41 ♢ Espadas e Meias

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━━━━━ ◇ 𝐇𝐚𝐫𝐫𝐲 ◇ ━━━━━

O DIRETOR CAMINHOU ATÉ UMA POLTRONA DIANTE DA LAREIRA, DO OUTRO LADO DA SALA.

— Sente-se, Harry — disse ele, e eu obedeci, sentindo-me inexplicavelmente nervoso. — Antes de mais nada, Harry, eu quero lhe agradecer —, disse Dumbledore com os olhos novamente cintilantes. — Você deve ter mostrado verdadeira lealdade a mim lá na Câmara. Nenhuma outra coisa teria levado Fawkes a você.

Ele alisou a fênix, que voara para o seu joelho. Sorri sem jeito diante do olhar do diretor que me observava.

— Com que então você conheceu Tom Riddle... — disse Dumbledore, pensativo. — Imagino que ele estivesse interessadíssimo em você...

De repente, uma coisa que estava me preocupando escapou da minha boca.

— Profº. Dumbledore... Riddle disse que eu sou igual a ele. "Uma estranha semelhança" foi o que me disse...

— Foi mesmo? — disse olhando pensativo para mim por baixo das grossas sobrancelhas prateadas. — E o que é que você acha Harry?

— Acho que não sou igual a ele! — exclamei mais alto do que pretendia. — Quero dizer, pertenço... Pertenço a Grifinória, sou...

Mas me calei, uma dúvida furtiva surgia em minha mente.

— Professor — recomecei após um momento. — O Chapéu Seletor me disse... Que eu teria sido bem-sucedido na Sonserina. Todo mundo achou que eu era o herdeiro de Slytherin por algum tempo... Porque falo a língua das cobras...

— Você fala a língua das cobras, Harry — disse Dumbledore, calmamente —, porque Lord Voldemort, que é o último descendente de Salazar Slytherin, sabe falar a língua das cobras. A não ser que eu muito me engane, ele transferiu alguns dos seus poderes para você na noite em que lhe fez essa cicatriz. Não era uma coisa que tivesse intenção de fazer, com toda certeza...

— Voldemort deixou um pouco dele em mim? — disse estupefato.

— Parece que sim.

— Então eu deveria estar na Sonserina — disse, olhando desesperado para Dumbledore. — O Chapéu Seletor viu poderes de Slytherin em mim, e...

— Pôs você na Grifinória — completou Dumbledore, serenamente. — Ouça, Harry. Por acaso você tem muitas das qualidades que Salazar Slytherin prezava nos alunos que selecionava. O seu dom raro de falar a língua das cobras, criatividade, determinação, um certo desprezo pelas regras — acrescentou, os bigodes tremendo outra vez. — Contudo, o Chapéu Seletor colocou você na Grifinória. E você sabe o porquê. Pense.

— Ele só me pôs na Grifinória — disse com voz de derrota — porque pedi para não ir para a Sonserina...

— Exatamente — disse Dumbledore, abrindo um grande sorriso. — O que o faz muito diferente de Tom Riddle. São as nossas escolhas, Harry que revelam o que realmente somos, muito mais do que as nossas qualidades. — Fiquei sentado na poltrona, atordoado. — Se quiser uma prova, Harry, de que pertence à Grifinória, sugiro que olhe para isto com maior atenção.

Dumbledore esticou o braço para a escrivaninha da Professora McGonagall, apanhou a espada de prata suja de sangue e entregou-a a mim. Embotado, revirei-a, os rubis rutilaram à luz da lareira. E então vi o nome gravado logo abaixo da bainha. Godric Gryffindor.

— Somente um verdadeiro membro da Grifinória poderia ter tirado isto do chapéu, Harry — concluiu Dumbledore com simplicidade.

Durante um minuto nenhum de nós dois falou. Depois Dumbledore abriu uma gaveta da escrivaninha da Professora McGonagall e tirou uma pena e um tinteiro.

Lovely & Venomous - Harry Potter FanficOnde histórias criam vida. Descubra agora