5- O dementador

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O resto do dia passou tranquilo sem ser as ocasionais brigas e intrigas da família Weasley, as quais Harry nem achava tão ruins assim. Depois de tanto tempo sem realmente estar em um âmbito familiar como o deles... Harry só podia achar cômico e extremamente agradável o caos. 

Era o rato de Rony com o gato de Hermione, os gêmeos sendo os gêmeos, Percy perdendo o distintivo de monitor chefe e acusando a todos...  Não fazia nem um dia que eles haviam chegado, mas Harry já tinha a impressão que se passaram semanas.

Uma coisa curiosa, no entanto aconteceu quando o garoto estava no corredor a meio caminho do bar, agora mal iluminado. Harry ouviu outras duas vozes zangadas que vinham da sala. Um segundo depois, ele as reconheceu como sendo as do Sr. e da Sra. Weasley. Hesitou, sem querer que eles soubessem que os ouvira discutindo, mas a menção do seu nome o fez parar, e, num segundo momento, se aproximar da porta da sala.

— ... Não faz sentido não contar a ele — o Sr. Weasley dizia, veemente. — O garoto tem o direito de saber. Tentei dizer isso a Fudge, mas ele insiste em tratar Harry como criança. O menino já tem treze anos e...

— Arthur, a verdade iria aterrorizar Harry! — disse a Sra. Weasley com a voz esganiçada. — Você quer mesmo mandar Harry de volta à escola com essa ameaça pairando sobre a cabeça dele? Pelo amor de Deus, ele está feliz sem saber de nada!

Harry não conseguiu refrear o pensamento que ele sempre estava com uma ameaça pairando sobre sua cabeça, mesmo que na maior parte do tempo ele não soubesse o motivo das coisas ruins o atraírem. Talvez fosse por seu charme irresistível...  

— Não quero fazê-lo infeliz, quero deixá-lo de sobreaviso! — retrucou o Sr. Weasley. — Você sabe como são o Harry e o Rony andando por aí sozinhos, já foram parar na Floresta Proibida duas vezes! Mas Harry não pode fazer isto este ano! Quando penso o que poderia ter acontecido a ele na noite em que fugiu de casa! Se o Nôitibus não o tivesse apanhado, aposto que ele estaria morto antes do Ministério encontrá-lo.

— Mas ele não está morto, está são e salvo, então qual é o sentido...

— Molly, dizem que Sirius Black é doido, e talvez seja, mas ele foi suficientemente esperto para fugir de Azkaban, e isto é uma coisa que todos supõem que seja impossível. Já faz três semanas e nem sinal dele, e não dou a mínima para o que Fudge vive declarando ao Profeta Diário, estamos tão próximos de apanhar Black quanto estamos de inventar uma varinha que funcione sozinha. A única coisa de que temos certeza é que Black está atrás de...

— Mas Harry está perfeitamente seguro em Hogwarts.

Harry revirou os olhos antes de voltar a prestar atenção. 

— Achávamos que Azkaban era perfeitamente segura. Se Black foi capaz de sair de Azkaban, então é capaz de entrar em Hogwarts.

— Mas ninguém tem realmente certeza de que Black esteja atrás de Harry...

Ouviu-se um baque seco na mesa e Harry não teve dúvida de que o Sr. Weasley tinha dado um soco na mesa.

— Molly, quantas vezes preciso lhe dizer a mesma coisa? A imprensa não noticiou porque Fudge não queria que houvesse escândalo, mas Fudge foi até Azkaban na noite em que Black fugiu. Os guardas lhe disseram que Black andava falando durante o sono havia algum tempo. Sempre as mesmas palavras: "Ele está em Hogwarts... Ele está em Hogwarts." Black é desequilibrado, Molly, e quer ver Harry morto. Se você quer saber, ele acha que se matar Harry vai trazer Você-Sabe-Quem de volta ao poder. Black perdeu tudo naquela noite em que Harry deteve Você-Sabe-Quem, e passou doze anos sozinho em Azkaban pensando nisso...

Fez-se silêncio. Harry chegou mais perto da porta, desesperado para ouvir mais enquanto em sua mente todas as implicações do que acabara de descobrir criavam raízes e eram deduzidas.

Harry Potter e o Lord Slytherin / DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora