Velhos conhecidos

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Enid

Meu plantão já tinha acabado, assim como meus afazeres da faculdade. Pego um Uber para casa assim que termino de falar com Wednesday pelo celular.

Abro a porta e vejo Yoko esparramada no sofá, assistindo a um programa de disputas culinárias, e então jogo as chaves em cima da mesinha e me jogo ao seu lado.

— Como foi seu dia, Yoyo? — Pergunto, deitando a cabeça no ombro da minha amiga.

— Foi bom, tirando a parte que vou ter que trabalhar daqui a pouco! — Ela diz, fazendo uma careta.

Yoko trabalhava em uma balada como DJ, e sua família quase enlouqueceu quando ela falou que faria faculdade de música, e o pior aconteceu quando ela falou sobre o trabalho que tinha arrumado.

Em questão de família, estamos no mesmo barco. O único com quem tenho contato constante é Erick e meu pai. Fora eles, não vejo minha mãe há quase um ano, e pior ainda, não vejo Simas há quase três anos.

— Divina está onde?

— Tomando banho. Chegou do trabalho mais cedo, mas logo volta. Só veio almoçar.

— Tive sorte de ter chegado cedo. Vou adiantar umas coisinhas para sair com a Wed à noite. — Yoko dá um risinho e pega uma batata frita na sacola em seu colo.

— Que cara é essa? — Ergo uma sobrancelha.

— Nada, só lembrei de uma coisa engraçada!

Levanto indo até meu quarto e pego uma toalha para tomar um relaxante banho de banheira. Após isso, deito na cama e começo a ver uma série, na qual estava viciada.

...

Termino de me arrumar e Wednesday já tinha chegado. Enquanto terminava de arrumar meu cabelo, ela sai do banheiro já vestindo um vestido preto e um tênis da mesma cor.

— Pronta? — Pergunta, se aproximando e abraçando minha cintura, deitando o queixo em meu ombro.

Eu estava em frente ao espelho e sorrio com o gesto que ela sempre fazia.

— Sim, só falta por o meu cordão. Pode me ajudar? — Ela acena positivamente e pega o cordão de prata com um pingente de coração, o qual foi um presente dela para mim.

— Linda! — Ela diz, beijando minha bochecha.

— Posso dizer o mesmo! — Pego sua mão e a puxo pelo corredor até a sala.

— Boa noite, nós já vamos.

— Boa noite! — Divina diz, sentando na poltrona enquanto devora uma caixinha de comida chinesa.

Descemos até o estacionamento e pegamos o carro de Wednesday, pois o meu tinha dado um probleminha no freio e estava no conserto.

— Quer alguma música? — Ela liga o ar e eu confirmo, conectando o celular ao bluetooth.

Ligo uma playlist e vamos o resto do caminho conversando sobre tudo. Não faltava assunto quando estávamos juntas e eu amava isso.

Wednesday:

— Amor! — Digo, prestando atenção na estrada. Ela estava distraída com algo na janela e olha para mim.

— Eu estava pensando em talvez publicar uma história...

— Uma nova história no seu trabalho?

— Não é bem isso. Eu estava pensando em publicar uma história que estou escrevendo.

— Você escreveu um livro! — Ela parece surpresa e feliz ao mesmo tempo.

— Um romance, na verdade. Posso te contar um pouco mais quando chegarmos ao restaurante.

— Trate de fazer isso mesmo, agora estou morta de curiosidade para ler. — Rio e nego com a cabeça.

— Vai ser uma surpresa. Se eu decidir publicar, aí sim você vai ler...

— Não seja assim! — Ela segura em meu braço e faz um biquinho.

Não demoramos a chegar no restaurante. O garçom já nos conhecia pelas várias vezes que frequentamos o lugar. Era o favorito de Enid, servia os melhores pratos de frutos do mar.

— Oi, Luiz! — Enid cumprimenta o rapaz que sorri gentilmente.

— Oi, senhorita Enid, senhorita Addams, como vão?

— Bem e você! — Digo, puxando uma cadeira para Enid.

— Bem, na verdade fui promovido a gerente! Então, o que vão pedir?

Enid olha o cardápio que já conhecíamos de trás para frente e olha para mim.

— Uma porção de camarão, e dois pratos de entrada com lagosta como principal. — Ela diz e olho a carta de vinhos.

— E um vinho rosé para acompanhar, Luiz! — Digo e o rapaz assente, saindo. Enid segura minha mão.

— Então, me fala do que se trata seu livro, estou curiosa. — Enid diz e eu rio, pois minha principal inspiração foi nossa própria história.

— A gente! — Digo e vejo algo no olhar de Enid.

— Sobre nós, na verdade. Acho que amor à primeira vista, inimigos e desencontros em aeroportos dão um bom enredo, não acha?

— Eu não acredito, você é incrível! — Ela diz e meu peito bate mais forte, o mesmo frio na barriga que tive ao vê-la pela primeira vez e querer a chamar para sair a todo custo sempre voltava.

— E como se chama?

— Operação Sinclair!

— Operação Sinclair?

— Bem, quando eu te conheci você sabe como eu era. A Divina disse que eu nunca conseguiria sair com você, porque você não era o tipo de garota que sai com garotas como eu.

— É, ela estava errada afinal de contas! — Ela diz e eu rio baixo e sorrio de lado.

— Obrigado por isso, aliás! Voltando, então eu fiz uma aposta com ela que em pouco tempo você sairia comigo, e denominei como Operação Sinclair.

— Achei criativo. Pobre da Divina, é péssima com previsões.— Enid diz.

Uma garçonete se aproxima com os pratos e, assim que ergo o olhar, vejo que era Bianca Barclay.

Beijos da Torry 😘

Operação Sinclair- Wenclair Onde histórias criam vida. Descubra agora