Perdoar não é esquecer!

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WEDNESDAY

— Addams, Sinclair!?— A mulher diz meio receosa.

— Olha só quem o vento trouxe, Bianca! — Digo cruzando os braços. Minha raiva por ela estava guardada há anos desde que Enid me contou do plano dela e de Lauren para nos separar.

— Eu... Eu... — Ela tenta falar sem conseguir. Coloca o pedido sobre a mesa e fica olhando para nós.

— Achei que não estavam mais juntas, você não tinha vindo para Nova York sozinha? — Ela diz meio desconfiada.

— Para minha sorte, ouvi vocês falando da armação que você e aquela cobra fizeram. — Enid diz querendo se levantar, e eu seguro seu braço.

— Não vale a pena, Enid! — Falo, e a loira volta a sentar na cadeira.

— Acho bom você voltar ao trabalho, Barclay! — Digo seca, e ela dá meia volta, mais para.

— Eu sinto muito, sinto muito mesmo, eu não queria, achei que ela estava indo longe demais... — Ela fala meio ressentida.

— Desculpa! — Ela diz saindo.

Olho elas se afastando e viro o rosto para Enid, que está com uma expressão pensativa.

— Você perdoa ela? — Dou de ombros.

— Minha mãe me ensinou a perdoar. Eu perdoei a Hayley e posso perdoar a Bianca e a Lauren, mas não é como se eu fosse esquecer o que elas me fizeram.

— Perdoar não é esquecer! — Digo, pegando meu talher para jantar.

— Você tem razão! — Enid começa a comer também.

...

Chegamos em casa por volta das onze e fomos logo tomar banho. Enid já havia tomado banho e estava deitada assistindo a um episódio de uma série, e eu estava terminando de vestir meu pijama.

Vou em direção à mesinha ao lado da cama e coloco meu celular para carregar, e me jogo ao lado da loira.

— O que está acontecendo? Perdi umas duas temporadas desde que comecei a preparar esse novo livro no trabalho. — Falo, me afundando em baixo das cobertas e abraçando Enid.

— Morgan descobriu a traição do Estefan e o Peter ainda está na ilha deserta. — Dou uma risadinha baixa. Não sei como Enid gosta dessas séries dramáticas e sem sentido. É fácil prever o final. Alguém vai sofrer algum acidente para ter drama, ou vão descobrir que alguém não é pai de verdade.

— Não sei como você gosta disso! — Digo bocejando e com os olhos pesados.

— Eu não sei é como você não gosta!

Acabo pegando no sono, pois estava cansada demais para assistir, e acho que não haviam se passado nem 10 minutos do episódio.

Acordo meio sonolenta. Por algum milagre, Enid ainda não tinha acordado e estava dormindo profundamente. Ligo o celular, vendo que ainda era cedo, e a deixo dormir mais um pouco. Ela levantava tão cedo que merecia esse tempinho.

Vou até o banheiro e escovo os dentes, e acabo derrubando minha carteira que tinha esquecido em cima da pia ontem quando cheguei do restaurante. Vejo um cartão que eu tinha guardado. Um cartão de uma loja de joias que Tyler tinha me indicado, ele trabalhava lá.

— Acho que não custa dar uma olhada mais tarde! — Digo a mim mesma baixinho e, em seguida, vou tomar meu banho.

Após Enid acordar, a deixo na faculdade e vou para a editora. Assim que entro, Kate está sentada no sofá lendo.

— Ainda bem que você chegou, eu ia te mandar mensagem ontem, mas era tarde e eu achei que você já estaria dormindo.

— Ah, sobre o quê?

— Wednesday, isso aqui está uma obra-prima, simplesmente maravilhoso! — Ela diz vindo em minha direção segurando uma pilha de papéis.

— Você achou? — Pergunto com expectativa.

— Olha só isso! — Ela pega uma folha marcada com marca texto e põe sobre as outras.

— Eu era como uma tempestade, turbulenta; ela era a calmaria do dia seguinte, veio para acalmar, para dar esperança e tranquilidade. Ela era meu pilar, sólido e forte, Ancorando-me ao chão, à realidade, mas não deixa de ser minhas asas, elevando-me além, em liberdade. — Ela lê perfeitamente o trecho grifado.

— Isso tem que ser publicado. Seria um crime à literatura você não publicar seu livro. — Ela diz, e fico feliz que alguém tenha dado um parecer favorável.

— Eu vou pensar! — Digo olhando para garota e depois caminho até minha mesa, pegando outra cópia do meu livro na gaveta.

— Faz um favor para mim, fala com o Gustavo da editora. Ele me deve um favor, pede para fazer uma única edição desse manuscrito. Vou dar de presente.

— Certo! — Ela pega os papéis saindo da sala, e sento em frente ao computador, brincando com uma caneta.

Eu vou dar de presente de aniversário de namoro para Enid, o livro onde escrevi nossa história.

Já eram umas 4 horas da tarde quando alguém bate na porta do meu escritório. Ao mandar abrir, me deparo com Eugene.

— Wed! — Meu amigo entra. Ele estava acompanhado de Kate.

— Pode deixar, Kate, nos dê licença! — A porta é fechada por fora, e Eugene caminha até minha mesa, sentando em uma cadeira em frente à mesma.

— Já que você não sai desse escritório, vim te ver. Vi ontem que você me mandou mensagem. Qual o problema?

— Eu queria sua ajuda, para falar a verdade! — Digo com um sorriso de lado.

— Se eu puder ajudar, claro, o que precisa?

— Tem como me arranjar umas mil flores até sexta? — Ele era dono de uma floricultura na cidade e sabia que outros não me ajudariam em cima da hora já era terça-feira.

— Eu não sei... — Ele fala meio incerto.

— Vou pedir a Enid em casamento, quero encher o restaurante favorito dela de flores, em específico rosas, as favoritas dela.

Ele parece surpreso, mas depois um sorriso surge em seu rosto.

— Vou fazer o impossível para conseguir as rosas. Não é todo dia que Wednesday Addams decide se amarrar a alguém.

Beijos da Torry 😘

Operação Sinclair- Wenclair Onde histórias criam vida. Descubra agora