━━━━━ ◇ 𝐋𝐞𝐨𝐧𝐢𝐬 ◇ ━━━━━
Olhei preocupado para Moody. Será que o professor ouvira os dois?
— Hum... Professor, eu devia estar na aula de Herbologia...
— Esqueça, Potter. Na minha sala, por favor...
Acompanhei-o, me perguntando o que iria me acontecer agora. E se Moody quisesse saber como eu descobri sobre os dragões? Será que iria procurar Dumbledore e denunciar Hagrid ou simplesmente me transformar numa doninha? Bom, seria mais fácil passar por um dragão se eu fosse uma doninha, pensei sem emoção, ficaria bem menor, muito mais difícil de enxergar de uma altura de quinze metros...
Segui Moody até sua sala. O professor fechou a porta ao passarmos e se virou para me encarar, o olho mágico fixo em mim ao mesmo tempo que o olho normal.
— Foi uma coisa muito decente o que você acabou de fazer, Potter — disse Moody baixinho.
Eu não soube o que responder; não era a reação que eu esperava.
— Sente-se — disse o professor, e eu me sentei, espiando para os lados.
Visitara essa sala na época dos seus dois ocupantes anteriores. Na do Prof. Lockhart, as paredes eram cobertas de fotos em que o professor sorria e piscava um olho. Quando Lupin a ocupara, era mais provável a pessoa deparar com um espécime fascinante de alguma criatura das trevas que ele arranjara para os alunos estudarem em aula. Agora, no entanto, a sala estava apinhada com um número excepcional de objetos estranhos que, eu supunha, Moody usara na época em que fora auror.
— Então... descobriu a respeito dos dragões?
Hesitei. Receara isso — mas não contara a Cedric e certamente não iria contar a Moody que Hagrid infringira o regulamento.
— Tudo bem — disse Moody, sentando-se e esticando a perna de pau com um gemido. — Tradicionalmente trapacear sempre fez parte do Torneio Tribruxo.
— Eu não trapaceei — disse com veemência. — Foi... descobri meio por acaso.
Moody sorriu.
— Não estou acusando-o, menino. Venho dizendo a Dumbledore, desde o começo, que ele pode ter os princípios elevados que quiser, mas pode apostar que o velho Karkaroff e Maxime não os terão. Devem ter dito aos seus campeões tudo o que puderam. Querem ganhar. Querem vencer Dumbledore. Gostariam de provar que ele é apenas humano.
Moody deu aquela sua risada rouca e seu olho mágico girou tão rápido que me fez sentir tonto só de ver.
— Então... já tem alguma ideia de como vai conseguir passar pelo dragão? — perguntou Moody.
— Não.
— Bom, eu não vou lhe dizer — afirmou o professor com rispidez —, não demonstro favoritismos, eu. Mas vou lhe dar uns bons conselhos de ordem geral. O primeiro é: explore os seus pontos fortes.
— Não tenho pontos fortes — disse, antes que pudesse me conter.
— Perdão — rosnou Moody —, você tem pontos fortes se eu digo que os tem. Pense um pouco. Que é que você sabe fazer melhor?
Tentei me concentrar. No que é que eu era melhor? Bom, isso era realmente fácil...
— Quadribol — disse sem emoção —, grandes ajudas...
— Certo — disse Moody mirando-me com muita severidade, o olho mágico mal se mexendo. — Você é um grande piloto, pelo que ouvi falar.
— É, mas... — encarei-o. — Mas não posso usar a vassoura, só tenho a varinha...
— Meu segundo conselho de ordem geral — disse Moody em voz alta, interrompendo-me — é usar um feitiço bom e simples que lhe permita conseguir o que precisa.
Olhei para ele sem entender. Do que é que eu precisava?
— Vamos, moleque... — sussurrou Moody. — Some dois mais dois... não é tão difícil assim...
E fez-se a luz. O que eu fazia melhor era voar. Precisava passar pelo dragão pelo ar. Para isso, precisava da Firebolt. E para ter a Firebolt eu precisava...
