27. Não dito

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— Eu preciso de uma gravata.

Isso foi tudo que Harry disse para dar uma olhada no infame guarda-roupa de Draco. Seus olhos estavam arregalados de admiração pelas fileiras de camisas, calças, suéteres, roupões, prateleiras cheias de sapatos, cachecóis, joias, e tudo estava arrumado com tanta precisão e cuidado que ele não ousou entrar sem permissão. Draco o empurrou para dentro da sala sem alarde, murmurando, — Não é tão ruim assim.

— Você viu meu armário? — Harry exclamou. Seu armário não era realmente um armário, para ser justo. Era apenas um armário e um monte de gavetas cheias de camisas e calças que ele comprou há mais de dez anos. Camisas e calças perfeitamente boas também, pensou ele. Mas quando chegou a hora do tumulto anual do Ministério, ele teve que tirar o traje black-tie que guardava no fundo do guarda-roupa, sacudir as traças e usá-lo a contragosto. Este ano, ele de alguma forma perdeu a gravata. Ele ficou na frente das fileiras de gravatas de todas as cores e formatos cuidadosamente penduradas em ganchos.

— Você é demais.

Draco não comentou. Ele sabia que era demais. Ele puxou uma gravata borboleta preta de um prendedor.

— Você poderia simplesmente ter transfigurado um para você — disse ele enquanto virava Harry para encará-lo. — Você não precisava vir até aqui.

— Eu suponho. — Harry ergueu o queixo para dar a Draco melhor acesso para amarrar. Ele olhou para o lustre dourado no teto do armário. Esta mansão estava cheia deles. Que elaborado. — Você não usa um décimo dessas coisas.

— Então?

— Então... nada, eu acho. — Harry não estava ansioso por essa festa em que ele deixou Hermione envolvê-lo. Todos os anos, ele era culpado de participar de um evento de caridade, de uma celebração da vida ou de uma festa de gala organizada pelo Ministério da Magia. Uma vez o Menino-Que-Sobreviveu, sempre o Menino-Que-Sobreviveu, mesmo depois de quinze anos. Ele teria que se misturar com bruxas e bruxos cujos nomes prontamente esqueceria, fingir estar interessado em políticas sobre as quais não tinha influência e geralmente estar disponível para fotos da imprensa quando apertasse a mão de inúmeros dignitários.

— Eu gostaria de não ter que ir. — Harry soltou um suspiro martirizado. — É terrivelmente chato. Quase insuportável. Mas alguém tem que fazer isso.

— A vida é tragicamente injusta.

Harry sorriu. Ele conhecia os sentimentos de Draco sobre seu "status de celebridade". Não interessado.

— Você poderia simplesmente ter usado magia — disse ele assim que a gravata foi amarrada nele. Ele inclinou o queixo para encontrar o olhar de Draco.

— Eu suponho. — Draco ajeitou o paletó de Harry e recuou. Ele não via Potter com uma roupa assim desde que eram crianças. Ele ficava bem. — Você deveria usar isso com mais frequência.

— Não, obrigado. — Harry deslizou um dedo entre o colarinho e a garganta para afrouxar o laço disfarçado de roupa formal. — Você gostaria de ir?

— Onde?

— Comigo.

Draco estava confuso.

— O que?

— Você gostaria de ir comigo? — Harry perguntou.

A princípio Draco ficou tão surpreso que não sabia o que dizer. Se essa não fosse a coisa mais ultrajante que ele já tinha ouvido...

— Se você quer exibir um troféu, está latindo para a árvore errada.

Harry arqueou as sobrancelhas teatralmente.

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