31- Justiça ou vingança?

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— Garotinho, você não me parece pertencer a essa comunal — A grande gárgula de água falou magicamente. 

Harry tentou não se ofender com o "garotinho", afinal, mesmo tendo ganhado um pouco de peso, ainda era menor do que a maioria dos garotos de sua idade. 

— Eu sei disso, e peço desculpas. Mas estou aqui para reparar desfortúnios que ocorreram com um de seus alunos. E pela minha magia, você deve saber quem sou e o quão séria é minha missão. 

Godric já tivera uma conversa com ele a algumas horas sobre essa ânsia de ajudar aqueles que precisam. Harry finalmente entendeu por que havia ficado tão irritado com o que aconteceu com Luna, e agora estava determinado em fazer algo pelo mundo bruxo. Não por ter sobrevivido quando bebê, mas porque era parte de quem ele era. 

Uma pessoa que ele gostaria de ser.

Falar que seu fundador estava orgulhoso era pouco diante da verdade. Godric ficou empolgado e quase fez Harry perder o jantar naquele dia de tanto que dissertava sobre o que Harry poderia fazer, como agir e seus novos... truques, por assim dizer. 

Afinal, "Hogwarts ajuda aqueles que mais precisam" na verdade não era uma frase motivadora banal. Mas agora Harry era a personificação desse espírito protetor do castelo, e por consequência, toda a magia naquelas paredes poderia ser acessada para ele em suas missões. Hogwarts estaria do seu lado desde que ele fosse justo e lutasse por aqueles que mais precisassem. 

E era por isso que Harry não estava com medo de não conseguir entrar na comunal da Corvinal naquela madrugada. Na verdade ele nem usava sua capa da invisibilidade de tão convicto que a própria magia do castelo o protegeria e garantiria sua passagem livre até seu objetivo. 

E isso incluía uma certa estátua de enigmas. 

— Entendo... mesmo assim ainda precisa responder o enigma. 

— Não tenho problemas com isso — Harry sorriu de lado. 

— Pois bem, o que é aquilo que nunca volta, embora nunca tenha ido. 

Harry pensou por um segundo, sua mente incondicionalmente o lembrando de algumas coisas que ele já havia passado. O abuso dos seus parentes, a morte dos seus pais, os perigos do mundo bruxo e as cicatrizes, estas tênues lembranças do que já passou mas nunca o deixou completamente. 

— Passado — Harry disse com uma voz sem emoção, apenas respirando fundo quando a passagem se fez presente e ele pode finalmente entrar no aposento. 

A deserta sala comunal da Corvinal era ampla e circular, mais arejada do que qualquer outra que Harry já vira em Hogwarts. Graciosas janelas em arco pontuavam as paredes, ladeadas por reposteiros de seda azul e bronze; de dia, os alunos deviam ter uma vista espetacular das montanhas ao redor. O teto era abobadado e pintado com estrelas que se repetiam também no carpete azul-escuro. Havia mesas, poltronas e estantes e, em um nicho na parede oposta à porta, uma alta estátua de mármore branco.

Harry ainda preferia a sua comunal, mas certamente não teria desgostado tanto viver ali se o passado tivesse sido diferente. Se bem que Harry não conseguia se imaginar indo para a Corvinal com 11 anos. Lá suas ambições eram outras, em detrimento do conhecimento e a ânsia por aprender magia. 

Se encaixar, ter amigos, ser criança e ser amado era mais importante. 

E Harry não se arrepende disso. Mesmo tendo suprimido parte de quem ele era para conseguir se moldar no garoto de ouro que todos esperavam, isso pelo menos lhe deu a experiência que precisava, além da felicidade pela primeira vez na vida. 

Saindo de seus devaneios, Harry se pôs a focar no que tinha que fazer ali. O quão mais rápido ele terminasse melhor, já que certamente o grifinório não queria ser pego por outro aluno fora da sua comunal. 

Harry Potter e o Lord Slytherin / DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora