6- O vira tempo

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— Alunos do primeiro ano por aqui! — chamou uma voz conhecida. 

Harry, Rony e Hermione se viraram e depararam com o vulto gigantesco de Hagrid, no outro extremo da plataforma, fazendo sinal para os novos alunos, aterrorizados, se aproximarem para a tradicional travessia do lago. 

 — Tudo bem, vocês três? — gritou Hagrid sobre as cabeças dos alunos aglomerados. 

Eles acenaram para o guarda-caça, mas não tiveram chance de lhe falar porque a massa de alunos em volta deles os empurrava na direção oposta. 

Harry, Rony e Hermione acompanharam o resto da escola pela plataforma e desceram para uma trilha enlameada, cheia de altos e baixos, onde no mínimo uns cem coches os aguardavam, cada qual, Harry sabia pelo que leu, puxado por um tipo cavalo invisível, porque os garotos embarcaram em um, fecharam a porta e o veículo saiu andando, aos trancos e balanços, formando um cortejo. 

Sobre os Testálios, Harry achara quando leu sobre as criaturas presságio nas férias não conseguir vê-las, já que bem ou mal ele havia matado um professor no seu primeiro ano em Hogwarts. Todavia, ele já entendera que a magia não é uma ciência realmente exata. Na época, e até mesmo agora, a morte do professor Quirrell foi muito... mágica. Despedaçar no ar depois de uma batalha épica pela luta de uma pedra que pode te fazer viver pra sempre... Tudo isso parecia sair de um livro de contos de fadas. 

E por mais que haja morte em contos de fadas, não sentimos realmente o peso delas. 

Harry entendeu que realmente não sentiu a morte de Quirrell, nem mesmo por tê-lo matado. Vemos Testálhos quando entendemos a finitude das nossas vidas, quando vemos a morte nua e crua e nos deparamos com o fato que também nós podemos morrer... Harry não teve isso com Quirrell, logo fazia sentido não ver os cavalos.

 O coche cheirava levemente a mofo e palha. Harry se sentia melhor desde o chocolate, mas continuava fraco. Rony e Hermione não paravam de lhe lançar olhares de esguelha, como se temessem que ele pudesse desmaiar outra vez. 

 Quando o coche foi se aproximando de um magnífico portão de ferro forjado, ladeado por colunas de pedra com javalis alados no alto, Harry viu mais dois dementadores encapuzados montando guarda dos lados do portão. Uma onda de náusea e frio tornou a invadi-lo, mas não tardou para que o seu bracelete aquecesse e um certo conforto invadisse seu coração. Mesmo assim, Harry fechou os olhos até atravessarem a entrada. 

Ele simplesmente odiava essas criaturas. 

O coche ganhou velocidade no caminho longo e inclinado até o castelo; Hermione se debruçou pela janelinha, espiando as muitas torrinhas e torres que se aproximavam. Por fim, o coche parou balançando, e Hermione e Rony desembarcaram. 

 Quando Harry ia descendo, uma voz arrastada e satisfeita chegou aos seus ouvidos. 

— Você desmaiou, Potter? Longbottom está falando a verdade? Desmaiou mesmo, é? 

 Draco passou por Hermione acotovelando-a, para impedir Harry de subir as escadas de pedra do castelo, o rosto jubilante e os olhos claros brilhando de interesse. O loiro olhou Harry de cima a baixo de modo debochado o analisando até se voltar finalmente para os olhos de Harry onde se fixou por um momento. 

Hora nenhuma Harry se mostrou abalado pelas piadinhas do sonserino, na verdade, Harry estava a achar um pouco cômico o desespero de Draco de sempre tentar chamar sua atenção. Se Harry não soubesse que era por causa que o loiro tinha inveja de sua fama talvez até acharia que o sonserino tinha um crush nele. 

— Se manda, Malfoy — disse Rony, cujos maxilares estavam cerrados. 

 — Você também desmaiou, Weasley? — perguntou Draco em voz alta mesmo sem olhar para o ruivo. — O velho dementador apavorante também o assustou, Weasley? 

Harry Potter e o Lord Slytherin / DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora