08. Sussurros do passado

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Certa tarde, no frio de janeiro, Harry estava voltando do recreio quando foi chamado à recepção para receber uma mensagem. Depois de garantir que todas as crianças estavam registradas, ele foi até lá e pegou um bilhete da secretária. Ele franziu a testa por um bom minuto, ignorando os olhares interrogativos que recebia de todos no corredor, antes de enfiar o pergaminho no bolso e voltar para a aula.

Enquanto as crianças eram colocadas para dormir, ele se ajoelhou ao lado de Scorpius, que estava ocupado afofando o travesseiro e escovando cuidadosamente os lençóis. Depois de alguns meses observando o menino realizar os mesmos rituais, algumas das crianças que dormiam ao seu redor também começaram a fazer o mesmo, "arrumar a cama" antes da hora da soneca.

— Ei, amigo — Harry disse enquanto Scorpius se acomodava no travesseiro. — Seu pai perguntou se você poderia ficar na minha casa por algumas horas depois da escola. Algo aconteceu, então ele está atrasado.

— Mas Nanna vai me buscar.

— Ela está de férias, lembra?

— Oh, tudo bem.

— Bom — Harry sorriu. — Talvez devamos invadir o quarto de Teddy em busca de alguns livros.

Naquela noite, após o término das aulas, Scorpius permaneceu na sala de aula enquanto todas as outras crianças deixavam o local. Ele observou Harry arrumar as mesas e cadeiras com Gabrielle limpando o quadro negro e guardando todos os livros. No fundo de sua mente, ele sentiu uma preocupação incômoda desviando sua atenção, mas ele a rejeitou. Ele não se importava de visitar a casa de Harry novamente. Ele ainda não a havia explorado e parecia uma casa que guardava muitos segredos. Ele estava um pouco confuso sobre por que seu pai enviaria uma mensagem para Harry.

Ele se levantou do banco quando Harry vestiu o casaco e colocou a bolsa no ombro.

— Pronto para ir? — Harry estendeu a mão. Scorpius aceitou sem dizer uma palavra. A mão de Harry era quente, diferente da de seu pai. Também não era tão suave quanto o de seu pai. Ele agarrou-a com força enquanto saíam do terreno da escola e iam para a rua. A casa de Harry ficava perto da escola, então ele não aparatou. Era um belo dia, todo o gelo da calçada estava derretendo. Scorpius não gostava de gelo. Ele já havia escorregado mais de um punhado de vezes neste inverno. Não foi divertido.

— Você gosta de gelo? — ele perguntou a Harry.

— No chão?

— Hum.

— Não particularmente. Eu não sei patinar.

Scorpius também não sabia. Ele simplesmente assentiu e observou seus pés enquanto se esforçava para acompanhar os passos de Harry. Ele estava acostumado a se apressar. Seu pai sempre andava rápido. Ele estava sempre com pressa. Se Scorpius não se apressasse, ele ficaria para trás. Ele não via a hora de ficar mais alto para não ter que continuar correndo daquele jeito. Ele quase tropeçou em uma rachadura na calçada, mas rapidamente se segurou com um pequeno tropeço. Ah, sim, andar apressado não era nada divertido.

— O que você gostaria de comer? — Harry perguntou a ele.

— Eu não estou com fome.

— Mas talvez você fique com fome quando me ver comer. O que você gostaria? Um sanduíche?

— É disso que você gosta?

— Claro.

— Ok. Vou comer um sanduíche com você.

Ele quase nunca comia sanduíches. Draco não achava que fosse comida de verdade. Em vez disso, ele comia macarrão, caçarola, frango ou peixe. Patricia era muito boa nisso. Scorpius gostou da ideia dos sanduíches. Sempre que via seus colegas comendo, ficava com um pouco de ciúme. Parecia gostoso com geléia vermelha no meio. Ele sempre trazia refogados para a escola. Embora recebesse muitos elogios sobre o cheiro bom de seu almoço, ele olhava com saudade os sanduíches nas lancheiras de seus amigos. Talvez Harry tivesse geleia em casa. Ele esperava que sim.

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