36. Dizer não

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— O que é isso?

Harry colocou a cabeça para fora da árvore de Natal que estava decorando. Rose e Hugo estavam brincando com alguns brinquedos em frente ao fogo crepitante. Hermione estava mexendo em uma guirlanda enquanto Ron pegava pipoca caramelada de uma tigela no sofá. Teddy tinha acabado de entrar na sala carregando uma braçada de cartas. Ele tomou a liberdade de abrir uma e estava fazendo uma careta ao lê-la.

— Isso é meu? — Harry perguntou enquanto se levantava.

— Oh meu Deus — Teddy guinchou. Ele ergueu os olhos horrorizados para Harry e deixou cair a carta dramaticamente, como se ela o tivesse queimado. — Eca, eca, eca. Eu toquei.

Hugo e Rose riram da teatralidade de Teddy enquanto Ron e Hermione simplesmente balançaram a cabeça. Eles estavam acostumados com cenas como essa sempre que Harry e Teddy estavam por perto.

Harry pegou o pergaminho caído do chão.

— Por que você está abrindo minha correspondência? — Ele arrancou o resto das correspondências de Natal das mãos de Teddy. — Do que você está falando? — Ele olhou para a caligrafia elegante da carta altamente ofensiva com a qual Teddy não queria ter nada a ver. Sua expressão suavizou-se quando reconheceu o roteiro. — Oh. — Era de Draco.

— Hum? — Hermione ergueu os olhos da guirlanda e ergueu uma sobrancelha para Harry. — O que é?

Harry a ignorou e olhou feio para Teddy.

— Não abra minhas cartas, seu pirralho.

Teddy assumiu uma postura defensiva, com as mãos nos quadris e os pés plantados diretamente no tapete.

— Achei que vocês dois não iam mais sair — ele retrucou.

Harry cerrou os dentes, fechando a boca. Ron e Hermione trocaram um olhar. Escondendo seu aborrecimento, por pouco, por trás de um grunhido baixo, Harry se afastou deles enquanto embaralhava as cartas em uma pilha organizada e começava a sair da sala.

— Bem? Você não vai ler? — Teddy seguiu logo atrás.

Harry podia ouvir a conversa silenciosa de seus amigos enquanto se afastava da sala de estar com Teddy a reboque.

— Você não deveria ler a correspondência das pessoas. — Ele entrou em seu escritório apertado. — É uma invasão de privacidade e você pode se ver em apuros. — Ele jogou as cartas na mesa já bagunçada. — Espero que você não saia por aí abrindo as cartas dos seus amigos em Hogwarts. — Ele franziu a testa em reprovação para Teddy, que estava na porta mastigando o polegar. — Você é um incômodo hoje em dia.

Teddy engasgou.

— Como você ousa? — Ele limpou o polegar nas calças e apontou um dedo acusatório para Harry. — Você está me incomodando com sua vida amorosa.

— Só porque ninguém vai namorar você, não significa que eu tenha que me sentir infeliz com você, Edward Lupin.

Teddy engasgou novamente.

— A ousadia! — Ele não conseguia acreditar. — Que muita coragem da sua parte, Harry Potter! Eu sou o único por aqui cuidando de você! E este é o agradecimento que recebo? — Ele ergueu os braços para o alto, ergueu o nariz para Harry e saiu de vista.

Não era um momento de tédio... Harry revirou os olhos enquanto se sentava na beirada de sua mesa bagunçada e pescava o pergaminho arrumado debaixo da pilha de envelopes. Ele começou a ler.

Prezado Harry,

Espero que esta carta te encontre bem. Há muitas coisas que quero dizer a você. Coisas que talvez eu devesse ter dito antes. Seria melhor dizer pessoalmente.

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