17- O beijo do dementador

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Draco estava nervoso ao ver o pai andando em sua direção pelos jardins de Hogwarts. 

O garoto não o vira desde as férias, fazendo com que florescesse em seu peito uma vontade súbita de correr até Lucius e o abraçar, dizer que estava com saudades e perguntar como estava a mamãe... 

Mas isso era algo indigno dos Malfoys, e Draco sabia que seria repreendido se de mostrasse menos do que os melhores modos, mesmo não tendo ninguém por perto. 

Alguns teorizavam que sua família era tóxica. Que desde pequeno Draco foi treinado apenas para ser o herdeiro Malfoy, sem afeto ou carinho dentro do âmbito familiar. Outros, no entanto, o viam como o filhinho de papai. O garoto minado e egocêntrico que os pais fazem de tudo para agradar por o amarem muito. 

A verdade era meio que um misto dos dois. Como toda família, os Malfoys tinham seus altos e baixos. E na maior parte das vezes não tratavam Draco nos extremos, apenas eram... exigentes, mas por o amar muito. 

Narcisa e Lucius se casaram por amor, apesar da união dos dois ser conveniente para ambas as famílias. Antes de conceberem Draco, Narcisa havia ficado grávida antes, uma menininha que infelizmente não chegou a nascer... E isso mexeu muito com a senhora Malfoy, que mesmo com a chegada de Draco, ainda era assolada pela tristeza de sua perda. 

Lucius então se encarregou de estar a frente da criação de Draco até Narcisa estar melhor. Sendo um pai exigente e que fazia Draco sempre dar o melhor de si em tudo... mas que também se apegou muito ao seu herdeiro, passando bons momentos com o filho. 

Draco era esforçado, mas cresceu sendo o centro das atenções. O herdeiro que o pai tanto queria, o filho que a mãe tanto precisava, a criança que colocava alegria na enorme mansão... E por um tempo ele pensou que o mundo era assim. Até que Harry Potter havia puxado o seu tapete no primeiro ano em Hogwarts. 

Draco não era o centro do mundo, e foi doloroso aprender isso... Mas necessário. 

E sobre sua família? bem... seus pais o amam e só querem o melhor para ele. O problema é que na maior parte do tempo eles pensam que o melhor para Draco também é o melhor para a imagem imaculada dos Malfoys...

E por isso Lucius estava ali. Mesmo sob preces do filho, o homem estava determinado a levar a execução de Bicuço adiante pelo que fez ao seu filho, ou melhor, à imagem do seu filho. 

— Pai — Draco cumprimentou com um aceno de cabeça. 

— Draco. É uma surpresa o ver aqui. 

— Eu soube que via a Hogwarts para conversar com Dumbledore sobre Bicuço...

— ... Sobre a fera monstruosa, você quer dizer — Lucius o cortou. 

Draco queria revirar os olhos, mas conteve o impulso. 

— Pai, você sabe o que realmente aconteceu, sabe que não foi culpa do hipogrifo... 

— Mas também não foi sua. Um Malfoy não pode sair como errado da situação, e se um monstro tem que ser morto por isso... que seja. — Lucius respondeu começando a se estressar. — Não deveria estar estudando Draco? Ou aproveitando os últimos dias de aula... Logo voltará pra casa, ai podemos conversar sobre isso. 

— Mas até lá Bicuço vai estar morto! — Draco queria gritar, e foi por pouco que não o fez. 

Ele queria gritar que prometeu a Potter que salvaria o animal, e que por mais que Potter fosse seu inimigo... Draco sempre cumpria suas promessas. Além disso, antes de insultar sem querer o animal... Draco tinha se apegado a Bicuço. Sempre quisera ter um hipogrifo ou hipocampo, mas sua mãe achava muito perigoso e nunca o deixou comprar... 

Harry Potter e o Lord Slytherin / DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora