CAPÍTULO 11

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2015

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2015

Já faz um mês e meio que estou morando com Nicolas e sua família. Só ele e a Sra. Adams gostam de mim, Violet ignora minha presença e nas raras vezes que fala comigo, são só cumprimentos rápidos.

A filha deles, Lily, me despreza e me julga até à alma. Talvez, de alguma forma, ela saiba que sou impuro e indigno de morar com eles.

Na real, não me importo. Não quero a simpatia delas, apenas Nicolas me basta. Ele cuida de mim, me pergunta todos os dias se estou bem e se estou conseguindo me adaptar.

Antes dele, a única pessoa que se preocupava comigo era minha mãe, mas depois que ela enlouqueceu, não me enxergou mais como filho.

Por mais assustador que pareça, não sinto falta deles, mas sim de alguns momentos que vivemos, como quando papai contava as estrelas comigo, ou quando mamãe me ensinava a cozinhar várias receitas para que eu cozinhasse pra ela depois.

Eu me sentia especial nesses raros, bem raros momentos.

As vozes das crianças e bolas batendo me arrancam das lembranças. Hoje é o aniversário de dez anos da filha de uma vizinha dos Hoffman e Nicolas insistiu para que eu viesse, mesmo que seja Lily a amiga da aniversariante.

Na verdade, não sei bem se são amigas, porque Lily está sentada sozinha enquanto as garotas brincam no gramado com bonecas.

Me afasto da churrasqueira e da cerca, onde Nicolas e outros caras conversam, servindo as esposas. Há várias mesas espalhadas ao redor e a nossa é exatamente onde Lily está, usando um vestido vermelho muito formal pra sua idade, com um laço grande na cintura.

Devoro o último pedaço pedaço de carne e observo Lily com curiosidade.

Jogo o palito fora e escondo as mãos nos bolsos da calça, não querendo que alguém veja os machucados nos meus pulsos e me encha o saco com perguntas.

Ao me aproximar, Lily ergue os olhos confusos para mim.

- O que você quer?

Suas sobrancelhas finas se encontram no centro da testa. Sua grosseira não me surpreende.

- Por que está sozinha? - pergunto e ela abaixa a cabeça, fazendo alguns fios do cabelo preso cairem pelas laterais de seu rosto.

- Por que se importa?

Ela volta a olhar pra mim, enfiando um docinho na boca, em seguida outro e outro.

Todos os Nossos Espinhos -  Paixões Perigosas, livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora