheiro!_disse ela chateada. _-Só fiz o que achei que era certo. Mais não faria se eu soubesse que aconteceria essa confusão. E desculpe pelo arranhão, não tive a intenção de te machucar...passar bem, senhor.

Ela o deixou e saiu pela porta giratória do prédio, Depp a seguindo com o olhar e se punindo internamente por trata-la daquela maneira.

Assim que Ana colocou os pés para fora do prédio, seu celular tocou. Ela o pegou e olhou a tela. Era James, seu irmão. Ana pensou se atenderia, mas por fim atendeu.

Na ligação, James convidara Ana para um encontro, já que fazia uma semana e meia que ela havia saído de casa. Ana concordou em encontrar com ele e foi para o lugar marcado.

-Ei.

Eles se abraçaram

-Oi. Ana me desculpa. Eu devia ter intervido e não deixado mamãe te expulsar de casa. Sinto muito.

-Está tudo bem. Como está o papai?

-Se sentindo tão culpado quanto a mim. Mais relaxa, eu não disse a eles que estava vindo te encontrar.

Eles começaram a caminhar lado a lado

-Obrigado.

-O que houve? Parece um pouco chateada. _disse James

-De fato eu estou. Acabaram de me acusar de roubo.

-O quê? Como assim?

-Um homem rico deixou a carteira cair na cafeteria onde eu estava, então pensei em devolver, mais ao encontra-lo ele me acusou de roubo e iria me entregar a polícia sem me dar chances de explicar. Por sorte eu contei o que de fato aconteceu e ele me deixou ir.

-Poxa irmã. Eu sinto muito.

Ela suspirou

-Parece que as pessoas gostam de me acusar ou me julgar. Eu devo ter nascido com muita sorte. _falou sarcástica e seu irmão sorriu

-Também não é pra tanto, mana. _ele passou um braço ao redor do pescoço dela_-Então, o que acha de ir procurar o que fazer juntos?

-Como nos velhos tempos?_Ana sorriu e James assentiu

-Como nos velhos tempos.

Eles caminharam enquanto conversavam para atualizar suas vidas até ali.

Voltando ao prédio, Depp estava em seu escritório sentado em sua cadeira de couro enquanto olhava a foto da mulher na moldura em cima da mesa e brincava com uma caneta em sua mão.

Desde que Katherine morreu em um acidente há um ano, Depp não foi mais o mesmo. Ele havia se tornado mais frio e arrogante, e passava mais tempo preocupado com o trabalho do que com os filhos. Ele não tinha mais vida social e quase sempre evitava falar com as crianças que tanto o lembrava de sua falecida esposa.

Depp suspirou tristemente e pegou a moldura

-Como eu queria que estivesse aqui, querida.

Disse ele olhando para o rosto sorridente da mulher na foto

-Me sinto perdido sem você.

O telefone tocou quebrando o clima tenso, Depp voltou a moldura para o lugar e atendeu a chamada da secretária que disse ser sua governanta. A mulher que gerenciava sua casa enquanto ele estava fora.

Depp atendeu a ligação e conversou sobre a tutora das crianças que havia pedido demissão por causa da gravidez.

"Precisamos arrumar outra tutora, senhor. O quanto antes melhor. _disse Natali, a governanta. _-Eu posso começar a procurar candidatas e seleciona-las para que possam ser entrevistadas pelo senhor, se assim desejar.

-Sim, sim. Faça isso por favor, Natali.

"Claro, senhor. Sabe que sempre poderá contar comigo e com meu apoio."

-Sei. E obrigado. Nos falamos mais tarde. Tchau.

"Tchau senhor e tenha uma boa tarde na empresa"

Depp acenou no automático e desligou a ligação voltando o aparelho para o suporte. Ele passou uma mão nos cabelos e se reencostou na cadeira sentindo-se cansado, pois sua cabeça estava à mil.

...


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