— Mione — murmurei, depois de correr para a estufa três minutos mais tarde, e balbuciar uma desculpa ao passar pela Profa Sprout —, Mione, preciso de sua ajuda.
— Que é que você acha que estive tentando fazer, Harry? — murmurou ela em resposta, os olhos arregalados de ansiedade por cima de um agitado arbusto tremulante que estava podando.
— Mione, preciso aprender a fazer um Feitiço Convocatório corretamente até amanhã de tarde.
E assim nós dois treinaram. Não almoçamos, em vez disso fomos para uma sala de aula vazia, onde tentei com todo o empenho fazer vários objetos voarem pela sala até mim. Ainda não estava bom. Os livros e penas continuavam a perder o embalo no meio da sala e cair como pedras no chão.
– Concentre-se, Harry, concentre-se...
– Que é que você acha que eu estou tentando fazer? – perguntei zangado – Uma porcaria de um dragãozão não para de aparecer na minha cabeça, sei lá o porquê...
Queria faltar à aula de Adivinhação para continuar treinando, mas Hermione se recusou categoricamente a matar a aula de Aritmancia, e não adiantava ficar lá sem ela. Portanto, tive que aturar mais de uma hora a professora Trelawney, que passou metade desse tempo dizendo a todos que a posição de Marte com relação a Saturno, naquele momento, significava que as pessoas nascidas em junho e julho corriam um grande perigo de sofrer uma morte súbita e violenta.
– Que bom... – eu disse com raiva. - Desde que não seja demorada, porque de sofrimento já estou cheio.
Passei o resto da aula tentando atrair, com a varinha, pequenos objetos para mim, por baixo da mesa. Consegui fazer uma mosca disparar direto para a minha mão, embora não tivesse total certeza de que aquilo significava que estava pegando o jeito.
Forcei um pouco de jantar para dentro depois da aula de Adivinhação, e em seguida voltei à sala vazia com Hermione, usando a Capa da Invisibilidade para evitar os professores. Continuamos a treinar até depois da meia-noite. Teríamos demorado mais, mas Pirraça apareceu e, fingindo achar que eu queria que me atirassem coisas, começou a arremessar cadeiras pela sala.
Tivemos que sair depressa antes que o barulho atraísse Filch, e voltamos à sala comunal da Gryffindor, que àquela hora felizmente estava vazia.
Às duas da manhã, eu estava ao pé da lareira, cercado por uma montanha de objetos – livros, penas, várias cadeiras viradas, um velho jogo de bexigas e o sapo de Neville, Trevo. Somente na última hora eu, realmente, peguei o jeito dos Feitiços Convocatórios.
– Está melhor, Harry, está muito melhor... – disse Hermione, parecendo exausta, porém muito satisfeita.
– Bom, agora sabemos o que fazer na próxima vez que não conseguirmos lançar um feitiço... Me ameace com um dragão. Certo... – ergui a varinha novamente – Accio dicionário!
O pesado livro voou da mão de Hermione, atravessou a sala e eu o peguei.
– Harry, sinceramente acho que você pegou o jeito! – exclamou a garota, encantada.
– Desde que funcione amanhã... A Firebolt vai estar muito mais longe do que essas coisas aqui, vai estar no castelo e eu vou estar lá fora nos jardins...
– Não faz diferença... Desde que você se concentre para valer, realmente para valer, ela chega lá. Harry, é melhor dormirmos um pouco... Você vai precisar estar descansado.
Fiz como Hermione dissera, subindo as escadas. Ignorei Leonis e a cara feia que ainda estava estampada no rosto de Rony, me deitando na cama.
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Lovely & Venomous - Harry Potter Fanfic
FanficHarry Potter estava muito animado para começar seus estudos em Hogwarts e embarcar num mundo cheio de magia e coisas inacreditáveis. Porém, ele acaba encontrando certos problemas no "paraíso" quando conhece Cygnus Leonis Lestrange, ou apenas Leonis...